O wapixana Leandro de Castro Pereira apega-se à sabedoria de seus antepassados para pescar sem lança nem rede. Morador da Maloca Malacacheta, nas imediações de Boa Vista (RR), Leandro macera as folhas de uma planta chamada cunani, faz uma espécie de bolinho e, depois, o espalha sobre a água. “Os peixes ficam doidos. Começam a saltar e, daí a pouco, morrem”, diz. “É só pegar e comer, como já faziam os antigos. O cunani não suja a água nem ofende a carne do peixe.”
O bioquímico inglês Conrad Gorinsky, que viveu até os 17 anos junto a comunidade dos wapixanas patenteou o princípio ativo do cunaniol, registrado pelo químico como polyacetylenes, obtido do arbusto Cunani (Clibatium sylvestre). A substância é apontada como um poderoso estimulante do sistema nervoso central, um neuromuscular capaz de reverter quadros de bloqueio do coração. As patentes tratam de derivados de polyacetylene, especialmente derivados de tetrahydro pyranol, conhecidos como cunaniols e seus derivados. Indicações de Usos: anestésico local rapidamente reversível ou estabilizador da membrana cardíaca e geralmente como um agente para recuperação coronária reversível ou um ativo neuromuscular ou um neuroativo para amplas funções. Mas o químico Gorinsky não quer pagar nada às tribos indígenas que forneceram esse conhecimento, no caso, os índios wapixana, de Roraima, nem ao governo brasileiro. A Funai (Fundação Nacional do Índio) já está tentando anular a patente no Reino Unido.
O mercado de remédios baseados em plantas movimenta anualmente US$ 32 bilhões, segundo estimativa da ONU. É muito mais barato extrair uma substância de um vegetal do que criar remédios sintéticos. Um só remédio pode render até US$ 4 bilhões por ano. A proporção de medicamentos com origem natural cresceu 35% desde a década de 70. Cerca de 60% das drogas introduzidas nos Estados Unidos de 1989 a 1995 têm origem natural. Esses medicamentos são extremamente importantes para o combate ao câncer.
Fonte: http://www.zaz.com.br/istoe/brasileiros/2000/01/13/000.htm
http://www.socorrogomes.org.br/publicacoes/separatas/separata_bio5.html
acesso em janeiro de 2002