Uma nova técnica de tratamento de esgotos industriais pode ser a solução para dois problemas em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife. Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desenvolveram um método de filtragem de metais pesados a partir das algas marinhas mortas que se depositam na areia das praias – o sargaço. Além de ser uma alternativa barata no tratamento dos resíduos, a técnica estimula o turismo local. As algas dão um aspecto de sujeira às praias, provocam mau cheiro e espantam os frequentadores. O sargaço é recolhido das praias e passa por uma secagem. Em seguida, é triturado e submetido a um processamento químico para poder ser utilizado como base para a filtragem. Os principais metais retidos pelas algas são o chumbo, o zinco e o ferro, que são altamente poluentes. Depois de filtrados, eles podem ser reaproveitados, assim como o próprio sargaço. “O método retém de 80% a 90% desses metais”, diz o oceanógrafo Zanon Passavante, que coordena o projeto junto com as engenheira químicas, Marta Duarte e Valdinete Lins.
Atualmente, as algas estão sendo recolhidas da praia de Piedade, em Jaboatão. Coletam-se, em média, 23,5 toneladas por mês. “Em algumas épocas do ano, coleta-se menos, em função de correntes marinhas e ventos”, explica o pesquisador. Do total recolhido, parte foi encaminhada a uma empresa, que já está usando a técnica de filtragem dos resíduos. O possível impacto ambiental provocado pela retirada das algas é insignificante, pois as plantas recolhidas na areia já estão mortas e dificilmente retornariam à água. “Haveria impacto se as retirássemos do mar. Na areia, elas só causam transtornos para os frequentadores da praia”, garante Passavante. Atualmente, os pesquisadores estão avaliando a quantidade de sargaço disponível para o uso em larga escala. O próximo passo será otimizar a capacidade de absorção das algas.
Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n087.htm
acesso em janeiro de 2002
Cronologia do Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasileiro, 1950-200, MDIC, Brasília, 2002, páginas 353