Meio Ambiente

Recuperação de Solos

Uma ‘parceria’ entre bactérias e árvores está possibilitando o reflorestamento de áreas degradadas no Brasil. Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia sediada em Seropédica (RJ)  desenvolveram uma técnica para recuperar a formação vegetal de áreas com solo empobrecido e encontraram uma solução barata e eficiente de recuperar essas regiões em pouco tempo. Através de uma associação natural entre bactérias e árvores leguminosas (como o angico, o maricá e o pau-jacaré), os cientistas estão desenvolvendo mudas de plantas mais resistentes às condições adversas causadas pelo solo infecundo. E essas mudas são responsáveis por estabelecer o processo de sucessão natural da vegetação nas áreas degradadas.

 

“São áreas onde a natureza não consegue mais responder por ela própria”, resume Eduardo Campello, engenheiro florestal da Embrapa, que desenvolve o projeto com os pesquisadores Avílio Franco e Sérgio Faria. Para recuperá-las, os cientistas potencializaram um associação natural, chamada simbiose, existente entre bactérias e leguminosas. A simbiose é uma troca entre seres vivos, proveitosa para ambos os lados: as bactérias do solo fornecem à árvore nitrogênio retirado do ar, enquanto recebem carboidratos oriundos da fotossíntese. A técnica desenvolvida pela equipe consiste em otimizar essa associação. O grupo seleciona as linhagens de bactérias mais eficientes e produz mudas de árvores associadas a essas bactérias. Após uma seleção das melhores mudas, as leguminosas são plantadas em viveiros e depois encaminhadas a áreas degradadas. As árvores desenvolvidas pela Embrapa já foram plantadas em regiões afetadas pela mineração no Pará, algumas cidades do Nordeste e em áreas de encosta do estado do Rio de Janeiro.

A própria natureza deu a pista aos pesquisadores, que só precisaram potencializar as relações entre as leguminosas e as bactérias. Com a nova técnica, não foi somente a capacidade de recuperação da cobertura vegetal aumentou. Outras espécies de árvores, mais difíceis de ser reintroduzidas no ambiente, foram favorecidas pela capacidade de regeneração das leguminosas. Isso quer dizer que a implantação das leguminosas criou um ambiente propício para outras árvores germinarem, e assim diminuiu o tempo de recuperação da cobertura vegetal, a chamada sucessão natural. Além do ‘enriquecimento’ com bactérias, os pesquisadores também utilizam fungos micorrízicos, que também vivem no solo e se associam não só com as leguminosas, mas também com outras árvores. Esses fungos são responsáveis por aumentar a capacidade de absorção de fósforo e água na planta, além de lhe conferir mais resistência a situações de estresse ambiental. Sem essas características, a planta necessitaria de cuidados mais específicos, como boas condições climáticas e adubação especial. Assim, a dupla associação entre bactérias e fungos oferece à planta a capacidade de se reproduzir em ambientes degradados e, dessa forma, promover o reflorestamento de outras espécies de árvores.

 

Fonte:

http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n060.htm

 

acesso em fevereiro de 2002