A FK-Biotecnologia S/A foi fundada em 17 de junho de 1999, e está instalada na Incubadora Tecnológica da Fundação de Ciência e Tecnologia (CIENTEC) em Porto Alegre. A empresa foi concebida para atuar em pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de produtos biotecnológicos. Seu principal executivo, o médico e Ph.D. em Biotecnologia, Fernando Thomé Kreutz, atua em conjunto com uma equipe de profissionais experientes e dinâmicos envolvidos nas diversas atividades da empresa. Vale destacar que a empresa é pioneira no desenvolvimento de imuno-ensaios no país. A FK-Biotecnologia foi a primeira empresa de biotecnologia a ser capitalizada pelo Fundo RSTEC, administrado pela Companhia Riograndense de Participações(CRP), atraindo R$ 625.000,00 em capital de risco. Desta forma a FK transformou-se na primeira empresa de Biotecnologia no país a ser capitalizada com esta modalidade de recursos. A empresa foi selecionada para o segundo Venture Forum realizado em Porto Alegre em dezembro de 2000.
A vacina contra o câncer, envolve médicos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Fundação Soad, Departamento de Biofísica, os Centros de Biotecnologia da Universidade Federal do RGS e da Universidade Luterana do Brasil, sendo encabeçadas pela FK Biotecnologia, empresa incubada da Fundação de Ciência e Tecnologia, Cientec. A técnica utilizada, é similar a desenvolvida contra melanomas. Cada vacina é preparada individualmente, com os médicos injetando no paciente células do próprio tumor. A pesquisa está sendo avaliada pelo Comitê de Ética do HCPA. Sua liberação determinará imediatos testes em pacientes, sendo a estimativa de três anos de análises.
A solicitação de patente (PI 0001029-4) refere-se a um “processo de transformação de células tumorais visando à preparação de vacina autóloga para o tratamento do câncer”. O processo consiste em se recolher tecido tumoral e submetê-lo a fragmentação, cujas células assim separadas são colocadas em cultura RPMI-1640, ou outra, adicionado de suplementos, constituídos de soro bobino fetal, glicose, insulina, antibióticos e outros. Após se estabelecerem em cultura serão incubados com Interferon IFN por setenta e duas horas e irradiadas com dose letal e criopreservadas. O processo biotecnológico para fabricação da vacina consiste no aumento da expressão de moléculas presentes em células tumorais, de modo a fazer com que o sistema imunológico do paciente passe a detectá-las. A substância estimula as células de defesa a atacarem apenas o tumor, poupando os tecidos saudáveis, o que a transformaria em um recurso menos agressivo que a terapia convencional. A técnica é similar à usada para desenvolver vacinas contra os melanomas, já aplicada nos Estados Unidos e Europa. Cada vacina é preparada individualmente: os médicos injetam no paciente células do próprio tumor. Inicialmente, por meio de uma pequena cirurgia, são removidas células cancerosas. Em seguida, são selecionadas, congeladas e submetidas a uma solução química. A partir daí, elas deixam de ser reconhecidas pelo sistema imunológico como integrantes do organismo e são atacadas como se fossem vírus ou bactérias.
Após graduação e mestrado no Brasil, Fernando Thomé Kreutz , fez doutorado no Canadá, depois trabalhou numa indústria de biotecnologia no Canadá por quase dois anos e voltou ao Brasil. Então, pensou: “Vou criar uma empresa de biotecnologia”. A empresa foi concebida formalmente em agosto de 1999. Em dezembro do mesmo ano recebemos o primeiro aporte de recursos FK através de um angel investor. Angel investor é alguém que acredita que o seu projeto é bom, que tem um futuro econômico e coloca recursos. É uma operação muito complicada do ponto de vista de efetivar, uma relação quase que pessoal. Após isso, eu tinha uma bela idéia, um belo conceito que, através de um plano de 15 páginas, coloquei debaixo do braço e bati à porta do investidor de risco. Em conseqüência, transformei aquele plano de negócio de 15 em 150 páginas. Tivemos, a partir dessa negociação – poderia falar horas sobre isso –, uma primeira rodada de capitalização.
A FK Biotecnologia transformou-se, então, na primeira indústria de biotecnologia no Brasil a receber capital de risco, uma operação aprovada em maio de 2000 por este fundo RS-Tec que é administrado pela Companhia Riograndense de Participações. Em conseqüência dessa capitalização, houve a transformação da FK em sociedade anônima de capital fechado. Portanto, não dá para comprar ações da FK no mercado ainda. Essa transformação aconteceu em setembro de 2000. A estrutura da empresa, seus recursos humanos, é formada por dois doutores, um mestre, duas pessoas com nível de pós-graduação, além de pessoal técnico, administrativo, comercial, de vendas e estagiários que totalizam seis pessoas.
Oitenta por cento do nosso orçamento é investido em pesquisa e desenvolvimento. Indústria de biotecnologia é aquela em que é na pesquisa e no desenvolvimento que se deve injetar recursos. Quanto ao orçamento da FK no último ano, por um lado fico contente, por outro triste, pois foi idêntico ao valor investido em biotecnologia no Estado do Rio Grande do Sul pela FAPERGS. Isso mostra, obviamente, que, por parte da empresa, estamos investindo muito na questão tecnológica; por outro lado, em nível de instituição, no âmbito de governo, é muito pouco o que se tem investido. Se pensarmos em produtos de biotecnologia, existem várias fases de trabalho: o descobrimento, que é a pesquisa; o desenvolvimento, que é transformar aquele descobrimento realmente em um produto; a troca de escala – produzir um kit como teste piloto é muito diferente de produzir 100, 1.000 ou 10.000 kits – quer dizer, essa mudança de escala, o scaling up, é uma operação tecnológica que envolve engenharia e deve ser bem avaliada.
A FK tem como característica possuir a sua própria tecnologia. O core business da FK Biotecnologia é a tecnologia de que dispomos. Qual é essa tecnologia? Produção de anticorpos monoclonais – tecnologia que tem quase 30 anos e que, daqui a 50 anos, certamente continuaremos usando-a, não mais através de imuno ensaio, mas por meio de biossensor. Produção de anticorpos bi-específicos, que é um avanço mais técnico, mas que nos dá um diferencial tecnológico, metodologia. Aplicação in vivo de anticorpos. Cresci do ponto de vista científico ouvindo falar desta tecnologia nos Medic Bulletins e depois, na década de 1990, desapareceu e agora temos visto anticorpos sendo utilizados na clínica. Hoje, o faturamento do anticorpo que é usado para tratamentos de linfoma, o anti CD-20, é de meio bilhão de dólares/ano. Nada desprezível.
Temos um pedido de patente dessa vacina autóloga que foi encaminhado ano passado e estamos fazendo esse acompanhamento. Esse pedido de patente é internacional, via PCT. E aqui uma coisa que me chocou: o pedido da FK via PCT, que foi realizado em abril de 2000, tem o número 45; quer dizer, até abril do ano passado, o Brasil encaminhou 45 pedidos via pedidos internacionais. Isso é muito pouco. A patente que temos, a patente da vacina autóloga, é uma patente exclusiva da FK. Não há participação da universidade nessa patente. Eu não sou pesquisador da universidade, não tenho vínculo empregatício com a UFRGS. Tenho uma interação justamente através da FK, o que para mim, do ponto de vista da empresa, é mais interessante até pela questão de propriedade. Capital de risco no Brasil existe. Se me perguntarem se faltou dinheiro para a FK – ela até hoje não recebeu nenhuma verba de agência de fomento estadual ou federal – minha resposta é não. Até hoje não faltou dinheiro para a FK. Onde buscamos recursos? De capital de risco.
Fonte:
http://www.fkbiotec.com.br/historia.htm
http://www.canalzero.com.br/c1_cie.htm
http://www.fapesp.br/capa606.htm
http://www.nepi.adv.br/news/empresa_pede.htm
acesso em abril de 2002
Agradeço a Fernando Kreutz pelo envio da foto em julho de 2004