Cassiopéia foi a primeira produção de um longa-metragem em todo o mundo de origem virtual, ou seja, 100% modelado, animado e com imagens geradas totalmente por computador, foi o primeiro trabalho puramente computacional, sem escaneamento exterior de imagens ou vetorização de modelos reais ou misturas com outras técnicas. Este filme de 80 minutos inaugurou uma nova fase no cinema, pois foi o primeiro filme a estabelecer métodos, conceitos, sistemas, formas e linguagem dentro desta nova tecnologia, e despertou para o mundo a possibilidade de execução de um produto desta natureza. Isto torna o Brasil um país pioneiro do cinema virtual. O filme conta a história de um grupo de robôs e sua luta para defender Atenéia, um dos planetas do sistema Cassiopéia, dos ataques do vilão Shadowseat. A trama é simples e ingênua, apropriada para crianças, mas o caprichado trabalho de animação em 3D cativa a atenção dos adultos.
Os protagonistas de Cassiopéia são quatro simpáticos humanóides: Chip, Chop, Feel e Thot que aventuram-se pela galáxia, enfrentando vários perigos para tentar salvar Atenéia. Os personagens possuem características e funções específicas dentro da nave que os transporta nesta odisseia. Chop é o capitão e piloto, Feel e Thot monitoram o espaço a percorrer e Chip é o artilheiro, que proporciona as mais cômicas situações. A astrônoma Liza cuida no laboratório principal de Atenéia, de todos os assuntos ligados à vida científica do planeta. No caminho dessa aventura, nossos heróis encontram Leonardo, um simpático cientista de um planeta pouco desenvolvido (personagem baseado no espírito criativo de Leonardo da Vinci) que proporciona vários momentos de alegria e surpresas com suas invenções malucas.
A produção de Cassiopéia começou em janeiro de 1992 com o modelamento dos ambientes e dos personagens, e com a criação da história e do roteiro. A partir de janeiro de 1993 foi iniciado o processo de animação. O trabalho de geração de imagens terminou em agosto de 1995. A trilha sonora foi completada em dezembro de 1995. A primeira cópia ficou pronta em janeiro de 1996. Foi utilizado o software Topas Animator, produzido pela Crystal Graphics, e utilizadas máquinas 486 DX2-66. Cassiopéia exigiu uma equipe de apenas sete animadores em computador, três animadores tradicionais, que foram diretores de animação e alguns outros em regime free-lancer.
Foram quatro anos para lançar um filme que poderia ter sido feito em dois anos e meio. Cassiopéia custou apenas US$ 1,5 milhão. Quando a Disney ouviu falar do filme, Cassiopéia já estava com quarenta minutos prontos. A Disney tinha se afastado da ideia de animação computadorizada depois que Tron (EUA, 1982, de Steven Lisberger) fracassou nas bilheterias, mas quando eles souberam da produção de Clóvis, investiram US$ 50 milhões para sair na frente e lançaram uma forte campanha de marketing, dizendo que Toy Story (EUA, 1995, de John Lassiter) era o primeiro filme totalmente criado em computador. Contudo, Cassiopéia foi pioneiro, e além do mais a Disney usou modelos em argila para criação antes do computador, enquanto Cassiopéia foi todo criado em computador.
Outro grande desafio da produção foi encaixar o filme na programação das redes de cinema no Brasil. O filme só foi exibido na época das olimpíadas de Los Angeles, quando a frequência de espectadores era menor. Na palavras de Clóvis: “estabelecemos uma fórmula, e de repente eu me senti como se estivesse desbravando o Oeste numa diligência e fosse atropelado por uma Ferrari”.
Fonte: http://www.esfera.net/000/cine-cvieira.htm
acesso em dezembro de 2001
http://www.mci.org.br/historia/cassiopeia/cassiopeia.html
acesso em agosto de 2002
Revista Micro sistemas, ano XIX, n.156, página 8