Um novo modelo de cureta desenvolvido na Unifesp permite maior precisão e segurança aos médicos em cirurgias de adenoide, também conhecida como carne esponjosa. O aparelho, mais curvilíneo e anatômico que o usado atualmente, foi apresentado em setembro no congresso norte-americano “The Nose 2000 and Beyond”, em Washington, como uma nova técnica para ser usada com o auxílio de um endoscópio nasal. “A cirurgia de adenoide era a única na área de otorrino que era feita às cegas, por meio de apalpações”, explica o professor de Otorrinolaringologia da Unifesp e chefe do Setor de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Onivaldo Cervantes, um dos criadores da nova técnica. “Com a antiga cureta você operava sem ver o que estava tirando, porque ela é mais reta e não acompanha a curva da faringe”. Segundo ele, o modelo antigo aumenta o risco de deixar restos de adenoide e provocar uma hemorragia ou lesões que podem afetar a audição.
A nova cureta, produzida também pelos médicos Plínio Morgado e Luciano Neves, foi usada em 20 pacientes de 4 a 8 anos. Além de proporcionar um melhor ângulo de trabalho e mais segurança ao médico, o equipamento garantiu aos pacientes uma cura de 100% , sem complicações durante a cirurgia. Essas complicações ocorriam em até 14% dos casos atendidos. “Todas as vezes que fazíamos uma extração de adenoide pensávamos que deveria existir uma maneira mais simples e segura de fazer esse tipo de curetagem”, conta o médico. “Foi à dificuldade que nos fez pensar em um modelo mais arredondado e anatômico de cureta e conciliar com a ajuda de um endoscópio nasal, antes só utilizado em cirurgias de sinusite, por exemplo”. A adenoide tem uma função similar à das amígdalas. Ela protege a parte superior da faringe, que inclui o fundo do nariz, contra infecções bacterianas ou virais. Infecções frequentes, como sinusites crônicas, são uma das causas que podem causar o aumento do tamanho da adenoide, dificultando a respiração e, em alguns casos, afetar a audição, devido a um estreitamento da tuba auditiva. “Qualquer pessoa pode ter adenoidite, porém o problema costuma afetar mais as pessoas na infância”, explica o médico residente Luciano Rodrigues Neves, um dos responsáveis pela nova técnica. “Como seus sintomas são semelhantes aos de uma gripe, as mães às vezes não identificam o problema logo no início e a criança tem a audição comprometida com o aumento da adenoide”.
Fonte:
http://www.unifesp.br/comunicacao/jpta/ed148/pesqui1.htm
Acesso em janeiro de 2003