Foi desenvolvida uma técnica inovadora que possibilita o controle da estrutura molecular do plástico durante sua produção. O método foi elaborado por Márcio Nele, aluno de doutorado da Coordenação de Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), orientado pelos professores José Carlos Pinto e Marcos Dias. A técnica permite produzir plásticos com propriedades diferenciadas e adequadas para usos variados, inclusive em escala industrial.
O plástico é um polímero – uma longa cadeia molecular composta por seqüências de uma mesma pequena molécula. Esses ‘motivos’ que se repetem são chamados monômeros, e são ligados entre si por meio do processo de polimerização. Atualmente, o plástico é produzido em reatores com a ajuda de um catalisador chamado Ziegler-Natta. O processo gera vários tipos de polímeros de uma só vez e não permite um controle eficiente do arranjo espacial das moléculas, importante para adequar o produto a sua função – diferentes usos requerem plásticos com organização molecular diversa.
A técnica desenvolvida por Márcio Nele adota um novo catalisador (um composto orgânico metálico chamado metaloceno) e lança mão de um modelo matemático que permite prever a estrutura molecular do polímero e controlar a seqüência de monômeros. “O metaloceno possibilita construir polímeros de acordo com a função específica do plástico”, diz o pesquisador.
Até aqui, Nele tem adotado a técnica para produzir em escala experimental polímeros chamados poliolefinas – o tipo de plástico mais consumido no mundo. Elas são usadas para produzir materiais medicinais como seringas e embalagens de soro, canudos, tupperwares, pára-choques e painéis de automóveis, entre outros. “Esse tipo de plástico tem a vantagem de ser reciclável e barato”, diz Nele.
“As poliolefinas obtidas com o novo método apresentam maior resistência a impactos e trações, além de serem mais transparentes e inodoras, ideais para embalagens de alimentos”, diz Nele. Uma outra vantagem seria o fato de o método não exigir grandes modificações no processo de produção de poliolefinas. O pesquisador acredita que a nova técnica possa levar à substituição de certos tipos de plástico. “O PVC, por exemplo, é um material nocivo para o meio ambiente e que pode ser substituído por poliolefinas, que são recicláveis”, diz.
A técnica desenvolvida por Nele rendeu-lhe em abril de 2001 o primeiro lugar no Prêmio Nacional de Pós-graduação, concedido por uma empresa petroquímica e pela Associação Brasileira de Engenharia Quimica (ABEQ). Segundo o pesquisador, a próxima etapa do estudo será a produção de plástico a partir da nova técnica em escala semi-industrial.
Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n336.htm
acesso em fevereiro de 2002
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