A empresa Nanoita, vinculada à Incubadora Tecnológica de Ponta Grossa (IntecPonta) e formada por pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), conquistou o primeiro lugar na competição “Idea to Product”, disputada na Universidade do Texas, em Austin, no último final de semana. A participação da empresa universitária na fase mundial se deu após vencer a etapa latino-americana, quando disputou com outras 27 participantes. O destaque da empresa reforça a qualidade e o potencial da região para pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico, que deverão ser reforçados após a instalação do Parque Tecnológico.
Coordenada pelo pesquisador e empreendedor Sergio Mazurek Tebcherani, e liderada pelo doutorando Thiago Sequinel, atualmente na Universidade Estadual Paulista (UNESP), a equipe Nanoita é responsável pela criação, produção e comercialização de cerâmicas de revestimento (pisos e azulejos) impregnadas com agentes bactericidas. O diferencial da proposta está no método de produção das peças, que utiliza tecnologias inovadoras a partir de nanoestruturas. As técnicas são patenteadas e detêm domínio de propriedade industrial. As cerâmicas desenvolvidas visam atender espaços como hospitais, clínicas, laboratórios, entre outros. Além de Thiago, que defendeu o Brasil na fase mundial do concurso, integram o grupo Sergio Tebcherani (coordenador), José Arana Varela – Unesp – (orientador de doutorado de Sequinel), Elson Longo -Unesp – (responsável pela caracterização do produto), Silvana Souza Netto Mandalozzo – UEPG – (responsável jurídica), João Luiz Kovaleski – UTFPR – (responsável pela transferência tecnológica do produto) e o empresário Gustavo Ângelo Mandalozzo (Itajara Minérios).
Através da conquista do prêmio, a empresa Nanoita proporcionou visibilidade e reconhecimento internacional a Ponta Grossa e à UEPG. “A experiência serve ainda como estímulo a outros pesquisadores para que busquem apoio junto às empresas, à Incubadora, deixem o mercado conhecer as ideias e os produtos”, diz. A próxima etapa, segundo o coordenador do projeto, Sérgio Tebcherani, é buscar mais informações junto aos órgãos apoiadores para desenvolver o plano de negócios. “Também devemos participar de outro evento, ainda mais disputado e complexo, mas não temos as datas definidas”, diz.
Para Sérgio Escorsim, coordenador da IntecPonta e vice-presidente de promoções e eventos da ACIPG, o resultado alcançado pela Nanoita servirá de estímulo para que as empresas busquem o Parque Tecnológico. “Uma ideia incubada pode se tornar uma atividade empreendedora de sucesso. O caminho está à disposição dos empresários aqui na cidade”, diz. Escorsim explica que, ao procurar a IntecPonta, o pesquisador conta com estrutura completa para aprimoramento do projeto e elaboração do plano de negócios. “Há muitos recursos disponíveis de incentivo à pesquisa. Basta ter um bom plano de negócio e saber buscá-los”, fala. Ele lembra ainda que as entidades mantenedoras da IntecPonta (ACIPG, Sebrae, UEPG, UTFPR, Prefeitura Municipal, FIEP, TecPar, CDesponta, CitPar, Sesi, Senai, IEL, Ciep) disponibilizam seus serviços para colaborar na elaboração do projeto. “A ACIPG e outras entidades investem em fontes que rendem frutos para a economia local”, fala.
Com esa invenção o Brasil conquistou em novembro de 2009 pela primeira vez a premiação máxima na competição Idea to Product (Da Idéia ao Produto), que acontece anualmente desde 2001 e é realizada nos Estados Unidos. O projeto vencedor é um processo que transforma cerâmica comum em importante instrumento para controle de infecção hospitalar, por meio de um método mais simples e mais barato que o usual. Desenvolvido pelo grupo de pesquisa interdisciplinar Nanoita, formado dentro da incubadora tecnológica vinculada à UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), ele contou com apoio de R$ 300 mil do Programa de Subvenção Econômica da FINEP. O grupo fez uma parceria com a empresa Itajara Minérios.
A competição busca fazer uma ponte entre as invenções e inovações que surgem no meio acadêmico e a criação de novos negócios e acontece em duas etapas. As equipes têm que apresentar um produto ou uma tecnologia inovadora e única, de modo a atingir as necessidades de um público-alvo específico. Eles são julgados por especialistas em tecnologia, representantes dos patrocinadores com fluência nas áreas específicas e investidores de venture capital.
Após deixar para trás 26 empresas brasileiras na versão latino-americana do Idea to Product, organizada pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, no mês de setembro, em São Paulo, o time partiu para o Texas, onde conquistou o primeiro lugar. O produto do Nanoita foi considerado o melhor entre outros apresentados por 15 universidades da Ásia, Europa, America do Norte e América do Sul. “Esse prêmio coloca o Brasil em igualdade de desenvolvimento com os países de primeiro mundo, mas entendemos que esta conquista não diz respeito somente aos pesquisadores em questão, mas principalmente às ações governamentais que foram aplicadas corretamente”, diz Sergio Mazurek Tebcherani, membro do time vencedor. Ele conta que o desenvolvimento do projeto só foi possível devido ao apoio recebido por meio da Lei da Inovação e do Programa de Subvenção Econômica da FINEP.
O Grupo de Pesquisa NanoITA surgiu a partir do desenvolvimento de equipamento destinado a geração de materiais nanoestruturados. Este equipamento foi denominado de Bomba Calorimétrica Modificada (BCM). Os produtos obtidos a partir desta técnica de síntese vêm apresentando resultados em escala quase que sub-nanométrica (1,4 nm), além da possibilidade de obtenção dos mais diversos óxidos e metais. A Itajara Minérios Ltda vem atuando como parceira em investimento e recursos e traz consigo, empresas de grande porte denominadas de clientes referenciais iniciais, co-responsáveis na aplicação dos nanomateriais em processos industriais, transferência de conhecimentos e informações além de investimento financeiro e futuras divulgações. Por outro lado, o Grupo de Pesquisa NanITA vem agregando pesquisadores das mais diferentes áreas que buscam otimizar e investigar as propriedades intrínsecas e estruturais dos materiais de interesse bem como viabilizar o processo científico, o jurídico e a aplicação da nanotecnologia.
A equipe Nanoita apresentou a idéia da produção e comercialização de cerâmicas de revestimento (pisos e azulejos) impregnadas com agentes bactericidas, em duas formulações: óxido de titânio e estanho e somente óxido de titânio. A titânia já é bem conhecida como forte agente bactericida. O diferencial está no método de produção dessas peças cerâmicas que utilizam tecnologias inovadoras a partir nanoestruturas, das quais o grupo possui o domínio das patentes de propriedade industrial. A comercialização desses materiais está direcionada para atender hospitais e áreas afins. O (INCTMN-CMDMC/UNESP) pesquisa uma série de compostos com ação bactericida obtidos por diferentes processos de síntese. Para informações complementares sobre a ação da titânia ver www.nanox.com.br. O projeto está na fase de protótipo com grande possibilidade de viabilização (afirmam), que poderá gerar uma microempresa spin-off.
Sergio Mazurek Tebcherani possui graduação em Licenciatura em Ciências com Habilitação em Química pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1987) e doutorado em Química pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001). Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual de Ponta Grossa e responde pelos projetos de P&D da Itajara Minérios Ltda. através da Lei da Inovação. Desenvolve linhas de pesquisa associadas às áreas de cinética química, cerâmicas avançadas, síntese e caracterização óxidos inorgânicos microesféricos ocos e também na geração de filmes finos em substratos diversificados utilizando-se elevada pressão. Essas pesquisas são voltadas ao Setor Produtivo e as transferências tecnológicas industriais vão do pólo cerâmico até o alimentício.
Fonte:
http://www.faciap.org.br/portal/noticias/pesquisadores-de-ponta-grossa-vencem-competicao-mundial/
http://www.liec.iq.unesp.br/portal/noticias/ver_noticia.php?notcod=567
acesso em novembro de 2009
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