O urucum é uma planta originária da América do Sul, mais especificamente da região amazônica. Seu nome popular tem origem na palavra tupi “uru-ku”, que significa “vermelho”. De suas sementes extrai-se um pigmento vermelho usado pelas tribos indígenas brasileiras e peruanas como corante e como protetor da pele contra os raios solares intensos. Hoje ele é usado amplamente na indústria alimentícia como corante de diversos produtos.
A empresa Aveda Cosméticos de Rio Branco (AC) vem negociando com comunidades indígenas a extração do pigmento azul do jenipapo bem como o fornecimento e o processamento do urucum para aplicação na formulação de cosméticos. Os índios Yawanawa, no Acre foram os primeiros a fazer um acordo com a Aveda. Teriam recebido US$ 150 mil pôr seu trabalho no fornecimento de urucum. Já os índios Guarani-Kayowa, do Mato Grosso do Sul, teriam obtido US$ 51 mil dólares na extração do azul do jenipapo.
Os índios Yawanawá vivem em três aldeias no Oeste acreano, uma das regiões mais recônditas da Floresta Amazônica. De Tarauacá, que é o povoado mais próximo, até a reserva indígena, são dez dias de barco. Mesmo no isolamento de matas e rios, eles estão conectados ao comércio mundial. Desde 1995, os Yawanawá são fornecedores exclusivos de urucum para a Aveda, empresa de cosméticos naturais dos Estados Unidos, comprada recentemente pela francesa Estée Lauder.
O urucum Yawanawá é usado na fabricação de um batom especial, vendido na Europa e nos Estados Unidos como produto genuinamente natural e de alta qualidade. O pó do urucum está sendo testado ainda num tipo específico de condicionador de cabelo. A inusitada parceria surgiu de forma casual, num encontro na Rio-92, entre o então presidente da Aveda, Horst Rechelbacher, e o cacique Biraci Brasil que, à época, presidia a Organização dos Agricultores e Extrativistas Yawanawá do Rio Gregório. Numa reunião de representantes de organizações não governamentais, o jovem e ambicioso líder dos Yawanawá reclamou da falta de alternativas econômicas dos índios brasileiros.
Horst, que estava na plateia, decidiu propor a parceria. Em 95, provando que o mundo está globalizado, a primeira safra do urucum Yawanawá estava sendo remetida à fábrica da Aveda, em Mineápolis (EUA). Pelo contrato firmado entre as duas partes, a empresa se compromete a comprar todo o urucum produzido pelos índios. Os Yawanawá produzem em média três toneladas de urucum por ano, num terreno de 13 mil hectares, dentro da reserva indígena do Rio Gregori. Os índios vendem as sementes por US$ 2,40 o quilo, mas o pó do produto é repassado à empresa americana por US$ 16 por quilo – preço do mercado internacional. A diferença é que o urucum dos Yawanawá é considerado imbatível em grau de pureza.
Parte da renda do comércio e do financiamento a fundo perdido feito pela Aveda desde 93 foi destinada à construção de escola e posto de saúde e à compra de uma máquina de separar sementes do urucum e de um sistema de uso de energia solar. A Organização Yawanawá, em Tarauacá, ganhou computador e fax e só não foi conectada à Internet porque a cidade, de 26 mil habitantes, não tem provedor. No início da década, os Yawanawá eram pouco mais de 200. Hoje, são mais de 400. Famílias que depois de tentarem a sorte na cidade ou em outras áreas rurais começaram a voltar à tribo, quando descobriram que as condições de vida ali estavam melhorando. Mas nem tudo é festa. O sistema de energia solar está desativado e, não faz muito tempo, a Aveda reclamou da má administração dos R$ 250 mil investidos na tribo desde 93. Para a empresa, nem todos os índios eram beneficiados.
Os Yawanawá e os Katukina são da mesma família étnico-linguística Pano. Ambos dividem mais de 92 mil hectares de terra no rio Gregório. O primeiro contato dos Yawanawá com os brancos brasileiros foi no final do século passado, quando os nordestinos vieram explorar a borracha na Amazônia. O segundo contato foi na década de 70, com os integrantes das Missões Novas Tribos do Brasil.
Fonte: http://www.chpesquisa.hpg.ig.com.br/jornal/indios261100.htm
http://www.amazonialegal.com.br/AmazoniaLegal/textos/Economia_Extrativismo_Vegetal.htm
http://www.ac.gov.br/outraspalavras/outras_7/musica.html
http://www.ervasdositio.com.br/enciclopedia/enciclopedia.asp
acesso em fevereiro de 2002