O inventor baiano José Clarindo Bittencourt, 58 anos, desde o início da década de 80 desenvolve uma linha de alimentos em pó que inclui os pratos baianos acarajé, abará e vatapá, além de uma sopa de feijão, com rendimento superior ao das existentes no mercado e com um preço menor, segundo o inventor. “São todos produtos naturais, sem conservantes e de gosto aprovado”, garante. A conservação é feita pela técnica de desidratação, pré-cozimento e empacotamento a vácuo. Bittencourt quer lançar o acarajé tira-gosto congelado pronto, em embalagens semelhantes às de pão de queijo, para ser preparado no microondas em poucos minutos. Cada pacote com dez miniacarajés deve custar R$ 1,50. Para quem não tem microondas, a opção é a mistura em pó, que precisa ser frita em azeite-de-dendê, como fazem as “baianas de acarajé”.
Bittencourt procura parceiros para montar uma indústria alimentícia com capacidade para fabricar 22 produtos diferentes. O preço do empreendimento deve ficar por volta de R$ 500 mil. O retorno é garantido, conforme o empresário. “Só no carnaval de Salvador deste ano, as baianas venderam cerca de R$ 20 milhões em quitutes, cuja procura em todo o Brasil é enorme”, afirma. A mistura de vatapá seria fornecida para restaurantes que usam a comida como complemento para praticamente todos os pratos baianos. Quanto à sopa, Bittencourt lembra que o mercado é também muito grande. “Somente na Bahia, o consumo de sopa na merenda escolar, por exemplo, é de 250 mil quilos por mês, sendo que o produto comprado pelo governo é 50% mais caro que a minha receita”, garante. “Para cada quilo da receita de sopa usada atualmente na merenda escolar se alimenta nove pessoas. O meu preparado dá para 50, sem perda de qualidade”, diz.
Com formação técnica em contabilidade, o empresário passou a se interessar pelo ramo de alimentação depois de trabalhar na Purina Alimentos, empresa paulista especializada em ração para cães. “Quando morei em São Paulo, observei o grande consumo de alimentos na capital paulista e percebi que esse era um mercado extremamente bom.” A especialização em comida baiana deve-se ao fato de a mãe ter sido professora de culinária baiana do Grupo Pão de Açúcar e vender acarajé, abará e vatapá nas lojas da rede. Foi nessa época que Bittencourt se mudou para Salvador e desenvolveu a tecnologia dos preparados que distribuiu na capital baiana, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará. A idéia de fabricar a sopa surgiu quando trabalhou na Cesta do Povo (rede de supermercados mantida pelo governo baiano, que vende produtos com preços abaixo do mercado). “Fiquei espantado com o alto consumo de alimentos básicos e baratos na Bahia”, disse.
Fonte:
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2001/04/01/eco079.html
acesso em agosto de 2002
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