Nascido no Recife em 1931, Eduardo de Lima Castro Netto terminou no Rio de Janeiro seus estudos na Escola Técnica, logo se estabelecendo como empresário metalúrgico. Revelando desde cedo muita inclinação para a área de engenharia mecânica, Eduardo começou sua carreira instalando relógios em grandes edifícios e igrejas. Aficcionado aos esportes náuticos, um dos seus primeiros inventos foi uma espingarda de ar comprimido para pesca submarina. Seu destino profissional logo tomou, contudo, um outro rumo inesperado e proveitoso, que seria marcado por 33 anos de trabalho intenso. Eduardo faleceu em janeiro de 2000.
Em 1967, no Brasil e no resto do mundo tudo o que podia ser selado (sacos postais, medidores de eletricidade, bombas de gasolina, placas de veículos e uma infinidade de outros itens) levava um selo de chumbo. Buscando peças para seus inventos em sucatas, Eduardo ficou impressionado com a fantástica quantidade de selos de chumbo ali jogados. Considerou o problema tóxico que um produto tão intensamente utilizado provocava e teve então a genial idéia de projetar o primeiro selo de segurança em polipropileno cujas características de inviolabilidade e simplicidade de manuseio haveriam de destronar os selos de chumbo, cujo longo reinado vem pelo menos desde a Alta Idade Média.
O pioneirismo de Eduardo não se prendia só a uma mudança física no conceito de fechamento de segurança, mas avançava por um campo que apenas ensaiava seus primeiros passos, a proteção do meio ambiente, que no caso dos selos de chumbo estava constantemente em cheque. Só muitos anos mais tarde surgiriam as leis condenatórias ao chumbo, como na Califórnia, onde todos os produtos que levam este metal têm que exibir etiqueta de advertência sobre sua toxicidade.
Na sua versão original, lançada em 1967, o primeiro selo plástico ELC era ainda composto por duas peças separadas, com um barbante que as ligava ao objeto a ser lacrado. Esta inovação resultou em um nível de segurança muito superior a qualquer outro sistema conhecido, o que terminou por conquistar os primeiros clientes de peso como a Casa da Moeda, os Correios e o Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO).
Muitas foram as dificuldades nessa fase inicial, em um país onde o inventor não encontra financiamento para suas idéias. Eduardo sempre relembrava que o dinheiro para o registro da patente do selo nos Estados Unidos fora obtido no último dia do prazo disponível e levado àquele país graças à boa vontade de uma aeromoça. Em depoimento no I Seminário Nacional de Propriedade Industrial, em março de 1981 Eduardo declara que teve de esperar onze anos para a obtenção da patente do “Tik”, que obteve em 1978. O processo iniciou-se quando o órgão de patente ainda era o antigo DNPI. O inventor enfrentou muitos problemas em vários países, enfrentando a pirataria internacional, principalmente na França e na Bélgica, onde arcou com elevados encargos advocatícios. Eduardo afirmou que o inventor brasileiro tem dificuldades de encontrar investidores para sua idéia, por duas razões fundamentais, porque na fase inicial de seu invento, quando a exigência de capital é mais elevada, não há garantia das autoridades. Nesta fase qualquer um pode copiar o invento e comercializá-lo, disse, e em segundo lugar há sempre o risco depois de muito tempo, do INPI não conceder a patente. Conclui o inventor que todo o processo no INPI deveria ser mais célere, com o seu termo inicial a partir da data de concessão da patente, como era ao tempo do CPI de 1945, e não a partir do depósito do pedido como é atualmente.
Parceiro de Eduardo Lima e Castro, o chefe de ferramentaria Jonair Almeida destaca o seu empreendedorismo. Coletando material de descarte de ferro velho, com grandes quantidades de chumbo, Eduardo Lima e Castro, quando teve a idéia de elaborar um lacre de plástico visualizando uma grande oportunidade de mercado “se eu inventar um lacre de plástico, ao invés de chumbo” eu irei vender essa quantidade hoje descartada”. Depois de muita persistência conseguiu apresentr sua invenção ao seu primeiro cliente: os Correios.
A ELC introduziu uma nova geração de selos com um conceito totalmente inovador: selos plásticos com numeração em alto relevo, moldados durante o processo de fabricação. Cada selo é identificado pelo seu número de série, da mesma maneira que cada ser humano é identificado pela sua impressão digital. Não existe nenhuma maneira de substituir um selo por outro com a mesma identificação. Paralelamente, a ELC desenvolveu o mais novo sistema de numeração chamado “In Mold Label”, no qual números, código de barras e logomarca do cliente são impressos a laser em papel fundido à lamina do lacre durante o processo de fabricação. Digito verificador e códigos de barras reduzem erros de transcrição a zero, maximizando a segurança.
Hoje a ELC Produtos de Segurança, com sede no Rio de Janeiro e filiais em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e nos Estados Unidos (San Diego, Califórnia) e na Itália (Roma), atende a milhares de clientes no Brasil e no exterior, para onde exporta, não somente um pedaço de plástico, mas sim uma tecnologia 100% nacional, que tem sido uma das maiores responsáveis pela eliminação, a nível mundial, do chumbo como material usado em fechamentos em geral. Podemos assinalar, com orgulho, que nossos produtos foram escolhidos para selar as ogivas nucleares norte-americanas para não falarmos de inúmeras outras aplicações.
Depois que Eduardo Lima e Castro faleceu em 2000, três dos cinco irmãos assumiram os negócios do pai. A empresa expandiu seus negócios e hoje, somente da ferramentaria são aplicados 2 milhões de reais por ano e mais de 500 empregos diretos e a produção destinada a cerca de 20 países. Fonte:
http://www.elc.com.br/portugues/chumbo_1.htm
Propriedade Industrial, José Tavares, página 74
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM834530-7823-HERANCA+DE+INVENTOR+SE+TORNA+UM+GRANDE+NEGOCIO,00.html
acesso em junho de 2008
acesso em março de 2002