Joaquim Ribeiro da Costa foi almirante do Corpo de Engenheiros navais e chefiou a Diretoria de Maquinas. Inventor de seis modelos diferentes de máquinas dos quais dois eram máquinas rotativas, uma das quais possuía uma disposição própria sem escapar a mínima parcela de vapor e funcionando com dois pistons plongeurs. Um terceiro modelo se destinava à navegação e era o movimento de piston angular, com distribuição própria, sem excêntricos e ocupando reduzido espaço. Este modelo foi testado no Havre, França e conquistou para seu inventor a medalha de prata na exposição internacional de novos inventos de 1891 em Paris, e também a medalha de ouro do Clube Naval no Brasil. Um quarto modelo era dotado de distribuição de vapor especial, sem excêntricos e acionada pelo próprio movimento da biela, modelo também premiado com medalha de prata na exposição de Paris citada. Os outros dois modelos de máquinas Ribeiro da Costa eram desprovidos de órgãos de distribuição externa. Um destes modelos foi sujeito a experiências preliminares em uma das lanchas do Arsenal de Marinha e nele a distribuição se fazia por meio do próprio vapor do cilindro acionando dois pistons laterais que determinavam a admissão e a descarga do vapor. No outro modelo cujo privilégio foi cedido a Casa Souther Harlé, de Paris, o vapor era distribuído pelo próprio movimento do piston.
Sobre caldeiras Ribeiro da Costa projetou três modelos sendo um a dois ou três tubos concêntricos com tampões especiais privilegiados, outro de vaporização extra rápida e o terceiro desprovido de chaminé, não produzindo fumaça. O Governo mandou construir na Casa Vickers a caldeira de vaporização extra rápida. Um aparelho para alimentação automática das caldeiras foi também inventado por Ribeiro da Costa. O inventor estudou o aproveitamento do seguimento dos navios a vela como força motora, a navegação submarina ou durante cerração e a salvação de náufragos e de seus estudos resultaram os seguintes inventos: o aparelho elétrico hidráulico, uma lancha quase submersível, os barcos e jangadas salva-vidas, o directiofone (aparelho simples, premiado em Paris em 1900 destinado a indicar a direção a outros navios, durante a cerração) e o regulador de imersão para submarinos. O aparelho hidráulico destinava-se aos navios a vela e aproveitava a velocidade da água correspondente à marcha do navio com o fim de fazer funcionar uma turbina ligada a um dínamo para carregar acumuladores elétricos a serem usados durante as calmarias e entradas de portos. A lancha quase submersível, assim denominada porque não se submergia de todo, era a motor elétrico e tripulada por um só homem destinando-se ao ataque torpédico noturno. O Governo mandou construir uma dessas lanchas, mas o material para isso adquirido foi perdido durante a revolução de 1893.
Os barcos e jangadas salva-vidas Ribeiro da Costa resultaram dos estudos do inventor sobre a grande dificuldade que há em lançar uma embarcação comum ao mar, por ocasião de naufrágio, principalmente quando o tempo não está bom e há vagas. Aquelas embarcações são insubmersíveis, mesmo quando com regular avaria e podem ser lançadas ao mar sem as precauções requeridas para as embarcações comuns, e isso com grande rapidez, pois até cortando-se simplesmente suas talhas elas caem ao mar e tomam logo a devida posição. O barco salva vidas e a jangada destinada a navios para passageiros, foram contempladas em 1900 na Exposição de Paris com a medalha que prata que constituía o melhor prêmio a esse gênero de embarcações. Dois são os tipos dos barcos salva vidas ambos tendo os dois lados, tanto o que fica mergulhado como o superior, completamente iguais de maneira a poderem receber náufragos em qualquer dos lados que sobrenade. Um dos tipos desses barcos é construído a telescópio, isto é pode ser aumentado de tamanho devido a esse particular sistema de construção. Devido a suas dimensões, a jangada salva-vidas é conservada fechada e colocada encostada à amurada do navio em um caixão especial. Em caso de naufrágio, a jangada é retirada para o convés, aberta e nela rapidamente colocadas às diversas travessas que são fixadas por meio de um simples cabo que dá a volta nos pinos de encaixe daqueles.
O engenheiro naval Joaquim Ribeiro da Costa é o pai de Lúcio Costa, arquiteto brasileiro nascido em Toulon, França, considerado líder e maior doutrinador do movimento de implantação da arquitetura moderna no Brasil, consagrado como o criador do plano-piloto de Brasília.
Fonte:
Os inventos da Marinha de Guerra Brasileira, Rogério Augusto Siqueira, Imprensa Nacional, 1923
Acesso em maio de 2003