Física

Reator Nuclear MB-01

No dia 9 de novembro de 1988 o reator nuclear IPEN/MB-01 atingia sua primeira criticalidade (expressão usada para indicar a estabilidade da reação de fissão em cadeia no interior do núcleo). Também conhecida como unidade crítica, à instalação impressiona por suas dimensões e cuidados extremos com segurança. “Era o primeiro projeto nacional de construção de um reator, portanto não podia haver qualquer falha. Tudo foi cuidadosa e minuciosamente estudado”, explica Ulysses d’Utra Bitelli, doutor em Tecnologia Nuclear e chefe do serviço de operação do reator. A instalação surgiu de um acordo de cooperação entre o IPEN e o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo e contou com a colaboração dos institutos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), de firmas projetistas e de indústrias nacionais. Sua construção foi feita entre 1983 e 1988. O objetivo era ter uma instalação experimental para ser usada na área de pesquisa e desenvolvimento. Todos os países que atualmente dominam a tecnologia nuclear fizeram seus desenvolvimentos em reatores baseados em unidades críticas.

 

O reator é constituído de material físsil arranjado de forma a permitir reação nuclear em cadeia autossustentada e controlada a baixos níveis de potência – no máximo 100 watts. A queima de combustível é desprezível, e a água do moderador dispensa refrigeração, pois não chega a aquecer. Com os experimentos realizados é possível comprovar metodologias de cálculo empregadas no projeto de núcleo de reatores. Com o IPEN/MB-01 pode-se realizar testes reais do núcleo no que diz respeito à obtenção de parâmetros nucleares de interesse para a Física de Reatores, como reatividade, distribuição de fluxo e potência. Sua construção e operação tornou-se decisiva para se adquirir experiência no gerenciamento de um projeto tipicamente nuclear, incluindo-se aí todo o processo de licenciamento perante CNEN. A formação e o treinamento de operadores do reator é outra atividade que mantém vivo o interesse pela instalação.

A Marinha tem utilizado a instalação ao longo dos anos, realizando experimentos destinados a conferir parâmetros nucleares que fornecem subsídios ao projeto do submarino nacional de propulsão nuclear. A Marinha do Brasil dispõe também de um centro de pesquisas nucleares, denominado Centro Experimental de Aramar, localizado em Iperó-SP e destinado fundamentalmente ao desenvolvimento de uma usina-piloto de enriquecimento isotópico de urânio por ultracentrifugação; à construção de um reator atômico compacto para estudos voltados à criação de futuros reatores para propulsão naval e, ao desenvolvimento da mecânica de precisão necessária a esses projetos.

 

Fonte: http://www.ipen.br/scs/orbita/reator.htm

 

Acesso em março de 2002