Um dispositivo especial que permite eliminar fungos e bactérias dentro dos aparelhos de ar-condicionado está sendo desenvolvido pela Scientia Tecnologia química (STQ), e deverá ser comercializado no País até o final de 2004. Segundo Carlos Alberto de Carvalho, pesquisador e um dos sócios da empresa, os principais clientes serão as empresas de manutenção de ar-condicionado, que poderão utilizar esse produto ao fazer a limpeza dos equipamentos. Segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), existem cerca de 400 companhias no Brasil que atuam nessa área e movimentam cerca de R$ 1,1 bilhão por ano. E o setor de sistemas de ar-condicionado central cresce cerca de 20% ao ano.
A tecnologia consiste numa pastilha de matriz cerâmica com bioinseticida, que é colocada na água da bandeja interna do ar-condicionado. Carvalho conta que quando o ar do meio ambiente é resfriado pelo equipamento, são liberadas gotículas de água, que caem na bandeja. Se o local não estiver limpo, os microrganismos proliferam e são levados pelo ar para o ambiente, causando doenças. O bioinseticida é liberado gradativamente na água num período de 45 dias, e a pastilha permanece intacta, enquanto os microrganismos ingerem o produto. O dispositivo é formado por bactericidas e fungicidas, que não agridem o meio ambiente nem os seres humanos, segundo a pesquisadora Mariângela de Azevedo, também sócia da pequena STQ.
O projeto recebe financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A pesquisadora Mariângela é coordenadora do projeto para o desenvolvimento dos bactericidas. Já Carvalho coordena a pesquisa da Fapesp. Segundo ele, já foram investidos cerca de R$ 75 mil na primeira fase, que consiste na comprovação da viabilidade técnica e R$ 250 mil na segunda etapa. A terceira etapa não implica em investimentos de entidades, mas na comercialização do produto no mercado. A STQ está há três meses na segunda fase. “Somos cinco sócios, todos doutores. Para nós, colocar o produto no mercado será nosso maior desafio, já que sempre lidamos com pesquisa. O Cietec fornece bastante apoio nessa área, realizando cursos de marketing, vendas e prestando consultoria, com o apoio do Sebrae”, diz Carvalho. A tecnologia foi patenteada no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), no nome de uma ex-sócia, que trabalhava numa instituição privada.
O foco principal deste projeto está na produção de um dispositivo químico para tratar a água condensada nos sistemas de ar condicionado, objetivando-se a esterilização química e biológica do ar realimentado para o ambiente interno. O dispositivo de liberação controlada é formada pela interação entre um encapsulante, ciclodextrina, obtido de fonte renovável por um processo biotecnológico e hóspedes com atividade antifúngica e/ou antibacteriana, formando um composto de inclusão, que será incorporado em matriz cerâmica. Esse é um produto inovador, já que se diferencia dos produtos existentes no mercado, pelo uso da tecnologia de liberação controlada, cujo mecanismo químico inteligente de liberação do princípio ativo inibe a multiplicação dos microrganismos na água de condensação e possibilita a manutenção do ar dentro dos padrões exigidos pela legislação contribuindo, desta forma, para a solução da “síndrome dos edifícios doentes”.
O composto de inclusão será preparado, na fase laboratorial, usando-se os métodos de precipitação e liofilização. Misturam-se soluções aquosas de ciclodextrina com o princípio ativo em proporções estequiométricas pré-determinadas, com agitação constante e, quando necessário, utiliza-se aquecimento, obtendo-se desta forma o composto supramolecular. O composto de inclusão será suportado em matriz de base cerâmica. A matriz pode ser preparada a partir de pós cerâmicos obtidos por processos químicos não convencionais como precipitação e hidrotérmico, com microestrutura controlada. Mantém-se a matriz cerâmica, após tratamento térmico controlado para obtenção da microestrutura desejada, em uma solução aquosa para quimisorção do princípio ativo e/ou composto de inclusão, sob agitação e controle rígido de PH. O controle das etapas de síntese e qualidade do produto será realizado por técnicas de caracterização físico-químicas, como espectroscopia infravermelho, difratometria de raios-X, técnicas termoanalíticas e ressonância magnética nuclear em solução e no estado sólido. Posteriormente, serão feitos testes do produto, in vitro, frente a bactérias Gran-positivas e Gran-negativas assim como fungos, determinando-se as concentrações inibitórias mínimas.
Fonte:
http://watson.fapesp.br/PIPEM/Pipe8/engqui3.htm
PANORAMA BRASIL DATA: 01/09/03 ON-LINE Pastilha inédita elimina bactérias do aparelho de ar-condicionado