Biotecnologia

“Alface Transgênica”

Uma alface geneticamente modificada para ser usada como vacina contra a leishmaníose está sendo desenvolvida pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A alface contém a proteína Lack, encontrada na Leishmania – gênero de protozoário que causa a doença.

Embora o funcionamento dessa proteína não seja bem conhecido, sabe-se que ela é um potencial antígeno para a leishmaníose e pode impedir a reprodução do protozoário no organismo humano. Os antígenos foram clonados em vetores e transportados para as células da alface por meio de bactérias.

 

A etapa atual da pesquisa consiste em desenvolver as plantas de alface. Até o fim do ano, serão realizados testes de medição dos níveis de expressão dos antígenos, e só então serão realizados testes com camundongos. Segundo Elibio Rech, coordenador do laboratório da Embrapa que está desenvolvendo a alface transgênica, uma vacina só começa a ser testada em humanos em 10 ou 15 anos. “Primeiro, teremos que passar por etapas rígidas e termos evidências de que há resposta imunológica suficiente para acabar com a reprodução do patógeno.” Os pesquisadores esperam que a alface produza uma resposta imunológica nas mucosas do trato intestinal e que estas possam induzir respostas em todo o organismo.

Caso sua capacidade imunológica seja comprovada, uma vacina em que os antígenos estivessem em alfaces beneficiaria sobretudo os países em desenvolvimento. “Ela poderia ser transportada até lugares longínquos, sem problemas de armazenamento”, explica Rech. A alface foi escolhida como veículo para transportar o antígeno até o animal ou ser humano por crescer de maneira rápida e dispensar processos de transformação. Segundo Rech, a única desvantagem da alface é que, em geral, folhas não apresentam alto nível de proteína, o que poderia comprometer a resposta imunológica. “Nossa opção foi por produzir plantas rapidamente”, explica. “Poderíamos utilizar a banana, mas ela leva três anos para crescer.” Cogitou-se também o uso da soja, mas ela teria que ser transformada em pó. As proteínas poderiam ser perdidas durante o processo e o custo de produção seria mais elevado.

 

Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n210.htm

 

 

acesso em janeiro de 2002

Cronologia do Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasileiro, 1950-200, MDIC, Brasília, 2002, páginas 172