Meio Ambiente

“Acelerador de Compostagem”

Essa nova técnica é o resultado de um projeto de pesquisa que começou dentro de uma universidade do Triângulo Mineiro, já virou indústria e começa a se espalhar pelo campo. Santa Juliana fica no Triângulo Mineiro. Tem doze mil habitantes. Município de economia rural, pouco recurso, mas que está dando exemplo pra muita cidade grande e rica naquilo que vai ser uma das piores dores de cabeça deste século: o destino do lixo. A Prefeitura agora faz coleta seletiva. Foi estabelecido um dia para o lixo úmido, outro para o lixo seco.

São 1.500 quilos de lixo por dia. Antes, tudo era despejado a céu aberto no lixão da cidade. Agora, o material todo é descarregado na usina de compostagem, construída graças às parcerias que a Prefeitura fez num projeto pioneiro mundialmente. Na esteira rolante, o lixo é selecionado retirando-se especialmente pilhas e outros materiais contaminantes. Lata, vidro, papel, ferro, plástico, vão para vasilhas à parte. Depois, esse material é prensado e vendido para as indústrias de reciclagem. Na esteira, vão ficando os restos de comida, as palhas, cascas, polpas, enfim, o lixo orgânico que saiu da terra e para ela pode voltar na forma de composto.

 

Feita a triagem o lixo orgânico vai para a decomposição acelerada. Para se ter uma ideia de como esse sistema de compostagem difere do tradicional, basta comparar com o processo antigo, em que o lixo depois da triagem é enterrado num pátio. De vez em quando é molhado. E a cada três dias, os montes são revirados. Desse jeito, os resíduos se transformam em composto em dois meses. O que já era uma revolução comparando com o método tradicional de compostagem que demora até 180 dias pra produzir o adubo.

A primeira coisa diferente no sistema de compostagem que foi testado em Santa Juliana é que não havia pátio de compostagem. O lixo fica apenas a algumas horas de uma baia de passagem. Lá roteiro é bem complexo. Feita aquela triagem que nós vimos, o lixo orgânico passa primeiro num triturador. Depois, numa betoneira, os fragmentos são misturados com palha de arroz que tem a simples função de secante. É pra reduzir a umidade, evitar chorume.

Em seguida, numa moega, faz-se a mescla de três ingredientes, que também são rejeitos, e que vão enriquecer o futuro adubo. Além do que foi recolhido na cidade, despeja-se cama de frango, entre outras coisas uma fonte de nitrogênio; serragem, pra encorpar a matéria orgânica; e minerais de baixo teor como este pó que lembra gesso e é uma fonte de fosfato. No fundo da moega, uma engrenagem junta tudo, e o material segue, então, por uma esteira transportadora para outro misturador, cilíndrico, que fica o tempo todo borrifando um líquido.

Esse líquido é o ovo de Colombo: principal segredo do processo. Com ele, a compostagem acontece 30 vezes mais rápida do que no sistema tradicional. Na usina, o líquido, um extrato rico de matéria orgânica, fica armazenado num tanque. A composição deste líquido é o resultado de vinte e cinco anos de pesquisa feita pelo Lázaro Roberto. Ele é um cientista por conta própria que estuda microbiologia e metalurgia. Trabalhou muito tempo em empresas de mineração e fertilizantes. De onde veio á inspiração para desenvolver o novo produto. Ele começou estudando a degradação do lixo, do lodo de esgoto e da serragem. Procurou muitas instituições. Mas, só encontrou apoio e parceria na Universidade de Uberaba onde, inclusive, esta indústria foi incubada. O cientista diz que no líquido acelerador da compostagem há fungos, bactérias, aminoácidos, poli proteínas, proteínas, fosfolipídios todo um complexo que faz parte do biocatalisador.

O líquido já foi patenteado no Brasil e em mais cento e cinquenta países. Recebeu o nome de biocatalisador. Bio significa vida; catalisador, um tipo de acelerador químico, algo que aumenta a velocidade de decomposição. De volta à usina de Santa Juliana, a gente vê o lixo acabando de receber o biocatalisador, que é diluído em água. Em vez de ir para um pátio a céu aberto, o material fica numa baia de cura coberta. O biocatalisador faz um papel parecido com o do coalho num leite pra queijo ou do fermento numa massa de pão.

 

Mas além de apressar a transformação do lixo em adubo, a composição do líquido elimina cheiro, afasta moscas e eleva a temperatura a 110ºC, bem acima da compostagem normal que é a de 70º C. O processo acaba com sementeiras, ervas daninhas, e as bactérias que causam doenças. E não há necessidade de revirar o monte. Em apenas três dias, o composto está pronto para ir para o campo, passando apenas por uma peneiragem para retirada de tampinha de garrafa, ponta de cigarro, caco de vidro e outras impurezas. A capacidade é para produzir até vinte e cinco toneladas de composto por dia pois o projeto experimental prevê também o aproveitamento do lixo das cidades vizinhas.

O agrônomo e pesquisador da Emater Jeferson de Souza há quatro anos analisa o desempenho desse novo composto. Ele explica que o adubo orgânico assim, ao contrário do químico, tem mais facilidade pra se fixar no solo. Contamina muito pouco ou quase nada os lençóis d´água. Libera mais lentamente os nutrientes para planta e tem mais elementos de reestruturação. Jéferson disse ainda que alguns dos possíveis malefícios estariam relacionados à proveniência do lixo e se ele teria ou não metais pesados ou bactérias que poderiam causar doenças.

O prefeito de Santa Juliana, Marcos Araújo, que é medico, diz que a experiência com a usina de lixo deu certo. Em Uberaba, os pesquisadores lembram que, pra fazer composto orgânico, matéria-prima não vai faltar. O Brasil produz cerca de 240 toneladas de lixo por dia. O professor Eduardo Palmério explica: “A grande vantagem da tecnologia é que permite fazer o uso em qualquer tamanho, desde uma metrópole que precise de uma usina enorme para processar todo o lixo da cidade, até uma pequena comunidade ou um pequeno produtor de suíno ou que produza resíduo que esteja poluindo o meio ambiente … ele pode usar uma simples betoneira para poder fazer o tratamento do lixo e transforma-lo em biofertilizante”. A pesquisa já desenvolveu biocatalisadores para a compostagem acelerada de 69 resíduos diferentes. Esse tipo de usina de lixo exige investimento alto. Mas, a ideia é montar usinas que possam receber o lixo de cidades vizinhas. E fazer a produção de adubo numa escala que o empreendimento possa dar lucro.

O uso de organominerais na agricultura constitui uma prática em ascensão primeiramente pela ampla disseminação dos efeitos benéficos causados aos solos e culturas, e, em segundo lugar, a despoluição ambiental pela utilização deste subproduto como fonte alternativa de adubos e matérias orgânicas como elementos nutrientes prontamente disponíveis para as plantas. É descrito um processo para preparação de agente biocatalisante empregado no processo de obtenção de fertilizantes organominerais cujo objetivo é promover a digestão e humificação acelerada, em escala de 3 a 48 horas, atingindo em média 85°C, promovendo a redução de carbono e elementos lignocelulósicos. O processo da invenção prepara biofertilizantes organominerais para aplicação da agricultura, visando a recuperação biológica dos solos promovida pelos nutrientes em matérias orgânicas prontamente assimiláveis.

A Bioexton Ltda, fundada em 09 de junho de 1998, é resultado da associação dos empreendedores Lázaro Sebastião Roberto e Eduardo Marquez Palmério. A empresa surgiu na UNIUBE – Universidade de Uberaba, através da sua Incubadora de Tecnologia e Negócios – UNITECNE, onde foi pré-incubada de 09 de junho de 1998 a 07 de junho de 1999 e incubada de 09 de junho de 1998 a 07 de dezembro de 2001, tendo recebido apoio no desenvolvimento de pesquisas cientificas do Instituto de Ciências e Tecnologia do Ambiente – ICTA e de seus parceiros, dentre os quais destacam se a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. Atingida a maturidade de independência passou para a categoria de empresa graduada, porém continua a desenvolver projetos em parceria com a UNITECNE e o ICTA da Universidade de Uberaba.

Desde 1976 o pesquisador Lázaro S. Roberto vem realizando pesquisas e experiências na área de Biometalurgia e Microbiologia, aplicadas ao aproveitamento de resíduos minerais e orgânicos. Associando estas duas áreas da ciência, o pesquisador conseguiu chegar à tecnologia de Biodegradação acelerada que se tornou uma patente de invenção, devidamente requerida sob Nº PI.9803.631 no Brasil e concedida nos Estados Unidos da América sob o Nº 6.560.921 para tratamento e aproveitamento de resíduos orgânicos e minerais. Os produtos finais resultantes são o fertilizante organofertil e o fertilizante organomineral, ambos com eficiência agronômica e elevado retorno socioeconômico e ambiental. Com experiência profissional em Biometalurgia e Microbiologia aplicada na extração de minérios de baixo teor, as pesquisas de Lázaro S. Roberto se iniciaram com o estudo do aproveitamento de diversos resíduos minerais e orgânicos como fontes alternativas para produção de fertilizantes organominerais e rações para alimentação de peixes, suínos e ruminantes.

Com o avanço nas pesquisas, passou a desenvolver processos, sínteses e catalisadores para uso em lodo de esgoto, lixo urbano, torta de filtro, bagaços de cana, vinhaça, esterco de bovinos, dentre outros. Os primeiros testes e utilização dos produtos, oriundos de esgoto e lixo urbano, ocorreram, inicialmente, em hortaliças, frutíferas, gramados de campos de golfe e jardins da cidade de Brasília. Com resultados promissores, foi iniciada a produção de fertilizante organomineral, no Centro de Produção de Agricultura Alternativa em Alto Paraíso de Goiás. A partir daí foram realizados trabalhos com vinhaça e torta de filtro em diversas usinas de açúcar e álcool do Brasil Central. Também foram realizados trabalhos nos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia, visando solucionar questões de poluição ambiental e o uso como fonte de nutrientes e matéria orgânica, testados em fruticultura.

No final de 1996, Uberaba lançou o projeto Parque Tecnológico UniVerdeCidade, com o objetivo de promover sinergia entre as instituições de ensino, pesquisa, alavancar investimentos de base tecnológica e apoiar proposta inovadoras. Atraído por este projeto o pesquisador Lázaro realizou o primeiro contato com o CTTP – Centro Tecnológico do Triângulo e Alto Paranaíba da EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, principal base científica do Parque Tecnológico proposto. O objetivo era buscar o reconhecimento científico da tecnologia. Inicialmente foram realizadas diversas demonstrações da tecnologia de produção de fertilizante, proposta, aos pesquisadores, do CTTP, especialistas na área. Os produtos resultantes foram utilizados em testes iniciais de aplicação do fertilizante em casas de vegetação. Na época, foi enviado projeto de pesquisa e desenvolvimento a FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, para concorrer à edital conjunto FAPEMIG/BDMG.

O caráter inovador da tecnologia foi um empecilho para a obtenção de apoio às pesquisas científicas, que se pretendiam iniciar com a tecnologia, em parceria com a EPAMIG. Foi alegado pelos consultores que a proposta não estava fundamentada em referências bibliográficas científicas, consequentemente cerceando uma iniciativa totalmente inovadora. Na impossibilidade de um o apoio efetivo da EPAMIG, pela inexistência de recursos financeiros para as pesquisas e inicio do processamento de produtos, buscou se outras alternativas. A Universidade de Uberaba, integrante do projeto Parque Tecnológico, diante da oportunidade de impulsionar suas atividades de pesquisa, com uma proposta totalmente inovadora e perspectivas de retorno sócio ambiental, disponibilizou todo o apoio necessário relativo ao andamento das pesquisas e infraestrutura para processamento inicial de fertilizantes. A partir do ano agrícola 97/98, foi implantado um programa de pesquisa e desenvolvimento para levar avante o processo de reconhecimento e validação científica da tecnologia, sob o planejamento e coordenação do ICTA – Instituto de Ciências e Tecnologia da Ambiente da Universidade de Uberaba.

 “A Bioexton apresenta ao mercado mundial uma solução completamente nova, dentro de um novo paradigma, com uma solução ambientalmente correta, agronomicamente viável, economicamente rentável e socialmente responsável”. A empresa uberabense Bioexton colhe bons frutos da sua tecnologia de biodegradação acelerada. No início deste ano a tecnologia obteve patente internacional no Unidet States Patent And Trademark Office (USPTO) e no final de outubro obteve patente nacional. Ela integrou a mostra de produtos tecnológicos e inovadores durante o Brasiltec 2004. Mas as boas notícias não param por aí! Dia 1º de dezembro será inaugurada a Usina de Biodegradação Acelerada da tecnologia Bioexton numa área de 10 mil metros quadrados, na Costa do Sauipe, BA. A Usina vai transformar todo o lixo orgânico do local em adubo. A tecnologia também está ultrapassando várias fronteiras no mundo. A empresa Bioexton já está negociando a implantação de usinas de tratamento de diversos tipos de resíduos orgânicos na Itália, Taiwan, Estados Unidos da América, Equador, Portugal, Caribe, Holanda, Emirados Árabes, entre outros países.

A empresa – A Bioexton Ltda é uma empresa de biotecnologia que desenvolve soluções ambientais através do processo de biodegradação acelerada de resíduos orgânicos e minerais, resultando na produção de fertilizantes orgânicos e organominerais. Ela foi criada em 09 de junho de 1998, pelos empresários Eduardo Marquez Palmério e Lázaro Sebastião Roberto, com o apoio da Unidade de Tecnologia e Negócios da Universidade de Uberaba – Unitecne, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. De acordo com Lázaro Sebastião, a parceria com a Unitecne é importante, pois a Unidade apoia à divulgação da tecnologia Bioexton. “É incontestável a importância desta parceria. Nossa empresa também acaba divulgando o trabalho da Unitecne, no Brasil e no mundo”, afirma ele. Negócios no Brasil e no mundo – De acordo com o criador da tecnologia, Lázaro Sebastião Roberto, existem mais de 30 projetos sob concessão operacional da Bioexton implantados e em fase de implantação, em diversos pontos do Brasil. Segundo Lázaro, diversos resíduos estão gerando negócios e proporcionando retornos socioeconômicos e equilíbrio ambiental. “Vários experimentos já foram realizados, por intermédio das concessionárias da tecnologia Bioexton”, afirma Lázaro.

A empresa Bioexton conta também com projetos em negociação e representação em outros países. De acordo com Lázaro Roberto, este mês a Bioexton deverá receber a visita de representantes de Taiwan para assinatura de contrato. “A nossa tecnologia será implantada em Singapura. O lixo orgânico e o lodo do esgoto da cidade serão tratados”, diz. Segundo Lázaro, na Itália a tecnologia será implantada em Roma para o tratamento do lixo orgânico e do lodo do esgoto da cidade. “Em Lazio, além do lixo orgânico e do lodo de esgoto da cidade, serão tratadas também as podas de árvores dos jardins”, ressalta. Lázaro comenta que nos Estados Unidos da América a tecnologia deverá ser implantada inicialmente em Miami, para tratar o lixo orgânico e o lodo de esgoto da cidade, e em Massachusetts para tratar resíduos industriais e da construção civil. Lázaro informa ainda que Portugal também quer implantar a tecnologia para tratar o lixo orgânico, o lodo de esgoto, além de resíduos de indústrias de azeite e vinho. “Já no Caribe deverão ser tratados os resíduos das indústrias de produção de rum”, afirma. Ele acrescenta que Holanda, Emirados Árabes e Equador também estão em fase de negociação com a empresa para implantar a tecnologia.

 

Fonte: http://www.bioexton.com.br/materias_body.asp?Q=24&I=46

acesso em março de 2003

http://www.triangulomineiro.com/noticia.aspx?catNot=52&id=6306&nomeCatNot=Eventos

http://www.geociclo.com.br/

acesso em maio de 2010