A Embrapa lançou em 1995, em Cruz das Almas (BA), mais uma cultivar de bananeira resistente à Sigatoca-negra, para dar combate à doença que provoca redução da produtividade, diminuindo o tamanho do fruto. Híbrido da ‘Prata Anã’, a “Fhia-18” é uma banana geneticamente melhorada a partir de uma variedade originária de Honduras. O nome, estranho para designar a banana, um fruto tão popular e presente em todas as regiões do País, foi escolhido pelos pesquisadores da Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura. Há mais de um ano, eles identificaram uma praga, a Sigatoka negra, que provoca redução da produtividade, diminuindo o tamanho do fruto. Híbrido da prata-anã, a Fhia-18 é uma banana geneticamente alterada a partir de uma variedade originária de Honduras. Ou seja, na planta brasileiríssima foi introduzido o gene da hondurenha, resistente à Sigatoka.
A nova variedade foi avaliada em diferentes ecossistemas brasileiros, destacando-se por suas características agronômicas, principalmente o porte médio e elevada produtividade, que pode alcançar até 50t/ha sobre boas condições de cultivo. No material de divulgação da Fhia-18, o escritório baiano da Embrapa recomenda que seu cultivo seja feito em solos de fertilidade média/alta, profundos, para que seus atributos de resistência às doenças possam expressar-se em toda a sua potencialidade. Além da resistência à Sigatoka negra, essa variedade deverá atingir produtividade até 50% superior em relação à prata-anã, segundo Sebastião de Oliveira e Silva, um dos pesquisadores da Embrapa. A Sigatoka negra foi detectada há mais de um ano em bananais do Amazonas, nas regiões de Tabatinga e Benjamin Constant. Ela é causada por um fungo e sua presença no bananal pode ocasionar a perda total da produção.
A transmissão da praga dá-se por via aérea, o que significa que o vento transporta naturalmente o fungo Mycosphaerella fijiensis, que causa a doença. Após infestar as folhas, ele impede o desenvolvimento dos frutos. Para uma cultura de importância econômica e social como a banana, o resultado pode ser desastroso, alerta o relatório de divulgação da Fhia-18 da Embrapa. “O tamanho da fruta e seu vigor determinam a aceitação nos mercados e são justamente essas duas qualidades as mais afetadas pela praga.” Segundo os pesquisadores da Embrapa, é da folha que vem a energia para produzir os frutos. No caso da bananeira, são necessárias 15 ou 16 folhas para que a planta acumule boas reservas e os frutos cresçam bem. Mas se o fungo as ataca, provoca manchas negras que as deixam debilitadas, causando a morte rápida das folhas. Uma bananeira infectada não terá mais que cinco folhas. “Sem a quantidade de folhas suficiente para que a bananeira vegete normalmente, os frutos ficam raquíticos. Isso ocorre porque a planta não tem mais condições de armazenar energia, fazendo os cachos encherem só pela metade”, diz o texto explicativo da Embrapa. “Num crescimento normal, a fruta se arredonda á medida que os cachos enchem. Com a invasão do fungo, os frutos ficarão cheios de quinas. Além disso, as bananas podem amadurecer ou amarelar ainda no campo, mesmo que os frutos estejam malformados.”
O resultado desse quadro é óbvio: o preço do produto cai e desestimula produtores em função da queda de receita dos bananais. Foi por isso, segundo alguns pesquisadores, que começaram a ser testados os híbridos da banana, como preferem identificar a Fhia-18, fugindo da denominação de produto transgênico ou de organismo geneticamente modificado. A Embrapa recomenda que o seu cultivo seja feito em solos de fertilidade média/alta, profundos, para que os seus atributos de resistência às doenças possam se expressar em toda a sua potencialidade.
Fonte: http://www.cnpmf.embrapa.br/jornal/marco-2001/r&ftecnicos.htm
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2001/01/14/ger894.html
acesso em fevereiro de 2002
Cronologia do Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasileiro, 1950-200, MDIC, Brasília, 2002, páginas 272