A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está lançando uma tecnologia de torneamento de cenouras. O método de processamento permite às agroindústrias brasileiras a produção de mini cenouras, semelhantes o baby carrot importadas, e um novo formato de cenoura, em bolinhas. O novo processo, dividido em etapas, consiste na classificação, corte, torneamento, acabamento, sanitização, embalamento e armazenamento do produto final, a mini cenoura. Todo o passo-a-passo será disponibilizado pela Embrapa Hortaliças (Brasília/DF) aos interessados. Primordial para o desenvolvimento do novo processo foi à adaptação, pelos pesquisadores da Unidade, de um equipamento nacional para a confecção das cenouras processadas. O início das pesquisas, desenvolvidas por Milza Lana, Jairo Vieira, João Bosco da Silva e Dejoel de Barros Lima – todos os pesquisadores da Embrapa Hortaliças – foi no início de 2000.
A expectativa de João Bosco, pesquisador envolvido na adaptação, é que uma máquina nacional, com menor custo, vai permitir às agroindústrias familiares de pequeno e médio porte adquirir o equipamento. Até então existia apenas um torneador disponível no mercado: importado dos Estados Unidos e voltado para o processamento em larga escala. O novo equipamento possui ainda um sistema de reciclagem de água, que permite uma economia de até 75% no consumo. Um sistema de automatização do tempo de processamento também foi desenvolvido. O torneador de cenouras tem um consumo de energia elétrica baixo, de menos que 0,25 kwats/hora, bem menos que um ferro de passar roupas (1,2 kwats/hora). A nova tecnologia vêm dar fim a uma limitação das agroindústrias brasileiras, que não possuíam tecnologia e equipamentos necessários para a fabricação de mini cenouras. Este tipo de produto era muito apreciado pelo consumidor brasileiro até 1998, quando havia a paridade entre real e dólar. Naquele ano, a importação de cenouras processadas ficou em um milhão de toneladas. No ano de 2000, com o dólar em alta, as importações baixaram para 200 mil toneladas. Os dados são do Secex/Decex, do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio.
Para Jairo Vieira, está aberto um novo mercado para as agroindústrias brasileiras. “Eu acredito que, com esse novo produto, cada dia mais pessoas vão passar a consumir cenoura processada”. O pesquisador baseia-se nos dados do mercado norte americano que, no início da década de 90, consumia cerca de 90% da cenoura in natura. Depois do surgimento do baby carrot, os dados inverteram-se e hoje 90% do consumo são de cenouras processadas. Para o pesquisador, o mercado de hortaliças minimamente processadas atende às necessidades atuais dos consumidores, que buscam produtos práticos e saudáveis, que possam ser consumidos na hora. O processo consiste no torneamento de pedaços de raiz, pelo atrito com uma superfície áspera, num equipamento comercializado atualmente como descascador de batata. A matéria-prima para o processamento mínimo da mini cenoura deve ser de raízes finas tipo 1A, com diâmetro variando até 3 cm. Este tipo de raiz normalmente é vendido abaixo do preço de mercado pelo produtor, é às vezes sequer é colhida. O motivo é que o consumidor não se interessa por raízes finas. “O processo abre um novo mercado também para o produtor, que pode vender as raízes 1A às agroindústrias. Este tipo de raiz representa cerca de 10% do que é produzido no país”, explica Dejoel de Barros Lima.
Fonte: http://www.embrapa.br (Michele Costa, Embrapa lança tecnologia de processamento de cenouras 29/11/2001)
Acesso em setembro de 2003
http://www.embrapa.br/imprensa/noticias/2001/novembro/bn.2004-11-25.7871293505/
Acesso em setembro de 2008