Dono de uma microempresa do ramo de artigos de proteção contra o fogo, Milton já trabalhou como mecânico de motores de aviões no AeroClube de Rio Claro, por volta de 1990. Parte de sua inspiração para inventar a bicicleta de bambu se deve a esta experiência, já que o design do quadro de sua bicicleta é baseado numa seção de asa de avião. Para que sua criação atingisse a resistência necessária foram-se meses de tentativas e erros. O fundamental para o êxito é a escolha certa do bambu a ser usado. Por ser um material muito susctível a intempéries, o ideal é empregar o bambu envelhecido. O acabamento das junções do quadro é feito com resina plástica laminada. Milton porém é cauteloso e não revela muita coisa de sua invenção. A bicicleta foi montada com base nas informações de um anônimo pesacdor já falecido: “Eu havia combinado com um senhor para que ele cortasse o bambu para mim e aconteceu dele falhar no compromisso. Assim que dobrei a esquina encontrie os bambus entulhados em um terreno” , comenta. Segundo o artesão o corte do bambu só pode ser feito na lua minguante e em mês que não tem “r” – maio, junho, julho e agosto.
Atualmente, Milton leva três meses para montar uma bicicleta de bambu, cujo quadro leve não chega a pesar dois quilos. Ele esclarece que não pretende industrializar e nem vender a idéia, mas aceita trabalho sob encomenda, por cerca de R$ 2 mil. Ele comenta que ainda pretende fabricar uma bicicleta com mais peças feitas de bambu, além do quadro. Como a patente da bicicleta é de domínio público, Milton diz que irá registrar o desenho do quadro de bambu. Milton começou a fazer a primeira bicicleta de bambu em 2001 que ficou pronta em 20 de outubro de 2002: “Há bastante tempo eu tinha essa idéia fixa na cabeça e resolvi colocar meu projeto em prática”, revela, “Se Santos Dumont fez o 14 bis de bambu, porque não fazer o quadro de uma bicicleta?”
Milton fala sobre sua invenção: “Tudo começou como uma brincadeira, ia fazer para mim e meu filho achou que era para ele, já que eu havia lhe prometido uma bicicleta de aniversário. Mas tudo começou antes, em meados de 2000, quando desisti definitivamente de ser um corretor de imóveis, peguei o pouco que tinha e construí uma estufa para hidroponia toda de bambu, que ganhei do meu antigo empregador, Sr Rino Ferrari, que ao final de um ano deu muito trabalho e decepção. Depois de tudo abandonado no tempo levando chuva e sol, um dia fui me desfazer da bagunça para a construção de um jardim e um canil, notei então que algumas peças se recusaram a apodrecer e permaneceram íntegras, melhor, “estavam endurecidas pelo tempo”, outros pedaços apodreceram rapidamente. Para encurtar, o diâmetro do bambú usado era igual ao do cubo do pé de vela de bicicleta, eu resolvi tentar, usando fibra de vidro na união das peças (Só eu uso o bambú para fazer as caixas de bola).”
Em 1986 Milton conseguiu um emprego como ajudante no Aeroclube de Rio Claro e o foi ajudante do mecânico Sr Rubens Biotto, com o qual aprendeu muito sobre estruturas e motores a explosão. Nos anos seguintes Milton tornou-se um vendedor e aproveitando oportunidades fez todos os cursos disponíveis em laminação e aplicações da fibra de vidro e resinas de poliéster disponíveis na época. Hoje Milton recupera resinas de poliéster e vende proteção contra fogo (para atender normas dos bombeiros), e fabrica as mais baratas bicicletas de bambú do mundo (e as mais fortes também).
O primeiro modelo Dsc03392 foi concluído no dia 20 de outubro de 2000. Milton confirma a robustez de suas bicicletas com base em testes realizados: “O motojeff é a bicicleta que apareceu no jornal de Rio Claro, que depois de ter andado 2500 KM, ganhou um motor e andou mais 700Km sem apresentar defeitos no quadro, tendo feito testes que ninguém tentou antes com uma bicicleta de bambú.”
Fonte:
Jornal Cidade de Rio Claro, seção Intervalo página 17
Agradeço a Milton Felicissimo (milton.felicissimo@itelefonica.com.br) pelo envio de matéria em fevereiro de 2005 para composição desta página
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