Os genes da Xylella fastidiosa, a bactéria causadora da praga do amarelinho, serão inscritos em um biochip. O objetivo do uso dessa tecnologia de ponta é descobrir os mecanismos pelos quais a bactéria consegue sobreviver dentro da planta hospedeira. A pesquisa está sendo desenvolvida por cientistas da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), em São Paulo, que integraram a equipe que mapeou o genoma da bactéria. A iniciativa, tão importante quanto o projeto original, é pioneira na genética brasileira, e pode encontrar a solução para eliminar o amarelinho, que ataca 34% dos pomares paulistas. O estudo faz parte do Programa Projeto Genoma Funcional, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O ponto de partida da pesquisa é um biochip construído com os próprios genes da Xylella fastidiosa. Ele consiste em uma lâmina de vidro que contém todos os quase três mil genes da bactéria, ordenados um a um e separados por uma distância de 10^(-12)m. Para realizar a microscópica tarefa de ordenar espacialmente os genes, os cientistas utilizaram um braço mecânico de alta precisão conhecido por microarrayer. Segundo Luiz Roberto Nunes, biólogo da UMC, o biochip é uma ferramenta relativamente nova na história da biologia molecular. “Este é o primeiro biochip feito no Brasil que envolve todos os genes de um só organismo”, afirma Nunes, que divide a coordenação da pesquisa com a farmacêutica Regina Costa de Oliveira.
O processo pelo qual o biochip identifica a ação de cada gene é conhecido por hibridização de RNA marcado. Os pesquisadores marcam por meio de uma iluminação especial os RNAs (ácidos ribonucleicos), moléculas produzidas no interior da célula bacteriana por seus genes ativos. Essas moléculas são introduzidas no biochip e, devido a sua natureza complementar, associam-se aos genes que as produziram. Assim, é possível identificar os genes responsáveis pela interação da bactéria com a planta e que provocam a doença do amarelinho. As informações obtidas podem ajudar a desenvolver mecanismos eficazes de combate à doença. O biochip é um aliado fundamental para os pomares paulistas poderem retomar o tom esverdeado de suas folhas e o agradável sabor de suas laranjas.
Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n076.htm
acesso em maio de 2002
http://www.umc.br/ensino/pesquisadores/lr_nunes.htm
acesso em janeiro de 2003