Após dois anos de estudos, um produto capaz de destruir as larvas do Aedes aegypti – mosquito transmissor do vírus do dengue – foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e por uma companhia privada de Brasília, a Bthek. Sua fórmula contém uma bactéria, a Bacillus thuringiensis, que age especificamente contra as larvas do inseto e, portanto, não causa danos a outros seres vivos. Este será o primeiro produto nacional que aproveita as atividades de um microrganismo para controlar insetos nocivos ao homem e, ao que tudo indica, seu preço será bem inferior ao de fórmulas importadas similares. A equipe da Embrapa identificou microrganismos que poderiam ser úteis no combate ao mosquito transmissor do dengue.
O novo produto é resultado de parceria entre o IPT, a empresa Bthek Biotecnologia, de Brasília, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Para apresentar resultados positivos, os bioinseticidas devem ser aplicados, no caso da dengue, em águas paradas, onde o inseto prolifera.
A empresa Bthek já começou a investir em infraestrutura para fabricar o produto em larga escala. A fórmula, que deve chegar ao mercado até setembro, será produzida em pastilha e suspensão concentrada de bactérias (líquido que pode ser borrifado sobre locais de provável desenvolvimento da larva). “Mesmo depois de conservados em pastilha ou suspensão durante algum tempo, os microrganismos presentes no produto continuam capazes de matar as larvas quando entram em contato com elas”, afirma Monnerat. “Como a fórmula não tem efeito sobre mosquitos adultos, ela deve ser aplicada na água parada, onde as larvas do A. aegypti se desenvolvem.” Se as instruções do produto forem seguidas corretamente, em apenas 24 horas todas as larvas são eliminadas. O microrganismo B. thuringiensis, presente no produto, serve de alimento para a larva. No intestino do inseto, uma proteína produzida pela bactéria é ativada e se transforma em uma substância tóxica para a larva. Essa proteína bacteriana se liga à superfície de células do intestino do inseto. Em seguida, um volume muito grande de água começa a entrar nessas células e elas arrebentam. “Há uma infecção generalizada e as larvas morrem antes de virarem insetos adultos”, explica Monnerat. Desse modo, o mosquito não tem tempo de transmitir o vírus do dengue para o homem. Apesar de ser uma ferramenta importante no combate ao dengue, a nova fórmula não erradicará a doença do país. O produto aguarda registro no Ministério da Saúde.
Em visita a Embrapa em setembro de 2004 o Ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural de Angola, Gilberto Buta Lutucuta se interessou pelo bioinseticida Sphaerus SC, lançado recentemente pelo Cenargen, em parceria com a empresa Bthek Biotecnologia, para controlar o mosquito transmissor da malária e o mosquito urbano. Lutucuta disse que a malária é o segundo pior flagelo enfrentado pela população de Angola, e mata milhares de pessoas anualmente. “Uma grande vantagem do controle biológico é a especificidade da atuação do agente de controle biológico. Nesse caso, as bactérias isoladas são muito específicas, algumas atacam o mosquito da dengue, outras, o mosquito urbano, e não existe, até o momento nenhum bacilo que controle todas os insetos, mas achamos que isso é uma vantagem, exatamente pela segurança ambiental”, disse o chefe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Dias.
Para desenvolver o produto, a equipe do controle biológico da Embrapa, liderada pela pesquisadora Rose Monnerat, usou um tipo brasileiro do Bacillus thuringiensis. O desenvolvimento do processo produtivo e a formulação do produto final foram executados pela Bthek Biotecnologia. Após diversos testes toxicológicos, o produto foi considerado inofensivo à saúde humana e ao meio ambiente e obteve registro junto ao Ministério da Saúde e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já foram feitos testes no campo, com excelentes resultados, e experimentos em caixas d’água da cidade de Brasília, ocasião em que os pesquisadores obtiveram um índice de mortalidade de mosquitos de 100% durante um mês.
Outra vantagem, segundo José Manuel Dias, é que o novo inseticida não cria resistência nos insetos, problema muito comum em diversos inseticidas importados. “Vários dos inseticidas que eram utilizados para o controle dos mosquitos hoje não têm mais efeito. Com o uso contínuo, eles não funcionam mais. Esse produto não causa resistência, pois sua atuação é biológica, e não química”, explicou. A expectativa é que em breve o inseticida possa ser utilizado em caixas d’água domésticas e em cursos de água. De acordo com Dias, o inseticida só poderá ser adquirido por empresas especializadas ou pelo governo, já que a legislação brasileira não permite a venda direta do produto. Dias informou também que qualquer empresa que queira produzir o inseticida e detenha tecnologia para isso poderá entrar em contato com a Embrapa e adquirir a bactéria.
O bioinseticida Bt-horus, desenvolvido em parceria entre a Embrapa e Biotecnologia, uma das 41 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, e a empresa do Distrito Federal, Bthek Biotecnologia, foram um dos vencedores do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2007 na região centro oeste. O inseticida biológico, capaz de controlar o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela, sem causar danos à saúde humana, de animais e ao meio ambiente conquistou o primeiro lugar na categoria “produto”. O resultado foi anunciado durante solenidade no Yotedy Bar e Restaurante, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 29 de outubro de 2007. O Bt-horus foi desenvolvido a partir de uma bactéria conhecida como Bt (Bacilus thuringiensis), amplamente utilizada em programas de controle biológico em todo o mundo. Essa bactéria é entomopatogênica, ou seja, específica para controlar o mosquito alvo, o que torna o produto inofensivo à saúde humana e ao meio ambiente, podendo ser utilizado em locais que acumulam água, como plantas, lagos e caixas d’água, entre outros. Basta uma gota do Bt-horus para cada litro de água e as larvas do Aedes aegypti morrem em 24 horas.
O bioinseticida foi o primeiro produto biológico utilizado em uma campanha de saúde pública no Brasil para controlar a dengue. A campanha “São Sebastião inova no combate à dengue” foi realizada entre os meses de janeiro e junho de 2007 na cidade de São Sebastião no Distrito Federal, que apresentava o maior índice de infestação do mosquito, com 3,5 focos do mosquito em cada 10 casas. O Bt-horus foi distribuído e aplicado nas cerca de 20 mil casas da cidade com resultados acima do esperado: o índice de infestação, que era de 4% caiu para menos de 1%, o que é considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde. O produto foi distribuído gratuitamente em todas as residências de São Sebastião por uma ação multi institucional entre a Embrapa, Bthek, Secretaria de Saúde, Emater, Administração Regional de São Sebastião e SLU, entre outras. Segundo a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Rose Monnerat, o prêmio demonstrou o reconhecimento da Finep quanto à qualidade e eficácia do produto. “O reconhecimento de um órgão com a importância e o conceito da Finep é fundamental para endossar a qualidade do Bt-horus e abrir caminho para que seja utilizado em outros estados brasileiros”, afirmou.
Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n595.htm
acesso em maio de 2002
JORNAL GAZETA MERCANTIL DATA: 06/11/03 ON-LINE “Bioinseticida contra dengue”
PANORAMA BRASIL DATA: 30/09/04 ON-LINE Ministro angolano pretende levar tecnologia da Embrapa para seu país
Embrapa cria inseticida biológico Fonte:JORNAL DO COMÉRCIO 26/4/2005
FINEP premia bioinseticida para controle do mosquito da dengue volta Mídia eletrônica: Agrosoft http://www.agrosoft.org.br 01/11/2007