As dificuldades servem de estímulo para Joice Puchalski, moradora de Muriqui, criar formas de superá-las. Foi assim que ela conseguiu se formar fonoaudióloga em uma faculdade particular de Campo Grande e inventar brinquedos e aparelhos para acelerar a recuperação de seus pacientes. São mais de 30 jogos e brincadeiras; com destaque para o boneco Titão, que tem o objetivo de ajudar autistas. E ainda há outros 15 que ela já está registrando. Seus inventos foram apresentados na Feira Internacional de Tecnologias de Reabilitação e Inclusão, em São Paulo, em maio de 2003, onde ela recebeu convites para participar de outras feiras.
O primeiro e mais famoso brinquedo é um boneco que “conversa” com o paciente, antes batizado de Titão. Hoje, o boneco é vendido com uma certidão de nascimento, para que a criança o batize como quiser. Foi preciso modificar o rosto do boneco, que com a ajuda de um artista plástico, irá ganhar as versões negro e índio. O boneco, que possui 1,30 metros de altura (tamanho médio de uma criança de três anos), interage com a criança com a ajuda de um gravador.
Quando cursava o último ano da faculdade, a estudante criou vários brinquedos em casa, que levava para as sessões no consultório onde fazia estágio. Até que foi descoberta e os brinquedos se tornaram um sucesso. “Eu percebi que poucas crianças respondiam ao tratamento, e os brinquedos foram uma forma de interagir com elas”, afirma Joice. Segundo ela, os brinquedos foram criados para suprir a própria dificuldade da médica em comunicar-se com seus pacientes. Os primeiros brinquedos foram fabricados com sucata, restos de abajur e de brinquedos velhos. “Eram bem feios, embora sucateados. Os resultados foram surpreendentes”. Joice conta que recebeu diversas cartas dos pais dos seus pacientes, agradecendo a melhora no tratamento.
Por causa de uma poliomielite, Joice, gaúcha de Caxias do Sul, ficou até os 7 anos em uma cadeira de rodas. Sem poder brincar como os outros, ela ainda precisava fazer baterias de exercícios de fisioterapia: “Eu era uma criança e obrigada a fazer exercícios que não eram apropriados para a minha idade porque não despertavam meu interesse. Sei o quanto é duro para quem tem dificuldades não poder brincar como os outros. Por isso, eu procuro instigar as crianças com brincadeiras criativas, nas quais a reabilitação também é um momento de diversão” explica.
A falta de dinheiro e uma relação familiar muitas vezes difícil também foram pedras no caminho de Joice. Mas elas foram contornadas com determinação e inteligência. Seus inventos eram feitos com o que ela tivesse à mão: sucatas, material reciclado e até peças dos brinquedos do irmão. Hoje, aos 27 anos, Joice é professora do Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos, onde atende gratuitamente. Suas invenções estão registradas no INPI e uma fábrica em São Paulo, produz suas criações. Joice possui um ateliê, o Puchalski Brinquedos Criativos, que fica localizado dentro do Centro Universitário Moacyr Bastos, em Campo Grande, RJ. Hoje são mais de 30, dirigidos à pacientes com Síndrome de Down, autistas, deficientes visuais, auditivos e mentais, gestantes e outros.
Fonte:
http://www.uol.com.br/aprendiz/n_noticias/fazendo_diferenca/id050203.htm
http://www.msb.br/pbc/pincipal.htm
acesso em maio de 2003
Jornal O Globo de 04.05.2003
http://www.centroral.com.br/pbc/pincipal.htm
acesso em fevereiro de 2007