Física

“Cinematógrafo”

Em 1899 nascia o genial Ludovico Persici, em Alfredo Chaves. Em 1927, ele registrou um invento na Biblioteca Nacional, o cinematógrafo ou Aparelho Guarany, construído com peças de gramofone, de relógios velhos e latas de manteiga, que conseguia a proeza de filmar, copiar, medir e projetar as fitas. Mas sem recursos não pôde desenvolvê-lo e acabou não reconhecido na sua época. Além da genialidade inventiva, o relojoeiro Ludovico era, acima de tudo, um apaixonado pelo cinema. Andava pelas ruas de Castelo, onde faleceu em 1944, fazendo e projetando pequenos filmes. Além do cinematógrafo, Ludovico Percebe também “inventou” o cinema no Estado. Foi o primeiro capixaba a fazer um filme, Bang Bang, em 1926, conforme o “Catálogo de Filmes – 81 Anos de Cinema no Espírito Santo”, de Carla Osório. Em 2007 durante a II Mostra Capixaba de C&T realizada pelo Cine Clube Metrópolis, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) foi realizada homenagem ao inventor capixaba e precursor do cinema do Espírito Santo, Ludovico Persici com entrega de placa para seus familiares.

 

Ludovico Persici foi o primogênito do casal Erasmo Persici e Maria Giro Persici, que tiveram 18 filhos. Seus pais casaram-se no município de Alfredo Chaves onde nasceu Ludovico. Em 1917 a família mudou-se para a cidade de Castelo em busca de novo mercado de trabalho, tendo em vista a decadência comercial de Alfredo chaves. Alguns historiadores e/ou curiosos andaram pesquisando sobre a vida de Ludovico Persici: Domingos Ubaldo Lopes Ribeiro (1928), Alex Vianne (1973), Ney Modenesi (1973), Hélio Silva (1973), Rogério Medeiros (1997), Fernando Tatagiba (1988), Arlindo Persici (1996), José Eugênio Vieira (2003/2004).

BR> Todos os filhos homens do Sr. Erasmo aprenderam à arte de ourives e relojoeiro. Especificamente com relação ao Ludovico, chegou a ser encaminhado pelo seu pai ao Rio de Janeiro para aperfeiçoar-se nas duas artes. Desde moço, sempre foi inquieto. Estava sempre a criar alguma coisa. Daí em algumas ocasiões ter deixado o lar familiar na busca de desenvolver as suas aptidões. Esta é a razão de ter feito várias mudanças de endereços (Alfredo Chaves, Castelo, Afonso Cláudio, Conceição do Castelo, Castelo, Colatina, Castelo, Belo Horizonte, Castelo, Vargem Alta). Quando residiu em Castelo, aproveitando a sua estadia no Rio de Janeiro, quando estava com 14 anos de idade, teve a oportunidade de ter contato com a área cinematográfica e da passagem de um alemão em Alfredo Chaves com uma máquina de cinema, impressionou-se com a magia desta nova arte, e começou a trabalhar um projeto de construção de uma máquina de filmar. Ludovico, desde pequeno, sabia fazer tudo e consertava tudo. Quando o menino desistiu dos estudos, no terceiro ano primário, passou a trabalhar na relojoaria, porém contrariado com o rigor paterno! Eram naturezas diversas. Em 1910, Erasmo Persici mandou o filho para o Rio de Janeiro, a fim de aperfeiçoar-se na famosa relojoaria do espanhol Manuel Palmerio. Aí, ficou três anos e tão inteligente mostrou-se que o chefe decidiu levá-lo para estudar na Europa. .Alguém avisou Erasmo, o pai, do que se passava e o resultado foi à volta de Ludovico ao lar, onde nunca foi compreendido, apesar do trabalho na oficina, substituindo, ou suplantano, Erasmo. Premido pela situação doméstica, nosso herói fugiu três vezes de casa. Na segunda, a família viu-se obrigada a transferir-se para Castelo, porque Ludovico não mais suportava Alfredo Chaves. Na terceira fuga, já completamente desavindo com o pai, Ludovico foi ganhar a vida percorrendo todo o Espírito Santo, realizando toda a sorte de serviços e consertos de relógios e máquinas.

Segundo seu irmão Arlindo Persici, Ludovico Persini fez o esboço da máquina em Castelo, adiantou e muito o projeto em Afonso Cláudio para terminá-lo definitivamente em Conceição do Castelo por volta de 1926, com as seguintes características: Filmava, Projetava, Media a metragem do filme, Media todos os quadros do filme e Tinha uma campainha que avisava o término da sessão cinematográfica. Já Rogério Medeiros afirma que Ludovico havia inventado uma máquina em Castelo que filmava e exibia filmes. Para ter onde mostrar as suas obras montou em Castelo uma sala de projeção, uma das primeiras do Brasil. Atraía espectadores com uma bandinha que percorria a vila anunciando o filme da noite. E ia à frente dela tocando piston. Tatagiba afirma que Ludovico Persici casou-se em 1923, em Afonso Cláudio e depois se fixou em Conceição do Castelo, onde inventou uma interessante máquina cinematográfica: Filmava, revelava e projetava. Era um engenho, ou melhor, máquina revolucionária e seu inventor um dos pioneiros do cinema do Brasil (patente no. 16476). Filmou o “Peão” Osório Eduardo de Souza que, com habilidade representou papel de mocinho em cenas de faroeste.

BR> Associado do sogro Ludovico instalou um cinema em Conceição do Castelo. Depois de cinco anos abandonou tudo e retornou a Castelo. Persici afirma que este cinema tinha uma particularidade interessante. Os espectadores traziam as suas próprias cadeiras e o Ludovico tocava piston de cinco em 5 minutos alertando o povo que a sessão iria começar. Quando morava com seu pai em Castelo, Ludovico arranjou um emprego no cinema do velho Rangel, onde era ajudante de operador da máquina de projeção. Com a aposentadoria do velho Rangel, o cinema foi transferido para o Sr. Antero Rodrigues, que promoveu o Ludovico operador oficial do cinema. Aliado a atividade de empregado do cinema, aproveitava-se da sua imensa habilidade e juntava tudo que a própria profissão de ourives e Relojoeiro lhe conferia, para se tornar um prodigioso e mágico na capacidade de inventar. Aproveitava tudo que caía em suas mãos, tais como: máquinas de gramofones, de relógios de parede e ferro velho em geral. Fazia mil improvisações. Quando Ludovico transferiu-se para Afonso Cláudio, lá conheceu a sua futura esposa, que era natural de Conceição de Castelo, e com quem se casou no dia 21 de dezembro de 1923. Decorridos alguns anos mudou-se para Conceição de Castelo, onde finalmente concluiu a sua máquina, que a patenteou no Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio do Rio de Janeiro, na data de fevereiro de 1927. Com o seu retorno à Castelo começou a fazer filmagens relâmpagos, utilizando-se inclusive de suas irmãs e irmãos. Revelava os filmes que produzia, utilizando-se do mesmo procedimento como fotógrafo. Retornou as suas atividades no cinema local.

 

Fonte:

http://www.seculodiario.com/arquivo/2004/janeiro/13/cadernoatracoes/cultura/13_01_03ct.asp

http://br.geocities.com/bravin_2000/imigra/imigracao/alfredochaves.htm

http://www.seculodiario.com.br/etnias/italianos/index12.htm

http://www.es.gov.br/site/noticias/show.aspx?noticiaId=99672505

http://www.maes.es.gov.br/cinememoria/ludovico.htm

http://intermidias.blogspot.com/2007_08_05_archive.html

Jornal A Tribuna, Vitória, Espírito Santo domingo, 29/06/2008 p.15

Agradeço a Wagner José Fafá Borges (inventar@inventar.com.br) pelo envio de informações em agosto de 2008 para composição desta página