Agropecuária

“Coletor de Dados para Uso em Campo”

Embrapa Instrumentação Agropecuária desenvolveu e testou um coletor de dados para uso em campo, eletrônico, portátil, versátil e de baixo consumo de energia, para facilitar a aquisição automática de dados. Conectado a um controlador eletrônico de pulverização, o equipamento controla a aplicação do produto, o registro em tempo real de variáveis como: Taxa de aplicação, velocidade, pressão, área tratada, volume de calda gasto, o tratamento destas variáveis gerando informações importantes para que a operação seja bem administrada e os custos reduzidos. O coletor é capaz de registrar e visualizar o local da pulverização (fazenda, área, tipo de aplicação e operador), os produtos e as quantidades utilizadas na aplicação.

 

O equipamento foi desenvolvido para atender as atuais exigências e necessidades do mercado, que até então, dispunha de registradores de dados mecânicos e efetuados por meio de papéis. As vantagens do registro automático incluem eliminação de erros humanos na leitura de sensores, eliminação de perdas de dados ocorridos, sincronismo de leitura entre vários instrumentos e frequência de leitura com intervalos precisos. O coletor de dados funciona num trator acoplado a um controlador eletrônico de pulverização fazendo o registro dos dados e possibilitando a conexão com um receptor GPS, sistema de antenas que recebe os sinais dos satélites do GPS e de correção, localizando instantaneamente o pulverizador, com isso todas as variáveis enviadas pelo controlador de pulverização ao coletor de dados, além de estarem referenciadas ao tempo, também estarão referenciadas ao local onde ocorrerão.

Os dados registrados em campo são trabalhados por software, que é capaz de informar os custos de pulverização em uma determinada área ou período. O equipamento foi repassado à iniciativa privada e está sendo comercializada pela Enalta, empresa de Catanduva, através de Licença de Exploração de Patente.

A população mundial não para de crescer, a demanda mundial de alimentos também não, condições climáticas mundiais dificultam a realização da atividade e produção agrícola. Nesse cenário por vezes desanimador a necessidade da pesquisa na área agrícola é enorme devido à necessidade de se descobrir formas de se incrementar a produtividade, de se diminuir os custas, de se melhorar a qualidade dos produtos, tudo isso aliado à preocupação em se agredir o mínimo o meio ambiente. A ENALTA Inovações Tecnológicas para Agricultura nasceu para pesquisar e desenvolver inovações tecnológicas no segmento de equipamentos eletroeletrônicos voltados para agricultura, buscando com isso contribuir para melhorar as condições de competitividade do Brasil, mais especificamente do Estado de São Paulo, no abastecimento do mercado.

Para tanto, propõem a pesquisa de um Sistema para Gerenciamento da Atividade “Pulverização” na Agricultura com Tecnologia de Aquisição Automática de Dados no Campo, que visa possibilitar ao agricultor total domínio sobre as informações envolvidas na atividade pulverização, tais como -. Dados diretamente envolvidos no equipamento de pulverização (taxa de aplicação (I/ha),velocidade do trator (km/h), quantidade de insumo aplicado por área tratada e outros) e dados envolvidos no controle da aplicação dos insumos (tipo de aplicação, tipo de insumo utilizado, etapa da cultura do produto, fase do plantio, horas/máquina trabalhadas, motivos de parada, local da aplicação e outros). Todos os dados acima relatados serão coletados no campo por módulos de Coleta de Dados – Móvel e Fixo (Hardware) e depois descarregados em um computador pessoal para serem transformados em Informações (Software de Gerenciamento) que possibilitarão ao agricultor automatizar a programação da atividade pulverização, avaliar o desempenho do operador, do equipamento agrícola (trator pulverizador) e do processo de pulverização, ou seja, gerenciar sua atividade como um negócio que visa à obtenção de resultados positivos, tais como -. Lucros maiores, melhor capacidade de organização do processo, maior condição de investimento em tecnologia e menor agressão ao meio ambiente. O sistema necessita de duas plataformas de coleta de dados por causa das grandes distâncias envolvidas no meio agrícola e a necessidade das máquinas agrícolas ficarem no campo por longos períodos. Os dados devem ser transportados diariamente sem a paralisação da atividade pulverização, a fim de verificar falhas e imediatamente corrigi-las. O software possibilitará ao agricultor ter todas as informações da pulverização permitindo com isso o máximo controle das variáveis, buscando os melhores resultados. Principais usuários: Usinas de Açúcar e Álcool, Usinas Cítricas e Prestadoras de Serviços de Pulverização. Num futuro próximo devido às reduções nos custos da tecnologia envolvida, atender também o Produtor Agrícola, através da possibilidade da locação do sistema, que dispensa o investimento inicial para aquisição da tecnologia.

O termo Gerenciamento das Atividades Agrícolas vem sendo muito utilizado no Brasil atualmente, devido às novas técnicas de produção e manejo que estão sendo criadas pela Agricultura de Precisão, e pelas exigências impostas ao mercado brasileiro do agronegócio. Um dos importantes focos no atual cenário para a redução de custos agrícolas é o gerenciamento dos processos produtivos, ponto no qual a Agricultura de Precisão desponta como uma ferramenta poderosa. Saber usa-la como um conceito gerencial, somada a outras ferramentas como a biotecnologia, será fundamental para aumentar a competitividade da produção agrícola nacional. Dentre as várias atividades envolvidas em um processo produtivo, tais como: fertilização do solo, plantio, pulverização e colheita, a pulverização tem em determinadas culturas, representado um papel importante nos custos finais da produtividade, como são o caso das culturas de cana-de-açúcar, onde a pulverização representa 24,6% da produtividade, a soja 26% e a citricultura 40% (Agro anual 2001).

Atualmente existem no mercado agrícola várias técnicas e equipamentos, a maioria importados, para aplicação localizada de herbicidas, os quais, ainda não estão adaptados para serem implementados em culturas brasileiras, inclusive cana-de-açúcar, devido às suas especificidades. Pela exigência de reduções de custos e aumento da eficiência em aplicações de herbicidas em cana-de-açúcar, soluções criativas e tecnológicas nesta área são temas de pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos. A presente proposta visa desenvolver um sistema de aplicação localizada de herbicidas com taxa e tamanho de gotas variadas em função dos mapas de prescrição e modelos meteorológicos em tempo real, dispositivos de controle CAN e módulo de navegação, utilizando de estação base e estações móveis com GPS-RTK conectados via link de rádio. O sistema será apropriado para utilização em Agricultura de Precisão na atividade de pulverização.

Em 1999, os engenheiros eletrônicos Cleber Rinaldo Manzoni e Clécio Aragão Biscassi decidiram apostar no conhecimento acadêmico como negócio e fundaram, em Catanduva (SP), a empresa de base tecnológica Enalta. Com interesse em apostar no agronegócio mas sem capital para tal, os sócios fizeram uma parceria com a Embrapa Instrumentação Agropecuária para desenvolver um projeto de produção e venda de um sistema de controle de pulverização de defensivos. “Na época, era impossível ter recurso para fazer a transferência de tecnologia. Desenvolvemos o trabalho com apoio da Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] e da [incubadora] Parqtec, de São Carlos [SP]”, conta Cleber Manzoni. A Enalta, que começou com um produto, dois sócios e receita anual de R$ 50 mil, hoje emprega 25 funcionários e fatura R$ 750 mil por ano com produtos de irrigação, colheita e pulverização para cana e soja.

A companhia, sediada em São Carlos, é uma das muitas que investiram na transferência de tecnologia da Embrapa para gerar negócios. Atualmente, os royalties recebidos pela Embrapa estão concentrados no segmento de sementes. José Roberto Perez, gerente-geral da Embrapa Transferência de Tecnologia, afirma que, dos 1,5 mil contratos que a estatal mantém com empresas privadas, 98% são em sementes. Ao todo, a Embrapa espera captar em royalties R$ 17 milhões neste ano, ante R$ 12 milhões em 2004. Em 2003, foram R$ 9 milhões. “A Embrapa tem apresentado crescimento significativo nas parcerias, e a tendência é ampliar esse trabalho com a aprovação pelo Congresso do projeto de lei de inovação tecnológica”, diz Perez. Hoje a Embrapa têm 170 produtos patenteados no Brasil, 89 deles também registrados no exterior. A estatal conta com 66 marcas de produtos no mercado interno e uma no exterior que podem ser produzidas por empresas privadas.

Segundo Ladislau Martin Neto, chefe da Embrapa Instrumentação Agropecuária, a estatal tem feito grande esforço para colocar no mercado uma série de equipamentos desenvolvidos desde a década de 1990. “A Embrapa quer estimular a criação de empresas de base tecnológica e tirar sua tecnologia das prateleiras dos laboratórios de pesquisa”. Segundo ele, a estatal tem 60 pedidos de patente para equipamentos de instrumentação agropecuária. Do total, 13 estão sendo colocados no mercado neste ano via projetos de transferência de tecnologia com empresas privadas. Até agora, oito equipamentos – entre eles o sistema de língua eletrônica para análise de bebidas, o extrator de amêndoas de frutas da Amazônia e um detector precoce de morte súbita dos citros – já encontraram parceiros comerciais. Em agosto, a Embrapa deverá abrir edital, por meio do Ministério de Ciência e Tecnologia, para buscar parceiros para outros cinco projetos.

 

Fonte:

http://www.cnpdia.embrapa.br/menuleft_desenv_produtos_coletor.html

http://watson.fapesp.br/PIPEM/Pipe6/engelet6.htm

http://www.enalta.com.br

Acesso em outubro de 2005

JORNAL VALOR ECONÔMICO        DATA: 19/07/2005 ON LINE Transferência e parcerias aumentam na área de equipamentos e ganham peso nos negócios, Por Cibelle Bouças