A dificuldade na rotina de partir os comprimidos, buscando a dose recomendada para os problemas cardíacos de sua mãe, acabou fazendo Ana Longuide Camillis, de 44 anos, virar inventora. Em meio à correria do dia-a-dia, Ana não tirava da cabeça a idéia de criar um cortador de comprimidos. Sem saber como desenvolvê-lo, socorreu-se com um sobrinho projetista. Foi parceria certa. Logo que o projeto ficou pronto, mandaram fazer a matriz, uma espécie de protótipo, um pequeno aparelho, munido de lâmina interna, muito semelhante a um grampeador, e encaminharam o pedido de patente ao INPI.
O cortador de Comprimidos é formado por três peças montadas: a base inferior possui alojamento prismático que permite o posicionamento do comprimido a ser cortado e ainda um encaixe articulado a que une com a base. A base superior, articulada à base inferior e possui alojamento para fixação de lâmina cortante. O conjunto assim montado permite que ao elevarmos a base superior, possamos posicionar o comprimido a ser seccionado, no alojamento prismático situado na base inferior; e ao abaixarmos a base superior, levarmos a lâmina metálica cortante nela fixada, de encontro ao comprimido seccionando-o. O produto é comercializado pela empresa gaúcha Mezzo, de Caxias do Sul.
A empresa foi uma das empresas que recebeu em 1997 o Prêmio Inovação, que chegou ao Estado do Rio Grande do Sul, por intermédio do projeto Alfa do Ministério da Ciência e Tecnologia. O secretário de Ciência e Tecnologia, Telmo Frantz, entregou o prêmio, que inclui uma linha de crédito de R$ 20 mil para o desenvolvimento de cada projeto, às 15 empresas selecionadas. Esta foi a primeira edição do prêmio em nível nacional.
Ana e o sobrinho – criadores do cortador de comprimidos – estavam tão certos de que o seu produto resolveria o velho problema de partir precariamente os remédios sobre a pia da cozinha que de cara mandaram fazer 50 mil unidades para comercializar. Porém, apesar da patente concedida no final de 1996 e do Prêmio Inovação do Sebrae em 1997, eles lamentam a falta de apoio no estado. Depois de tentativas frustradas de conseguir parcerias com empresários gaúchos, fundaram uma empresa – a Mezzo&Mezzo (meio-a-meio em italiano) – para colocar no mercado o invento. Ana garante que o produto é muito bem aceito pelo público, o que pôde constatar em uma pesquisa: “Entrevistamos 500 pessoas e apenas uma disse que não lhe interessava, pois não tomava remédios. As outras acharam fantástico”, comemora, contando ainda que, certa vez, quando expôs o invento na Festa da Uva, em Caxias do Sul, viu um ônibus estacionar em frente à sua casa. Eram turistas, à procura de mais cortadores de comprimidos.
Fonte: http://www.sinpro-rs.org.br/extra/set99/capa_1.htm
acesso em outubro de 2002
http://www.cortadordecomprimidos.com.br/informacoes.htm
acesso em fevereiro de 2007
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