Medicina

Cureta de Lima

Ermiro Estevam de Lima (1901-1997) otorrinolaringologista pernambucano, foi conhecido internacionalmente pelo acesso transmaxilar aos seios etmoidal e esfenoidal, para o qual criou a cureta que leva seu nome. Foi ele o criador e 1º Diretor do Serviço de ORL do Hospital do IPASE (RJ). Foi professor de duas faculdades de Medicina do Rio de Janeiro, ambos os postos obtidos por brilhantes concursos. Prosseguindo, a via cirúrgica citada passou desde logo a ser conhecido mundialmente como “Operação de Ermiro de Lima” ou “Operação de Pletranton” (Itália) Ermiro de Lima. Trata-se de um acesso transmaxilar aos seios etmoidal e esfenoidal. Sobre a cureta, muito utilizada por todos, tem, indubitavelmente, uma importância bem menor do que a própria cirurgia: “Operação de Ermiro Lima” (executada num dos seus tempos com o auxílio de uma cureta, conhecia como cureta de Ermiro de Lima).

 

Ermiro Estevam de Lima nasceu na cidade de Bezerros, em Pernambuco, no dia 26 de outubro de 1901. Viveu sua infância e adolescência no interior daquele Estado. Seu pai era um pequeno industrial, dono de uma fábrica de doces e conservas. Sua família era bastante numerosa. Ele tinha sete irmãos, dois dos quais seguiram a carreira médica. Quando jovem, desejava tornar-se engenheiro mecânico. Sua opção pela medicina sofreu influência de Paulo Afonso, médico do interior, muito amigo da família. Seu ingresso na carreira se fez sem que nenhum antepassado o ajudasse a ingressar na profissão. Seguindo a recomendação de Paulo Afonso, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia (1921) formando-se quatro anos mais tarde. Durante o período da faculdade foi auxiliar de ensino de dois médicos que gozavam de grande prestígio científico e político na época: Eduardo de Moraes, otorrinolaringologista, e Álvaro Fróes da Fonseca, anatomista.

Como clínico otorrinolaringologista, conciliou sua atuação no consultório particular com atividade na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, no Hospital São Francisco de Assis e no Hospital dos Servidores. Em 1953, foi convidado a exercer a presidência da Associação Médica do Distrito Federal (AMDF). Neste período, iniciava-se a greve da Letra “O”, que tinha por objetivo o enquadramento dos médicos do serviço público federal no nível mais alto no plano de carreira do funcionalismo: a letra O (projeto de lei no. 1.082/50). No seu entender, este movimento não tinha um caráter meramente pecuniário, ele buscava garantir o prestígio e o reconhecimento social do médico. Ao longo de quatro anos muitas paralisações foram realizadas visando aprovar o projeto de lei no. 1.082/50. Havia resistências no seio da categoria quanto à necessidade deste movimento. Tanto a Associação Médica Brasileira (AMB) quanto o Sindicato dos Médicos divergiam em relação a este tipo de encaminhamento.

Em dezembro, o presidente Café Filho vetou o projeto de lei que estava em tramitação no Congresso Nacional, mas garantiu o aumento salarial previsto. Apesar de não ter sido vitoriosa, a greve da letra “O” representou o primeiro esforço reivindicatório da categoria médica no Brasil. Ermiro Estevam de Lima ainda integrou a primeira diretoria do Conselho de Medicina do Distrito Federal (1957). Logo que terminou a greve voltou a atuar na universidade, nos estabelecimentos de assistência médica às coletividades e em seu consultório. Em 1959, conquistou a vaga da cátedra de otorrinolaringologia na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil. Seu nome se confunde, hoje em dia, com a história da otorrinolaringologia no Brasil. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 23 de fevereiro de 1997.

 

Fonte: http://www.hcnet.usp.br/otorrino/arq6/pers.htm

http://www.forl.org.br/revistas/arq7/carta.htm

http://www.coc.fiocruz.br/etica/ermiro.htm

Acesso em agosto de 2003

Agradeço a Eduardo Lima (edelima@uninet.com.br), filho do inventor por ter enviado a foto de Ermiro Lima em outubro de 2003