Medicina

Dentadura

Há anos, os brasileiros que frequentam os consultórios de dentistas sofriam com moldeiras inadequadas: essas peças, usadas para coletar a estrutura da arcada dentária, não eram adaptadas ao biótipo nacional. Essa é a conclusão de estudos realizados desde 1977 pelo professor Artêmio Zanetti, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP). Através da comparação de 400 arcadas (200 superiores e 200 inferiores) de pacientes com sete modelos disponíveis no mercado, Zanetti constatou que eram todos incompatíveis. A presença de dois modelos nacionais entre eles era irrelevante – tratava-se de simples cópias dos importados. Segundo o professor, nunca se havia medido anteriormente as dimensões do crânio brasileiro para a confecção de material odontológico.

 

Com base nas 400 arcadas estudadas, Zanetti e seus alunos passaram a desenvolver modelos que satisfizessem as dimensões cranianas dos pacientes brasileiros. Inicialmente, pensaram em moldeiras de metal, como as comuns, mas não encontraram empresas dispostas a produzi-las. Para tornar o projeto mais atraente, desenvolveram outros modelos de material plástico e conseguiram descer o custo a um décimo do original. Mesmo assim, não recebiam nenhuma proposta. “As indústrias não se interessavam em produzir peças que requeriam ferramentas muito específicas e seriam vendidas a poucas pessoas”, explica Zanetti. Posteriormente, graças a um financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi estabelecida uma parceria com a empresa Teccom, que assumiu a produção das moldeiras e já vendeu perto de mil kits com até 16 peças cada.

A adequação à boca brasileira, segundo Zanetti, não é a única vantagem que as novas moldeiras proporcionam. Elas permitem o uso de um articulador – aparelho que mede a posição dos maxilares do paciente e o modo como ele fecha sua boca. “Assim, o dentista pode obter, em uma sessão, o mesmo resultado que antes demandaria várias.” As moldeiras não foram desenhadas com um fim específico e podem ser usadas tanto para próteses quanto para aparelhos ortodônticos.

 

Fonte:

http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n168.htm

http://www.fapesp.br/tecnolog536.htm

 

Acesso em janeiro de 2002