Petróleo

Diesel Ecológico

Ônibus, caminhões, máquinas agrícolas e até barcos movidos a óleo vegetal e comestível. Esse pode ser o combustível alternativo do futuro. As pesquisas neste sentido avançam, colocando o biodiesel entre opções mais promissoras para substituir o óleo diesel, um subproduto do petróleo que lança na atmosfera partículas de enxofre, prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana. O diesel ecológico como é chamado, é resultado de uma reação química que mistura óleo vegetal, álcool de cana-de-açúcar e hidróxido de sódio.

Segundo a projeção da Associação Brasileira das Industrias de óleos vegetais(ABIOVE),o Brasil poderá exportar 40% mais de farelo de soja, se passar a utilizar o biodiesel como combustível. A capital paranaense é a primeira cidade do país a testar o chamado ‘combustível ecológico’, em dezembro de 2000, uma mistura que usa 89,4% de diesel, 8% de álcool anidro e 2,6% do aditivo derivado de soja AEP-102, que permite a mistura do álcool e diesel e promete reduzir consideravelmente a emissão de poluentes (43%) e gases tóxicos. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) testou a potência e o consumo de motores movidos a óleo vegetal, comprovando a redução na emissão de poluentes.

 

O diesel ecológico foi desenvolvido pelo pesquisador Alfredo Rafael Campi e é composto pela mistura do álcool combustível e óleo diesel. No mercado o produto está sendo denominado de aditivo AEP-102. Foram quatro anos de pesquisa e há dois anos está sendo utilizado pela Companhia de Transportes Coletivos Glória, de Curitiba (Paraná).

O AEP-102 é um aditivo Solubilizante da mistura álcool combustível/óleo diesel. Conforme é de conhecimento quase geral, o óleo diesel e o álcool combustível não se misturam, por serem de polaridades diferentes, assim como o azeite e a água. Para possibilitar essa mistura, é necessário o uso de um terceiro elemento, denominado “aditivo”. Os aditivos podem ser definidos, basicamente, em duas categorias/origens: primeiro, os de origem orgânica, como é o caso do AEP-102 – um éster da soja – biodegradável, despoluente, e solubilizante da mistura álcool combustível/óleo diesel. É um solubilizante porque permite a homogeneização perfeita da mistura álcool/diesel, sem necessidade de equipamentos de impacto para viabilizar o processo de mistura. Basta um sistema de agitação simples.

O AEP-102, entre outras características possui ainda a de não ser inflamável, podendo até mesmo ser transportado em aeronaves ou ser simplesmente armazenado em tanques comuns. Seguindo os de origens inorgânicas, como é o caso dos aditivos derivados do petróleo. Um aditivo desta natureza tem a desvantagem de, sendo derivado de petróleo, não possuir propriedades importantes como a degradabilidade e a renovabilidade, qualidades presente no AEP-102. Considera-se ainda que, o petróleo por ser uma fonte finita de energia, seus derivados também os serão em decorrência. O Aditivo AEP-102 foi desenvolvido pelo professor Alfredo Rafael Campi, após quase quatro anos de pesquisas em laboratório, no período de 1982 a 1986.

Logo após sua descoberta, o pesquisador, também conhecido como professor Lello – conforme prefere ser chamado – requereu e obteve a patente do produto junto ao INPI. A primeira fábrica do combustível ecológico será inaugurada no dia 27 de dezembro deste ano, em Cuiabá (MT). “Ao ser patenteado, o combustível ecológico foi considerado projeto prioritário pelo Conselho de Segurança Nacional”, explica. Rafael Campi mostra-se preocupado com a repercussão da venda de combustível ecológico porque sua advogada, Leila Fernandes de Souza, divulgou a possibilidade de repassar a patente para multinacionais. “Pesquisei durante três anos e meio para descobrir uma matéria, e não vou jamais prejudicar meu país, já que a descoberta é a única do tipo no mundo. Quero vender a patente do AEP-102 porque não somos uma potência financeira e aos 75 anos, preciso deixar um patrimônio sólido às minhas três filhas”, afirma.

 

Em março de 2001 a Lello Ciência e Tecnologia Ltda. de Taquatinga DF, obteve na Justiça a garantia para manter a patente do AEP-102 conhecido como combustível ecológico. O direito foi concedido pela justiça Federal do RJ face ao mandado de segurança impetrado pela empresa, em outubro de 2000, contra o INPI. A ação foi movida porque a empresa teve negado o pedido feito ao órgão em caráter administrativo. O combustível é fabricado com exclusividade, pela Ecológica Mato Grosso Ind Com. (ECOMAT) em funcionamento desde o início de 2001 no distrito industrial de Cuiabá. O produto, patenteado em janeiro de 1986 pelo inventor e um dos sócios da lello, Alfredo Rafael Campi, expiraria em 2001.

Em fevereiro de 1998, a ALCOPAR – Associação do Álcool e do Açúcar do Paraná – firmou um contrato de cooperação técnica com o professor Alfredo Rafael Campi – inventor e detentor da patente do Aditivo AEP-102 – para testar a mistura álcool/óleo diesel/AEP-102, nos seguintes percentuais: 11,2% de álcool anidro combustível; 2,6% do Aditivo AEP-102 e 86,2% de óleo diesel.

Desde então, cerca de 100.000 quilômetros já foram rodados, em ônibus da Companhia de Transportes Coletivos Glória, de Curitiba, Paraná, e os resultados estão sendo considerados surpreendentes, por meio de acompanhamento e monitoramento do TECPAR – Instituto de Tecnologia do Paraná. Os índices de poluição, tais como os que medem a “fumaça preta”, particulados, opacidade, resíduos poluentes em geral, caem em torno de 40% a 50%. Estes resultados significam, comparativamente, que seria o mesmo que retirar de circulação metade de toda a frota de veículos pesados que se utilizam de motores Ciclo Diesel.

Quanto ao desempenho dos motores, níveis de consumo, dirigibilidade, as alterações são imperceptíveis. O consumo aumenta em torno de 1% a 3%, portanto, em média, cerca de 2%. O desempenho do motor é considerado, pelos motoristas, igual ao observado quando do uso do óleo diesel comum. Segundo a Petrobrás, apesar dos testes feitos com ônibus metropolitanos em Curitiba, Paraná, a mudança anunciada provavelmente obrigará os fabricantes de motores a diesel a passarem a usar materiais mais resistentes à corrosão.

 

Fonte:

http://www.bol.com.br/noticias/geral/2000/12/18/0030.html

http://www.averdadedosfatos.com.br/ultimasnoticias/oleo_de_soja_podera_ser_um_combu.htm

http://ecen.com/eee20/adailson.htm

http://www.amazonpress.com.br/rondonia/dedoc/ro11112000.htm

acesso em janeiro de 2002

jornal Gazeta Mercantil Mato Grosso, data 05.02.2001 “Justiça garante patente do combustível ecológico”