Um equipamento desenvolvido no Instituto de Geociências (IGc) da USP pode auxiliar técnicos a obterem mais informações acerca do subsolo estudado, o que pode evitar erros e possibilitar maior segurança. O geólogo Flávio Almeida da Silva, que desenvolveu o protótipo em sua tese de doutorado pelo IGc busca agora patrocínio para a produção em escala comercial. Erros na investigação do subsolo para a construção de obras civis podem causar imensos prejuízos, principalmente em grandes dimensões, como no caso do metrô ou de usinas hidrelétricas. Alguns equívocos, porém, poderiam ser evitados caso os técnicos dispusessem de um sistema de monitoramento e controle de sondas rotativas, como o protótipo desenvolvido por Almeida. O monitoramento efetuado pelo sistema aumenta a quantidade de informações sobre o solo perfurado, permitindo que sejam tomadas decisões mais precisas acerca da intervenção no local.
As sondas rotativas são instrumentos para prospecção muito utilizados por geólogos e geotécnicos. Com isso, consegue-se amostras do terreno em diversas profundidades, possibilitando que os encarregados de construir a obra tenham o adequado conhecimento do subsolo. Flávio adicionou a uma sonda rotativa um sistema que monitora a perfuração. Via de regra, a investigação do solo é feita sem que haja um controle da perfuração, podendo resultar na perda de algumas amostras, pois a sonda as destrói, como é o caso das chamadas “rochas brandas” – constituídas por materiais de resistência intermediária, entre o solo e a rocha. “Essa transição pode não ser significativa, mas muitas vezes todo o maciço rochoso é composto por rochas sedimentares brandas”, explica o pesquisador. O monitoramento realizado pela sonda permite que estas amostras sejam preservadas e as condições de perfuração sejam registradas. Deste modo, obtém-se informações valiosas que seriam, literalmente, trituradas. “As rochas brandas são muito fortes para usarmos equipamento de solo, e muito fracas para o equipamento usado em maciços rochosos. Assim, existe uma dificuldade na obtenção de informações deste substrato. Com o controle da sonda, estas informações podem ser facilmente conseguidas”, afirma o pesquisador.
O projeto ainda precisa de aperfeiçoamentos e o pesquisador busca agora uma empresa disposta a bancar os custos para integrar o sistema à sonda em uma versão comercial. Almeida reconhece que seu protótipo ainda não está apropriado para ser usado em campo, pois precisaria ser mais resistente às adversidades da prospecção, como poeira e chuva. Além disso, ele ainda é uma espécie de periférico, quando o ideal é que seja incorporado à sonda. Em seu projeto, o geólogo desenvolveu um software que coloca o sistema em funcionamento e um aparelho chamado torciômetro, que registra o torque aplicado pela sonda. “Os modelos disponíveis no mercado, além de caros, não resistem ao trabalho exigido”, conta. Por conta disso, o pesquisador entrou com requisição de duas patentes, uma de invenção e outra para modelo de utilidade. A primeira delas é pelo torciômetro em si, que com base nos resultados obtidos é considerado “muito preciso” pelo pesquisador. A segunda é por todo o sistema, justamente pelo fato de que o controle da sondagem não é realizado em sondas rotativas para amostragem em rocha, embora os sistemas para o monitoramento existam desde a década de 70.
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010170040608
acesso em março de 2005
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