Esqueça a figura tradicional do técnico de laboratório especializado em análises de alimentos e outras substâncias, sempre às voltas com pipetas, tubos de ensaio, béqueres e bicos de bunsen. Já está disponível para os profissionais do setor a Estação de Trabalho Espectrofotométrica, um analisador químico totalmente automático e robotizado, capaz de quantificar, por exemplo, a presença de cloreto, ferro, nitrito, sulfato e sílica na água, ou detectar cianeto, sulfeto, fosfato e amônia em efluentes domésticos ou industriais. Permite ainda medir a concentração de cálcio e fósforo em rações ou cálcio, magnésio e fósforo em plantas, além de muitas outras aplicações. Tudo realizado em menor tempo que os métodos tradicionais.
A estação SWS 100 foi desenvolvida pela Femto, uma empresa sediada na capital paulista, sob a coordenação do físico Lídio Kazuo Takayama. Takayama já nos anos 70 tinha paizão por aparelhos. Queria ir para a indústria, mas era mal visto no meio acadêmico. Um “cisma”, como ele diz. o fez montar na Cidade Universitária, em São Paulo, seu primeiro espectrômetro, aparelhoa usado para detectar a presença de elementos em amostras. Em 1986 ele deu a virada na vida. A Femto tem hoje 12 funcionários e fatura R$ 2 milhões por ano. “Foi um haraquiri. Tive de me matar de um lado para renascer de outro”. O projeto Estação de Trabalho Espectrofotométrica teve o apoio da FAPESP dentro do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE), por meio de um financiamento total de R$ 114 mil, distribuídos em duas fases. Até o mês de abril, a Femto havia vendido duas estações. Uma para a Fundação do Meio Ambiente de Goiás (Femago) e outra para o Laboratório de Referência Animal do Ministério da Agricultura (LARA). São dois exemplos que demonstram ser amplo o campo de ação da estação. Ela serve às indústrias, órgãos de proteção ambiental, institutos de pesquisa e empresas diversas que fazem análise de alimentos, de solos e de plantas ou atuem na área de tratamento de água.
A utilização da estação de trabalho informatizada e robotizada exerce uma série de vantagens em relação aos métodos manuais. A primeira é uma redução de custos operacionais e gerenciais. A automatização traz uma série de benefícios, como aumento na velocidade do processamento, controle de qualidade quase em tempo real, redução de erros, aumento da segurança, redução de descarte de produtos químicos e melhora na comunicação e serviços. A análise laboratorial utilizando espectrofotômetro não-automatizado ainda é largamente utilizada. Mas as estações robotizadas com bom suporte de software terão um papel importante, sobretudo nos laboratórios que trabalham com grandes quantidades de análises.
A Femto iniciou suas atividades com o desenvolvimento e fabricação de espectrofotômetros de luz visível e de ultravioleta. Posteriormente, foi a primeira a fabricar no Brasil o espectrofotômetro de infravermelho, que não necessita de reagentes. A empresa, desde a sua fundação em 1989, direciona suas ações para alcançar o mesmo patamar de desenvolvimento tecnológico de suas correspondentes estrangeiras. As ações da empresa se concentram no desenvolvimento do produto, na montagem e no controle de qualidade, deixando a fabricação dos componentes dos equipamentos para outras indústrias, de forma terceirizada. A estrutura organizacional da Femto é familiar, formada pela associação do coordenador do projeto, Lídio Takayama, com mais dois irmãos, Francisco e Mary. Uma das funções dos três é sempre acompanhar as principais novidades acadêmicas e empresariais no Brasil e no exterior. A idéia da estação espectrofotométrica automatizada persegue Lídio desde o início da década de 80.
Com a invenção do sistema Flow Injection Analysis (FIA), análise por injeção em fluxo, a análise laboratorial de componentes de alimentos ou de efluentes (resíduos domésticos ou liberados pela produção industrial) ganhou em eficiência em comparação com os métodos tradicionais de manipulação. Na técnica FIA, a amostra objeto da análise é colocada em um tubo contendo reagente e depois redirecionada para um detector. Entretanto, restava um problema que deixava Lídio Takayama incomodado. Os aparatos montados para proceder à análise não eram facilmente intercambiados em operações envolvendo diversos tipos de reagentes e de amostras. Assim, se, após uma operação para detectar a presença de sulfato, fosse necessário analisar a presença de cloreto, seria obrigatório a remontagem do aparelho com nova configuração. O processo todo se tornava trabalhoso. Daí que, desde a concepção da estação de trabalho, a função do operador se limita a fazer uma nova programação no computador do aparelho, quando houver necessidade de outra reação química. Isso representa uma grande economia de tempo e de produtos em relação a espectrofotômetros anteriores.
Lídio Takayama conta que uma análise de demanda química de oxigênio (DQO), fundamental para análises ambientais, que normalmente leva mais de 3 horas utilizando técnicas convencionais, ficou pronta em apenas 12 minutos na nova máquina. Embora ainda não totalmente finalizada, a estação de trabalho da Femto começa a ganhar os primeiros concorrentes em países como França e Canadá. No entanto, as perspectivas comerciais da empresa brasileira são bem atraentes. As especificações e características da máquina a mantém num patamar altamente competitivo, com preços mais baixos em relação aos estrangeiros.
A crescente elevação do índice de adulteração dos combustíveis tem levado governo, indústrias e universidades a desenvolver novas tecnologias a fim de melhorar a sua qualidade. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a brasileira Femto estão desenvolvendo em parceria um equipamento 60% mais barato que o importado, que permitirá às petroquímicas avaliar a qualidade do combustível por meio da luz. “Hoje, no País, cerca de 18% dos combustíveis comercializados são adulterados. Em São Paulo, o índice é de 22%. Já em Campinas, há cerca de 41% de adulteração, principalmente por estar próximo da Refinaria de Paulínia (Replan)”, segundo Celso Arruda, professor do Departamento de Engenharia de Petróleo da Unicamp. A partir de 1995, a Femto começou a desenvolver um protótipo do Espectrofotômetro de infravermelho próximo em parceria com o Grupo de Instrumentação Analítica, sob a coordenação do professor Célio Pasquini. Atualmente, serão desenvolvidas mais três unidades para definição do produto final e realização de novos testes em campo. A previsão é que o novo equipamento esteja no mercado de 18 a 24 meses. De acordo com Lídio Takayama, diretor da Femto, o produto custará cerca de R$ 75 mil. “O preço será bem mais barato que o importado. A tecnologia é inédita no Brasil e já consumiu centenas de milhares de reais próprios para seu desenvolvimento”, diz. Localizada em São Paulo, a Femto tem 13 funcionários, foi fundada em 1989, e fatura cerca de R$ 2 milhões por ano.
Fonte: http://www.fapesp.br/tecnolog532.htm
acesso em abril de 2002
http://www.femto.com.br/sws100.html
http://watson.fapesp.br/PIPEM/Pipe8/quim1.htm
“Tecnologias inéditas buscam combater as adulterações”, Fonte:PANORAMA BRASIL 11/09/03
acesso em setembro de 2003
envie seus comentários para otimistarj@gmail.com.