O processo de cicatrização de feridas ocorre em três fases, antes que chegue a uma cura completa: 1. Fase Inflamatória; 2. Fase Fibroblástica e 3. Fase de Remodelação. A fase inflamatória prepara a ferida para sua cicatrização e elimina das mesmas presenças indesejadas; a fase fibroblástica reconstrói as estruturas danificadas e fortalece a ferida, antes que se entre na fase de remodelação e lhe dê a forma final. Estas fases da cicatrização normal das feridas são completas e muito organizadas. Além disso, não se misturam, e o final de uma fase é o estímulo para que outra fase ocorra.
Pacientes atendidos com queimaduras, no Hospital das Clínicas de São Paulo, são os primeiros a receber o tratamento com o curativo gelatinoso desenvolvido no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), batizado de Hidrogel. Trata-se de uma membrana constituída de 90% de água e 10% de polímeros sintéticos e naturais que, por estas características, mantêm a umidade do local afetado. Além das funções terapêuticas, o curativo impede a invasão de microorganismos, reduz o processo inflamatório da pele, e ainda alivia a dor. Outra vantagem é que o Hidrogel não gruda na pele, o que facilita as trocas.
O hidrogel é semipermeável, ajuda a manter um ambiente úmido na ferida, o qual promove granulação e epitelização. Proporciona moderada absorção de exsudato e sua remoção é atraumática. Auxilia no desbridamento autolítico por seus efeitos hidratantes e podem ser usados para preenchimento de feridas com espaço morto. Indicado para feridas de profundidade parcial, com pouca drenagem a moderada ou em feridas sem drenagem. Pode ser empregado em feridas contaminadas ou infectadas, e também quando ocorre aplicação de pomadas tópicas. Também ajuda a controlar a dor e pode ser usadas em feridas abdominais, lesões da mama; etc
O hidrogel desenvolvido é um gel composto de sal sódico de copolímero ácido acrílico (efeito geleificante), propilenoglicol (efeito umectante, favorece a fixação da umidade atmosférica à pele e ao produto), óleo mineral (emoliente de efeito oclusivo, formauma barreira suave devido a sua baixa concentração na fórmula, evitando a perda de água transepidermal), óleo de girassol (emoliente vegetal rico em tocoferóis e ácido lineleico, conferindo em combinação com a vaselina líquida uma proteção contra perda de água pela pele), digluconato de chlorexidine (desinfectante e anti-séptico, atua como agente bactericida frente a um largo espectro de bactérias), fenoxietanol metil parabeno-propil parabano (conservantes contra contaminação por bactérias e fungos), sulfadiazina de prata (ação bacteriostática e efeitos antimicrobianos frente às leveduras e fungos) e água destilada (cerca de 90%).
A pesquisa, realizada no Rio Grande do Sul, foi testada com sucesso pelo Corpo de Bombeiros de Porto Alegre. Maria Cristina pediu o registro do produto no Ministério da Saúde e também requereu a patente no Brasil. A requerente lamenta a demora na tramitação do pedido de patente: Se eu me dedicar a acompanhar esse processo no Brasil e ainda tentar patentear em outros países, não faço mais nada”, diz ela. Enquanto isso, laboratórios cubanos estão empregando o produto.
Fonte:
Patentes: Onde o Brasil perde, Sindicato da indústria de Artefatos de papel, Papelão e Cortiça no Estado de São Paulo, dez/93, pg 14
http://www.radiobras.gov.br/abrn/c&t/2000/retrospectiva_291200_1.htm
http://www.solelua.com/atual_curativos.htm
acesso em abril de 2002
http://www.fabricadefabricas.com/gelcosmeticshome.htm
acesso em agosto de 2008
Revista Isto É, de 25.10.1995, página 63