Fernando Capovilla, chefe do Laboratório de Reabilitação Cognitiva do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e sua equipe têm desenvolvido, por 12 anos, centenas de softwares e sistemas para auxiliar pacientes com deficiência motora. Com um computador, um software e sensores que funcionam como mouse, é possível formar palavras, frases e até sintetizá-las em voz. Isso é feito com a escolha de letras na tela do micro. O sensor pode estar na pálpebra do paciente, que realiza as operações por meio de piscadas de olhos, ou até por sopros, dependendo da sua condição. “Dessa forma, ele pode contar o que sente, onde dói, pedir que o mudem de posição etc.”, diz Capovilla.
Há cerca de 12 anos, o Laboratório de Reabilitação Cognitiva do Instituto de Psicologia da USP vem desenvolvendo programas para auxiliar a comunicação de pacientes com deficiências motoras graves, como tetraplégicos. Fernando Capovilla, chefe do laboratório, explica que o sistema é adaptado ao paciente. Um sensor é colocado em alguma parte do corpo, como na pálpebra, servindo de mouse. Dessa forma é possível escrever, navegar ou mandar e-mails. O sistema pode vir com um sintetizador de voz.
“Imagine um tetraplégico escrevendo uma mensagem que poderá ser ouvida por um deficiente visual em outro país”, comenta Capovilla. Os programas são vendidos pelo preço médio de R$ 600.
O paciente pode acessar o sistema através de um piscar de olhos, um gemido ou um sopro, por meio de um mouse ou um toque numa tela sensível, podendo comunicar-se selecionando recursos como fotos, filmes, palavras escritas e sinais da linguagem de surdos, por exemplo. Com apenas dois toques, o usuário pode criar e armazenar até 24 mensagens de oito elementos cada, e tê-las faladas, escritas e sinalizadas. “Um surdo que tenha sofrido uma lesão na medula cervical e não emite sinais, pode comunicar-se graças aos programas. Pode conversar com um surdo norte-americano ou com um cego de qualquer outro país, pois o sistema traduz a linguagem brasileira de sinais para a linguagem americana de sinais, e do português para o inglês, falados e escritos”, afirma o professor.
Segundo ele, o Laboratório realiza o acompanhamento de cada paciente atendido, seu desempenho e progresso. Um dos programas desenvolvidos avalia o nível de leitura do usuário, de acordo com sua duração e velocidade. Em caso de erros ou hesitações num determinado grupo de itens, o programa saberá a estratégia mais adequada para a melhoria da leitura. Há também sistemas para o tratamento e a reabilitação dos enfermos, que os ensinam a ler e escrever. Outros traçam um diagnóstico clínico e educacional dos distúrbios, para um melhor estudo e aplicação dos projetos, e alguns são usados para a pesquisa básica (estudo de processos cognitivos envolvendo memória e linguagem).
Hoje os projetos vêm alcançando grande sucesso e apoio. O começo, contudo, foi muito difícil. “Nos primeiros quatro anos, eu financiei tudo com 90% de meu salário mensal”, conta Capovilla, que chegou a receber de pacientes atendidos doações de equipamentos. A ajuda de psicólogos, engenheiros de programação, artistas plásticos, fonoaudiólogos, linguistas, neurologistas e educadores também foi de grande valor.
Fonte:
http://www.an.com.br/2000/mai/03/0inf.htm
http://www.saci.org.br/kitsaci1.html
http://www.usp.br/agen/bols/1998_2001/rede337.htm
acesso em fevereiro de 2002