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Muito em breve, será possível comer chocolates, beber refrigerantes e consumir qualquer guloseima sem culpa. Pelo menos no que se refere à parte nutritiva desses alimentos. Em Bauru, interior de São Paulo, um grupo de químicos da Usina da Barra S.A. – Açúcar e Álcool trabalham num alimento que promete revolucionar a alimentação dos brasileiros. Trata-se do New Sugar, uma fibra alimentar que pode ser adicionada a qualquer alimento, dando a ele as mesmas características apresentadas em verduras, cereais, grãos, nozes e sementes. E, claro, é adoçante. Além de trazer benefícios à flora intestinal, o New Sugar é inteiramente natural, não calórico e não-cariogênico. Atualmente, o produto está sendo obtido por um processo desenvolvido pela Unicamp, que utiliza um microrganismo que transforma moléculas de sacarose. Inédito no país, ele só é fabricado atualmente no Japão, que o comercializa para os Estados Unidos.

 

Com o New Sugar, o Brasil entra pela porta da frente nessa competição. “No momento, já estamos em negociação com diversas empresas líderes de alimentos, como a Nestlé”, diz Salvador Ferrari, pesquisador responsável pelo projeto. A iniciativa só foi possível com o apoio da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, órgão do Governo Federal. E o interesse da instituição não terminou com o investimento inicial, no valor de R$ 1,54 milhão (a Usina da Barra bancou o restante, R$ 6,2 milhões). A financiadora continua dando auxílio, essencial na procura de um produto mais puro e refinado, destinado ao mercado.

O produto tem o poder do adoçante e pode ser usado por quem é diabético, faz dieta e não provoca cáries. O processo, pesquisado desde 1991, foi realizado da seguinte forma: 1)Foram coletadas amostras de solos com plantação de café, cana-de-açúcar e citros, de todo o Brasil; 2)Das amostras, 2.000 bactérias, fungos e leveduras foram separados e reproduzidos em laboratórios. Entre os microrganismos, descobriram que um fungo se alimentava de sacarose; 3) O resto da sacarose foi eliminado em procedimento normal de usina. As pesquisas foram iniciadas em 1991, quando cientistas da Unicamp isolaram o fungo Aspergillus niger. Este microrganismo é capaz de sintetizar uma enzima que modifica a molécula do açúcar, um dissacarídeo, formado pela junção da frutose e sacarose.

Inédito no mercado nacional, o produto é a última palavra em adoçantes no mercado mundial, que tem estimativa de vendas para o ano 2000, de 170 mil toneladas. O sucesso do New Sugar é atribuído ao fato do produto ter funções que vão além de simplesmente adoçar alimentos. Além de natural, não calórico e não cariogênico, o New Sugar pode ser utilizado como um alimento funcional, pois traz inúmeros benefícios para a flora intestinal. O New Sugar está sendo obtido através do processo, desenvolvido pela Unicamp, que utiliza um novo microrganismo selecionado para a transformação das moléculas de sacarose. Na natureza, o adoçante, também conhecido como frutooligossacarídeo (FOS) é encontrado em alimentos como banana, cevada, alho, mel, cebola, tomate, entre outros.

Depois de produzido o New Sugar é adaptado às necessidades dos consumidores em termos de especificações técnicas, vida útil, apresentações (sólido, líquido etc.), embalagens, definição de dosagens e formas de utilização. O produto atenderá as diferentes formas de consumo, englobando o consumo humano, seja na ingestão direta ou como ingrediente para indústria alimentícia (bebidas, refrigerantes, iogurtes, balas, doces etc.) e como consumo animal, na forma de ingrediente para rações.

O produto da Usina da Barra irá suprir um mercado específico e em grande expansão. Os adoçantes dietéticos tem um potencial de atingir a 5% da população brasileira. Segundo estudos realizados pela Corn Products Brasil, empresa multinacional com atuação no ramo de alimentos em todo mundo, verificou-se que em 1995 foram comercializados 85 mil toneladas de adoçantes similares ao New Sugar no mercado internacional. Esta quantidade foi duas vezes maior do que a comercializada em 1990.

 

Fonte: http://www.estado.estadao.com.br/jornal/suplem/esta/98/11/21/esta002.html

http://www.finep.gov.br/caso_de_sucesso/new_sugar.htm

http://www.estado.estadao.com.br/edicao/pano/98/07/14/ger598.html

Cronologia do Desenvolvimento Científico e Tecnológico Brasileiro, 1950-200, MDIC, Brasília, 2002, páginas 222, 270

acesso em março de 2002

http://www.dialogomedico.com.br/dialogo032002/web/inovacao/default.asp

acesso em janeiro de 2004