Automóveis

Puma

Na década de 60, as competições de carros faziam sucesso, apesar dos autódromos serem ainda muito rústicos e os eventos pouco divulgados no imenso território nacional. A maioria das provas eram realizadas nos estados do Rio de Janeiro — Guanabara, na época — e São Paulo. No autódromo de Interlagos, na capital paulista, era realizada a famosa Mil Milhas.

Nesta época Jorge Lettry, que comandava na época o departamento de competições da Vemag, e o projetista Genaro “Rino” Malzoni, que mais tarde emprestaria seu sobrenome ao novo esportivo nacional. Juntaram-se a eles na empreitada Anísio Campos, piloto e designer, Luís Roberto Alves da Costa, Mílton Masteguin e Mário César “Marinho” de Camargo Filho, piloto da Vemag e possuidor de grande prestígio à época. Malzoni já tinha experiência com carrocerias originais feitas por ele usando chassis nacionais — ele “encarroçava”, vestia estruturas. 

A decisão recaiu sobre o chassi e a motorização DKW-Vemag, de dois tempos, três cilindros e tração dianteira. Este conjunto já havia mostrado seu valor nas pistas, com os DKW altamente modificados. A história de nosso grã-turismo começou em 1964, quando Malzoni fez o primeiro protótipo para as pistas com uma carroceria em chapas de metal. Foi feito em sua fazenda de cana-de-açúcar em Matão, interior de São Paulo. O sucesso nas corridas não demorou. Ganhou cinco provas em 1965. Sua estréia foi no Grande Prêmio das Américas, em Interlagos, e obteve o primeiro lugar entre os protótipos. Havia muitos desses “especiais” na época competindo, alguns com carrocerias bizarras. 

Seus concorrentes eram os carros da Willys, principalmente o Interlagos, cuja versão francesa Alpine havia sido homologada para competições como carro de Turismo, um equívoco do organismo internacional — a FIA –, segundo muitos. O objetivo, com o Puma, era justamente superá-los e aos FNM JK e Simca. 

Foi criada então a empresa Lumimari — nome formado pela junção de Luís, Mílton, Marinho e Rino — para dar inicio à produção em série. A carroceria, nitidamente inspirada na escola italiana, seria de plástico reforçado com fibra-de-vidro. O carro era pequeno, bonito e mais leve com o novo material. Tinha faróis carenados e logo abaixo ficava a grade oblonga, com frisos horizontais. A distância entre eixos passava de 2,47 para 2,22 metros. Rodas Mangels, com centro de aço e aro de liga leve, e limpadores em sentido contrário faziam diferenças. Seu primeiro nome era GT Malzoni. 

Em 1966, no V Salão do Automóvel brasileiro, era exposta a primeira evolução do GT Malzoni, o Puma GT. Suas linhas eram nitidamente inspiradas no Ferrari 275 GT. Seu desenho coube ao piloto-estilista Anísio Campos. Não tinha mais a simplicidade e o despojamento de um carro de corridas: o acabamento era luxuoso. No mesmo ano a pequena empresa tomava parte do Grupo Executivo das Indústrias Mecânicas. A razão social foi mudada para Puma Veículos e Motores Ltda. Em 1966 foram produzidos 35 Pumas DKW, número que chegou a 170 no ano seguinte. Foi Jorge Lettry quem sugeriu o nome Puma, “por ser o puma um animal felino, ágil e rápido”. 

No V Salão do Automóvel de 1966, a LUMIMARI apresentou uma versão redesenhada pelo famoso Anísio Campos, com requintado acabamento denominado PUMA GT passando, mais tarde, a ser conhecido como PUMA DKW. O PUMA GT, recebeu o Prêmio Quatro Rodas destinado ao melhor projeto de auto brasileiro cujo júri era integrado , entre outros, pelo indiscutível Designer Nucio Bertone, dos Studios Bertone da Itália. O PUMA GT passou então para a história do automobilismo brasileiro como a mais bela carroceria concebida neste país, chamando a atenção até hoje pelas linhas agradáveis e ao mesmo tempo agressivas de um verdadeiro puro sangue. Veja abaixo como Anisio projetou e construiu com a técnica de “wire-frame” – utilizando arames de tungstênio – o perfeito e harmonioso design do Puma VW, na Fazenda Chimbó de Rino Malzoni, em Matão, interior de São Paulo. 

Em 1967 o modelo, rebatizado como Puma, entra em produção. Era um cupê esportivo, o segundo produzido no Brasil em fibra de vidro (o primeiro fora o Willys Interlagos, clone do Renault Alpine francês). Em 1967, a indústria automobilística nacional dava uma reviravolta, começando a se modernizar graças à incorporação de várias indústrias por marcas maiores e com novos conceitos. A Vemag era absorvida pela Volkswagen.Com o término da fabricação dos DKW pela Vemag, a Puma se viu sem uma mecânica para o seu carro, sendo forçada a um novo desenvolvimento sobre a plataforma do Karmann Ghia 1500, que teve sua apresentação em 1968. Nascia então um mito, um sonho para os brasileiros. Era um carro que fazia sucesso por onde passasse. Pequeno mas vistoso, de linhas modernas, simples e elegantes. Apesar da pequena produção, não chegava ao público a um preço alto demais. Na revista dos EUA, Motor Trend de maio de 1971, mereceu reportagem de quatro páginas. Foi chamado de “The Brazilian Corvette”. A mecânica era DKW 1.0 (sim, os primeiros Puma tinham tração dianteira). Como a DKW foi comprada pela VW naquele mesmo ano, e a linha Vemag foi retirada de produção, o Puma-DKW teve vida curta: apenas 130 unidades foram produzidas. 

Anisio Campos estreou nos anos ´50. Suas criações sempre foram radicais nas épocas que aconteceram e servem de balizamento para a história do “automóvel brasileiro”. Nos anos `60 e `70 surgiram seus protótipos para corridas – um, que levou suas iniciais – o “AC” e os Fórmulas V e Super Vê, os Pumas – DKW e VW -, o Carcará – recordista de velocidade brasileiro até hoje, com 212,903 Km/H com motor 1.0 de dois tempos do DKW – em 1966; o GT-4R, feito para a revista 4 Rodas, os famosos Karmann-Ghia Porsche da Equipe Dacon, feitos em fibra de vidro e os diversos veículos, como o Mini-Dacon 828, Nick, Chubby – estes últimos ao lado de seu amigo e parceiro de grande capacidade e talento: Paulo Goulart, o dono da poderosa DACON S/A dos anos ´80 – em um total de doze carros projetados, construídos e lançados até hoje. 

Fonte: 
http://www.uol.com.br/bestcars/classicos/puma-1.htm
http://www.montadorasbrasileiras.hpg.ig.com.br/Geral/7/interna_hpg1.html
acesso em janeiro de 2002
http://freehost18.websamba.com/rodrigao/brasileiras/brpuma.htm
 
acesso em novembro de 2002
http://www.obvio.ind.br/O%20lancamento%20do%20Puma%20DKW%20-%201966.htm
 
http://www.glatt.com.br/artistas_curric.asp?pk_artista=096
 
acesso em junho de 2004
http://www.pumaclubdobrasil.com.br/
 
acesso em setembro de 2004
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