Medicina

Rollover

Inspirado nos tambores de equilibristas dos circos, o rollover é uma das armas da fisioterapia na recuperação de pacientes com lesões nas articulações dos membros inferiores. Cilíndrico e flexível, o aparelho permite que o paciente exercite as articulações, com menos atrito, em todas as direções. “Com o rollover, o paciente treina o equilíbrio e a coordenação motora para voltar a andar sem receio, com segurança”, disse o fisioterapeuta Maurício Garcia, membro do Cete (Centro de Traumatologia do Esporte) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

O aparelho também foi adotado pelo Hospital das Clínicas de São Paulo há três meses. “O rollover é uma nova opção. Com o aparelho, o atleta que se recupera de lesão no joelho ou no tornozelo melhora a sua condição proprioceptiva”, disse Pérola Plapler, médica-chefe do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas. Condição proprioceptiva, segundo Pérola, é o conjunto das seguintes características: coordenação motora, equilíbrio, força e agilidade. No caso dos atletas, explica à médica, o uso do aparelho pode ser muito bem-sucedido. “Principalmente porque treina força e agilidade.”

 

Inventado há cerca de três anos pelo professor de canto e teatro João Justino Leite Filho, o aparelho foi primeiramente usado na correção da postura dos seus alunos. “A postura ereta mantém o diafragma livre e a voz sai perfeita. No começo usava tambores. Mas depois veio a necessidade de que o aparelho fosse menor”, disse Leite Filho, que no início confeccionava o aparelho artesanalmente, construído à base de PVC. Durante uma apresentação de seu grupo, um fisioterapeuta se interessou pelo aparelho e motivou Leite Filho a expor em feiras de medicina. “Fiz vários contatos que me ajudaram no aperfeiçoamento do aparelho, que se tornou conhecido”, disse Leite Filho. O sucesso do aparelho na área da saúde foi uma surpresa para o seu inventor. “Estava preocupado em trabalhar a postura dos meus alunos e os estimulava a se equilibrarem em tambores. Nunca imaginei que da arte eu fosse parar na saúde “Como os tambores ocupavam muito espaço nas salas de aula, Justino começou a criar o Rollover, de forma artesanal, quando foi trabalhar na Casa do Adolescente, em Várzea Paulista (SP)”. O objetivo era ganhar espaço com um aparelho mais articulável. “Um dos médicos da instituição, dr. Carletti, viu o Rollover sendo usado pelos jovens e observou que ele tinha importância para a área de saúde”. Em uma de nossas apresentações o aparelho acabou chamando a atenção de fisioterapêutas que estavam na platéia. E que começaram a pedir o equipamento”, conta Justino. O Rollover – dois cilindros ligados por um eixo – já tem vários tamanhos e modelos especiais para exercícios e fisioterapia em solo e água. Baseado num sistema simples de rolagem – e sem nenhuma engrenagem – um dos modelos tem diâmetro de seis a oito polegadas e 36 centímetros de comprimento. É colorido, lavável e revestido de poliuretano, o que possibilita a articulação. Também já há o modelo duplo, com 72 centímetros de comprimento e que pode ser usado por duas pessoas. Ou o de 54 centímetros, indicado para obesos.

Filho de uma atriz e de um maestro, que também era professor de educação física e tenente do exército, João driblou a vontade do pai, que queria que ele fosse militar, e seguiu sua vocação. “Comecei a estudar teatro aos 17 anos e fiz cursos por todo o Brasil”, comenta ele, que atualmente leciona teatro na Escola Patelli, em Campo Limpo Paulista. Quando começou a dar aulas, achou necessário compor as canções de suas peças e passou a incentivar seus alunos a fazerem o mesmo. Aos 26 anos, João teve problemas de saúde. Os médicos suspeitavam de uma grave doença e deram a ele apenas seis meses de vida. Assim que foi informado que estava doente, resolveu escrever um livro em homenagem a sua filha. Assim nasceu “Planície da Escolha”, sua primeira obra, que foi lançada pela Editora Nacional, em 1987. Depois de passar por uma bateria de exames, foi constatado que o problema não era tão grave e João nasceu novamente.

Segundo o inventor João Justino: “O Rollover seria lançado por uma “grande” empresa do ramo de bicicletas, firmamos o contrato, nos preparamos para a produção de 1000 aparelhos ao dia, conforme exigido, desenvolvemos vários modelos para atender às sugestões de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, massoterapeutas, professores de educação física, psicólogos – queriam o produto para integração de equipe, para proporcionar alegria… -, artistas e a fisiatra Pérola Grimberg Plapler, do HC, sempre nos orientando e pretendendo colocar o aparelho nos aeroportos brasileiros para prevenção de tromboembolismo. A grande empresa, ao contrário do que pensávamos, não estava preocupada com qualidade de vida, apenas queria promover seu nome, conclusão: um prejuízo financeiro que ultrapassa 300 mil reais. A empresa fabricante do Rollover, Aero técnica União, de Campo Limpo Paulista, atua na área de climatização adiabática e felizmente sobreviveu e vive grande momento no mercado. Eu, inventor, perdi aproximadamente 90 mil reais e fiquei em situação bastante delicada, tive que interromper estudos, adiar planos, vender terreno, carro…”

 

Fonte: http://www.unifesp.br/comunicacao/ass-imp/clipping/2001/jan01/jan06.htm#1

http://www.terra.com.br/istoe/1618/medicina/1618circo_hospitais.htm

http://www.uol.com.br/diariodovale/arquivo/2001/marco/07/page/fr-colunas1.htm

 

Acesso em janeiro de 2003

http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u2065.shtml

http://www.portaljj.com.br/interna.asp?Int_idsecao=17&Int_id=49047

 

Acesso em junho de 2008

Agradeço ao inventor João Justino (joaojustino.artes@bol.com.br) pelo envio de informações em junho de 2008 para composição desta página