A ponte Rio-Niterói não precisará mais ser interditada quando estiver ventando, graças ao projeto de Atenuadores Dinâmicos Sincronizados (ADS), desenvolvido e patenteado pelo professor Ronaldo Battista, do Programa de Engenharia Civil da COPPE. Agora, as oscilações que ocorrem no vão central da ponte, provocadas pelo vento, terão uma redução de mais de 80%, dando mais segurança e tranqüilidade aos motoristas. Os ventos sudoeste que entram na baía, com velocidade relativamente baixa, em torno de 55 Km/h, têm freqüentemente provocado oscilações na ponte, induzidas pelas formações de vórtices (turbilhões), no escoamento do ar que passa pela estrutura. Ronaldo Battista explica que sempre que isso ocorre, geralmente duas vezes por ano, a ponte é fechada ao tráfego de veículos, sendo que, devido as dificuldades operacionais, em alguns desses eventos, a interdição é feita tarde demais. Os usuários geralmente entram em pânico quando enfrentam estas oscilações com grandes amplitudes de deslocamento vertical. O Professor diz ainda que caso o vento seja superior a 60 Km/h nada acontecerá com a Ponte. “O que pode acontecer é um fechamento ao tráfego, caso a ventania chegue a 100 Km/h, mas não haverá grandes oscilações. A interdição será para proteger os usuários de outros perigos”, concluí o professor.
A Ponte S/A para solucionar o problema, contratou a COPPE, através do Prof. Ronaldo Battista que, juntamente com sua equipe, desenvolveu o projeto de um sistema de controle dinâmico para atenuar substancialmente as amplitudes das oscilações associadas ao fenômeno aeroelástico, produzido pela seção de ventos. Ao todo, estão sendo instalados 32 Atenuadores dentro das vigas do vão central da Ponte, com duas toneladas, cada. A previsão é de que o trabalho seja concluído até o final do mês de abril. O ADS, como foi denominado o projeto, tem características únicas, comparado aos poucos instalados no mundo. Trata-se de caixas de aço presas por molas a uma estrutura metálica. Quando a Ponte começar a balançar devido a ação do vento sobre a estrutura, o ADS entrará de imediato em operação, produzindo forças de inércia (de controle) que irão contrabalançar as forças produzidas pela estrutura. A maior oscilação registrada na Ponte Rio-Niterói, como explica Ronaldo Battista, teve deslocamento pico-a-pico de 1,20 metros, o equivalente a 60 cm de oscilação para cima e para baixo em relação ao seu estado normal. Com a ação do ADS, a redução dessas oscilações será superior a 80%, resultando em valores estimados de 10 cm pico-a-pico. Uma amplitude baixa como essa, associada a um período de oscilação de cerca de 3 segundos, não causam desconforto aos usuários que trafegam sobre a ponte. Outros tipos de atenuadores dinâmicos, projetados pelo Engenheiro Ronaldo Battista, já foram instalados em outras estruturas no Brasil. A primeira foi a ponte de acesso ao Porto de Sepetiba, em 1993.
A solução proposta por Battista consiste em um conjunto de 32 unidades ADS que já estão instalados no meio do vão central, dentro das vigas-caixão gêmeas da superestrutura metálica da ponte. Os ADS são constituídos por caixas de aço (com duas toneladas cada) penduradas em seis molas em espiral, com capacidade de se alongarem até 3,5 m. Quando a ponte começar a oscilar sob ação do vento, os ADS também entrarão em ação, num ‘sobe e desce’ das caixas de aço, e produzirão forças de inércia para contrabalançar as forças produzidas pela ação do vento sobre a ponte. Além disso, os atenuadores vão anular a probabilidade de propagação das fraturas que podem ser provocadas por fortes variações de tensões localizadas induzidas pelos grandes deslocamentos verticais devidos à ação do vento, numa ordem de grandeza não considerada no projeto original.
Fonte:
http://jornalnacional.globo.com/semana.jsp?id=34704&mais=1
http://www.planeta.coppe.ufrj.br/artigo.php?artigo=475 (cache Google)
http://www2.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n1042.htm
acesso em setembro de 2004
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