Design

Tesoura para Destros e Canhotos

José Bornancini é titular de uma patente (MU 5500563 de 1975) referente a uma tesoura de costura, cujos cabos plásticos tinham uma forma anatômica adequada à mão do usuário para proporcionar máximo conforto e controle de corte. Tal conforto dependia além da forma, também da extensão das superfícies dos “olhos” dos cabos, em contato com os dedos do usuário, pois a sensação de esforço é tanto menor quanto maior for à área de aplicação do mesmo. Por isso os cabos plásticos, sem implicar num aumento excessivo do peso da tesoura, possibilitavam formas e dimensões mais confortáveis para os dedos da mão do usuário, com a consequente leveza no corte dos tecidos, mesmo quando espessos.

Constatou-se porém que uma perfeita adequação da forma e dimensões dos cabos das tesouras às características anatômicas das mãos de todos os possíveis usuários é limitada face às variações individuais dessas características. Como exemplo, o indivíduo canhoto constitui um caso limite, pois fica praticamente impossibilitado de empunhar os cabos anatômicos de uma tesoura projetada para o indivíduo destro. Especificando os anéis deformáveis elasticamente tem por finalidade adaptar-se elasticamente às características individuais de forma e dimensões dos dedos do usuário, resultando em cabos que se adaptam à mão do indivíduo e não o contrário como ocorre com as tesouras normais (em que a mão deve adaptar-se ao cabo). Os anéis ergométricos deformáveis elasticamente dos olhos das tesouras objeto da patente, é fabricada em borracha natural ou com materiais sintéticos tais como borrachas termoplásticas, elastômeros termoplásticos, termoplástico poliéster elastômero ou elastômero de poliuretano termoplástico. Os anéis poderão ter diferentes cores diferentes dos respectivos cabos, realçando assim as funções específicas dos anéis.

As tesouras existentes no mercado ou eram fabricadas especificamente para canhotos, como a tesoura Mundial Ponto Vermelho 661, por exemplo – de custo elevado pela pequena escala de produção – ou eram discriminatórias, contemplando ergonomicamente somente os destros. As Tesouras Softy, continuando a usar soluções herdadas de tesouras anteriores da Zivi, tais como a bucha de nylon para a mancalização das lâminas e a chapa de aço inox conformada por estampagem para fabricação de suas lâminas, constituiu-se na legítima evolução das já consagradas Tesouras Multiuse e Ponto Vermelho. Seu diferencial mais importante é o uso de um anel de elastômero macio nos “olhos” das tesouras que se adaptam tanto à mão direita como à mão esquerda, tornando o seu manuseio muito cômodo para os dois usuários. O custo das tesouras também foi reduzido pelo enxugamento da linha, além da retirada de tesoura específica para canhotos, agora não mais necessária. Durante mais de cinco anos a filial europeia da Mundial absorveu toda a produção, de mais de 3 milhões de unidades no período, não tendo sido possível sua venda no mercado nacional até meados de 1998.

O designer trabalha com produtos que serão fabricados em série e o processo integral de criação exige conhecimentos muito diversificados que incluem, desde o domínio dos processos de fabricação, o uso adequado dos materiais (e seus custos), a correta avaliação de produtos similares existentes no mercado, até o impacto que os processos e os materiais escolhidos possam causar ao meio ambiente, enquanto usados e após o seu eventual descarte. Petzold conta que iniciou a trabalhar em arquitetura como aluno em 1952, formando-se na turma de 1956 da UFRGS. Na época causava espécie que alguém não engenheiro, projetasse e construísse. Os trabalhos dos arquitetos pioneiros é que estabeleceu o reconhecimento e o respeito pela “nova” profissão. “Já então eu não me contentava em desenhar, por exemplo, uma esquadria. Eu queria saber como ela funcionaria, de que modo ela poderia ser feita melhor e mais barata. Interessavam-me os detalhes. Eu não saberia mais enfrentar o processo de síntese de milhares de alternativas para projetar uma residência mas me sentiria muito à vontade para analisar as implicações industriais necessárias para a ‘fabricação’ de algumas centenas ou milhares de casas” Para Petzold, haverá sempre alguma superposição de áreas porque a diversidade de campos de atuação em Design é quase infinita.

 

Fonte:

http://www.arcoweb.com.br/design/design14.asp

http://www.iab-rs.org.br/jornal/set_out_2000/entrevista.html

acesso em janeiro de 2002

http://www.apdesign.com.br/documentos_apd/documentos_profissaodesigner.asp

http://seberi.propesq.ufrgs.br/propesq/CSA.pdf

http://www.aplub.com.br/noticias/aplub/txtaplub.asp?cad_idnoticia=1131

acesso em julho de 2005

Agradeço a Nelson Petzold (npetzold@terra.com.br) pelo envio de informações em outubro de 2006 para a composição desta página