Física

Transmissor Inteligente de Concentração-Densidade

A Smar foi fundada em 1 de abril de 1974 com objetivo de prestar serviços de campo para turbinas a vapor da indústria açucareira brasileira. Os co-fundadores, Sr. Mauro Sponchiado e Sr. José Martinussi aproveitaram as iniciais de seus sobrenomes para formar o nome da empresa, ou seja, SMAR. A pequena empresa continuou prestando serviços de manutenção em turbinas a vapor até 1978. Foi quando a indústria açucareira começou a utilizar as novas turbinas a vapor com reguladores de velocidade eletrônicos. Não habituada a trabalhar com eletrônica, buscou assessoramento em um grupo de engenheiros de uma empresa vizinha. O Sr. Edmundo Gorini, chefe da engenharia elétrica daquela empresa, e seus colegas Paulo Lorenzato e Carlos Liboni aceitaram o convite de tornarem-se sócios da Smar. Logo em seguida, Sr. Caldeira, também um engenheiro, integrou-se a empresa. Este foi o início de uma nova era para a empresa. Nessa época, a empresa era composta por 13 pessoas, sendo 10 sócios e 3 funcionários. A prestação de serviço em turbinas a vapor proporcionou o capital para os trabalhos iniciais de Pesquisa e Desenvolvimento. Os resultados de P&D possibilitaram o desenvolvimento de um novo sistema para controlar a quantidade de cana de açúcar que deveria ser usada para alimentar os cortadores de cana e as moendas. Com o sucesso desta primeira inovação, a SMAR teve condições de continuar a investir em pesquisa e desenvolvimento. Novos produtos continuaram a ser desenvolvidos regularmente, sempre voltados para a indústria sucro-alcooleira.

 

Da prestação de serviços às usinas, a empresa apropriou-se da tecnologia de automação de processos e hoje domina o mercado nacional e é também reconhecida mundialmente. Cerca de um terço de sua produção é vendida no exterior movimentando mais de US$ 5 milhões ao ano. É a primeira em Fieldbus, importante protocolo de comunicação usado na automação, têm 1200 funcionários, 285 deles com nível superior, sendo 40 mestres e 3 doutores, e continua a investir na competência de seu time, seja contratando profissionais qualificados, seja qualificando os funcionários da casa. Desde que foi criada, em 1974, a Smar trilha os caminhos da inovação, primeiro com a ambição de se tornar líder na tecnologia de automação, e hoje para garantir essa liderança. Os funcionários da Smar estão espalhados pelas 11 unidades da empresa em Sertãozinho, laboratórios em Nova Iorque e Houston (nos Estados Unidos); e em suas filiais na Alemanha, Argentina, China, Cingapura, Estados Unidos, França e México. Do faturamento da empresa, US$ 60 milhões em 2002, 16% são direcionados para a área de pesquisa e desenvolvimento.

A empresa cresceu rapidamente, impulsionada por uma iniciativa bem sucedida do governo federal, o Proálcool, que visava substituir a gasolina por álcool como combustível de veículos automotores. Em 1981, com o decréscimo dos investimentos na indústria sucro-alcooleira, a empresa decidiu partir para o projeto de uma linha de instrumentos para controle de processos. Essa decisão foi bem sucedida e a empresa continuou crescendo. Em 1986, com seu contínuo crescimento no mercado nacional, a empresa buscou se expandir no mercado internacional. O sucesso dependeria muito do desenvolvimento de novos produtos que estivessem tecnologicamente atualizados e que fossem, ao mesmo tempo, comercialmente competitivos. A SMAR empreendeu então um plano de desenvolvimento que eventualmente tornou tais produtos uma realidade.

Após testar os novos produtos no mercado brasileiro, a SMAR incrementou seus esforços de venda, inicialmente nos Estados Unidos, a partir de 1989, e depois na Europa, a partir de 1990. Em 1988 a SMAR tornou-se o maior fabricante de instrumentos para controle de processos no Brasil, sendo que sua atuação nesta área só começou em 1982. Atualmente, mais de um terço da produção da empresa são vendidos no mercado internacional. Como o mercado mundial para produtos como os que a SMAR produz movimenta mais de 5 bilhões de dólares por ano, a empresa tem enormes possibilidades para continuar a crescer ao longo dos próximos anos.

O Transmissor Inteligente de Concentração/Densidade DT302 (Touché) é um equipamento destinado à medição contínua de concentração/densidade de líquidos, diretamente em processos industriais. O DT302 constitui-se de uma sonda com dois diafragmas repetidores que ficam mergulhados no fluido de processo. Um sensor de temperatura que fica dentro da sonda localizado entre os dois diafragmas repetidores compensa automaticamente qualquer variação da temperatura do processo. Cuidados especiais na fabricação e montagem da sonda e do sensor de temperatura fazem com que pequenas variações na temperatura do processo sejam rapidamente informadas ao transmissor, que através de um software dedicado calcula com precisão o valor da densidade do fluido do processo e ou concentração. De acordo com o processo industrial a concentração medida pelo DT302 pode ser expressa em Densidade, Densidade Relativa, Grau Brix, Grau Baumé, Grau INPM, Grau Plato, % de Sólidos, etc. O DT302 utiliza o protocolo de comunicação digital Fieldbus Foundation. O equipamento possui até 20 Blocos Funcionais instanciáveis dinamicamente. Os Blocos Funcionais permitem a implementação de estratégias de controle simples ou complexas no dispositivo de campo, tornando-o parte integrante do sistema de controle. Para usufruir completamente dos benefícios dos Blocos Funcionais no dispositivo de campo, é recomendável utilizar um Sistema Fieldbus Foundation verdadeiro.

A Smar Equipamentos Industriais produz principalmente sensores e transmissores de processos de automação. São pequenos equipamentos, recheados de tecnologia, fundamentais para praticamente todos os processos industriais. A exemplo, as indústrias do petróleo, açúcar e álcool, química, petroquímica e siderúrgica. Entre as empresas que compram seus equipamentos, além das nacionais Petrobras, Cebrace e a Companhia Energética Santa Elisa estão as internacionais Shell; BASF; Corning Concord, produtora de fibra óptica para telecomunicações, que fica em Carolina do Norte, nos Estados Unidos; Binzhou Chemical, indústria química chinesa; CFE Geradora de Energia, mexicana; e ainda a Marinha Norte-Americana e a estatal norueguesa Statoil, controladora da maior plataforma marítima de prospecção de gás do mundo. Segundo Carlos Roberto Liboni, sócio fundador e diretor da Smar, boa parte do faturamento da empresa provém das vendas ao exterior: cerca de 40%. A Smar também figura entre as primeiras empresas brasileiras com patentes depositadas nos Estados Unidos. Segundo dados da U.S Patent and Trademark Office – o escritório de patentes norte-americano – ela ocupa o sexto lugar nesse ranking, perdendo, entre outras, para Petrobras, a Embraco, Vale do Rio Doce, conforme os números de 2002. “São 10 cartas patentes nos Estados Unidos e mais 40 pedidos em andamento”, conta Pedro Anísio Biondo, gerente de eventos e publicações da Smar. Biondo integra a comissão interna da empresa que, desde 1994, discute com os funcionários a importância e a necessidade da proteção intelectual.

“Quando íamos mostrar os produtos para nossos clientes no exterior, eles perguntavam se a tecnologia já estava patenteada”, conta Biondo. “A demanda pelas patentes veio daí, de quem compra nossos produtos”, afirma. Carlos Liboni, que além de diretor da Smar é vice-presidente da Fiesp, diz que nem a Smar nem o Brasil, há alguns anos, tinham tradição em patentes. “Hoje vendemos produtos patenteados como ferramentas tecnológicas: por exemplo, passo para as minhas concorrentes norte-americanas um estoque de software patenteado e cobro por isso, não a receita da licença, mas a tecnologia que ele passou a usar incorporada”, conta Liboni. Entre as concorrentes que compram tecnologia da empresa de Sertãozinho estão às norte-americanas Metso e Rockwell Automation e a suíça Endress Hauser. No dia 4 de novembro, em Brasília, a empresa Smar recebeu aplausos do Presidente da República durante a entrega do Prêmio Finep – Etapa Nacional. O Prêmio, na categoria grande empresa, foi entregue a Libânio Carlos de Souza, diretor de desenvolvimento eletrônico, funcionário da empresa desde que saiu do ITA, em 1986. Menos falada na mídia nacional, mas bastante comentada entre os pesquisadores da Smar, foi à condecoração recebida em Houston, também no mês de novembro, durante a feira da ISA (The Instrumentation Systems, and Automation Society), o maior encontro de automação mundial. A Smar, junto com um de seus clientes – a Cebrace de Caçapava -, ganhou o prêmio de melhor planta industrial do ano.

A Smar nasceu no mais importante polo açucareiro do Brasil, não por acaso. Seus fundadores, Mauro Sponchiado e José Martinussi, cujas iniciais dos sobrenomes deram nome à empresa, decidiram constituí-la com a intenção de prestar serviços às turbinas de vapor da indústria açucareira. Isso em 1974. Cinco anos mais tarde, Sponchiado, hoje vice-presidente da Smar, convidou os engenheiros Edmundo Gorini, Paulo Lorenzato e Carlos Liboni para fazerem parte da empresa, todos eles funcionários da antiga empresa Zanini (hoje incorporada a DZ). Nas palavras de Sponchiado, “este foi o impulso que levou a empresa a um grande projeto de automação, que iria revolucionar o setor sucroalcooleiro do Brasil”. O momento era propício para a empresa que nascia, pois junto com ela estava sendo criado o Proálcool. “Houve uma espécie de regime fiscal especial. O governo colocou no programa muito dinheiro para desenvolver tecnologia no país já que não havia tecnologias disponíveis para importação”, conta Liboni. “Quem poderia entender de álcool nos Estados Unidos?”, brinca o empresário.

As indústrias financiadas pelo Proálcool repassavam parte dos recursos para a Smar que, por sua vez, desenvolvia produtos com novas tecnologias que atendessem ao novo mercado. “Foi uma época em que ganhamos muito dinheiro (de 1979 a 1981) éramos a única empresa que estava desenvolvendo produtos nessa linha”, diz Liboni. Com o fim do Proálcool, em 1982, a empresa se viu impelida a buscar mercados alternativos: os produtos antes restritos ao setor do açúcar e do álcool, começaram a ser desenvolvidos com o intuito de atender, por exemplo, a Petrobras e à indústria petroquímica. Nesse momento, a Smar soube se beneficiar de outra política industrial do país: “A SEI, Secretária Especial de Informática (criada durante o governo do General Figueiredo, em 1979), desenvolveu uma política de informática bastante protecionista e nós centramos nossos estudos naqueles nichos de substituição de importação”, explica Liboni. Ainda segundo Liboni, foram os produtos desenvolvidos durante esse período que alavancaram a Smar para setores alternativos ao álcool e que, consequentemente, a mantiveram viva.

Em 1986, a empresa percebeu que o protecionismo estatal criado pela Lei da Informática estava com os dias contados. Ele elevava os custos dos produtos no Brasil e os compradores não estavam dispostos a pagar mais por eles. A estratégia da Smar foi então buscar o mercado internacional: “pegamos aqueles produtos que havíamos desenvolvido para fazer substituição de importação e resolvemos fazer o caminho inverso – fomos exportar”, conta Liboni. Ao se aventurar no mercado externo, a Smar soube aproveitar outro momento histórico importante: era um período de transição – a mudança da tecnologia analógica para a tecnologia digital. “A automação nessa época tinha uma perfil majoritariamente analógico, mas já começavam a aparecer os primeiros papers dos instrumentos digitais”, lembra Liboni. A Smar dedicou-se a isso, a transpor a automação analógica para digital. Pouco tempo depois, em 1988, o estande da empresa seria o mais visitado na feira da ISA (The Instrumentantion, Systems, and Automation Society), em Houston, nos Estados Unidos. “Era uma coisa nova”, diz Libânio de Souza, “nós havíamos criado nosso próprio protocolo digital”. Libânio, que também esteve em Houston nesse ano, lembra da surpresa dos visitantes aos saberem que uma empresa brasileira estava liderando uma nova tecnologia. “Chamamos a atenção dos nossos concorrentes, era gente fotografando, questionando, querendo saber quem estava por trás – se o Estado ou alguma multinacional – propuseram até a compra da empresa”.

A Smar não estava sozinha, outras empresas concorrentes também buscavam o seu próprio protocolo digital. Surgiu então, como reivindicação dos industriais, clientes e representantes da ISA, a necessidade da criação de um protocolo padrão. Criou-se o Fieldbus. “Nós compramos todos os equipamentos das concorrentes, desmontamos, estudamos e, no final, desenvolvemos o menor e melhor transmissor do mercado”, conclui Libânio. (VD).Transformar as medidas tomadas em campo em sinais digitais, enviar para uma rede que o decodifique e por fim, automatizar o processo, é o que se chama tecnologia Fieldbus – um protocolo de comunicação totalmente digital, serial e bidirecional entre os equipamentos de campo (como os sensores) e os sistemas de controle. Protocolo com o qual a Smar foi à primeira empresa a se aventurar – é dela o primeiro chip Fieldbus produzido no mundo. É também devido à tecnologia Fieldbus que a Smar obteve, nos últimos cinco anos, uma média de crescimento de 27,5%.

Segundo César Cassiolato, o engenheiro Libânio pode ser chamado como o “pai do Fieldbus”. “No mundo inteiro”, anima-se César, “não tem ninguém que conheça mais da tecnologia do que ele”. Por conta de engenheiros como Libânio a Smar trouxe para si o papel de puxar as pesquisas mundiais em Fieldbus. Sempre que uma nova tecnologia no protocolo está sendo desenvolvida, é preciso que no mínimo duas empresas se disponham a testá-la e daí então fazer a validação. A Smar sempre é uma dessas duas empresas. Quando se diz, porém, que a Smar é líder em processos de automação, não se trata apenas da liderança no sistema Fieldbus: “a Smar é a única empresa que domina as principais tecnologias de automação, além do Fieldbus, o Profibus, o Hart e o SBT”, afirma Libânio. Libânio Carlos de Souza é Engenheiro formado pelo ITA, tem 42 anos de idade e quase metade deles trabalhando para a empresa. Como os 10 engenheiros que acabam de ser contratados, Libânio conheceu a empresa a convite da própria Smar, ele e mais 10 alunos do ITA. “Pensei comigo”, relembra o engenheiro, “se 10% do que eles querem desenvolver realmente acontecer, esta será a melhor empresa para trabalhar”. Libânio e outro colega toparam o desafio. Os outros oito, além do receio de ficar fora do eixo Rio – São Paulo, não acreditaram nos planos da empresa. “Aos poucos fui percebendo que a Smar iria realizar não 10% dos seus planos mas 100%”, comemora Libânio. Hoje, sob sua supervisão, trabalham 110 funcionários, 100 deles engenheiros formados pelas grandes instituições de ensino do país como o ITA, a USP, Unicamp e UFRJ. Eles ficam divididos em 10 grupos de trabalho. Entre eles o grupo do Laboratório, que dá suporte à montagem dos protótipos e realiza os testes necessários. Nessa equipe, está um dos funcionários mais antigos da empresa, o técnico Léo (Leopoldo Senra), com 23 anos de Smar. Os outros grupos são de Comunicação, de Equipamentos de Campo, de Blocos Funcionais, de Industrialização, Interface, Sistemas, Layout, Certificação e Testes e Qualidade.

As pesquisas na Smar em geral nascem de um programa maior elaborado pela diretoria da empresa e sua equipe de P&D, o PGD – Planos Gerais de Desenvolvimento. Quando Libânio começou a trabalhar na Smar, em 1986, a diretoria da empresa lhe apresentou o PGD 2, aquele que, conforme nos contou o engenheiro, foi 100% cumprido e cuja meta principal era conquistar o mercado externo. O PGD 3 teve como meta o desenvolvimento da plataforma Fieldbus. Hoje, a equipe está trabalhando no PGD 4 cujo principal objetivo é desenvolver a plataforma Fieldbus para Internet. Cassiolato explica: de qualquer computador conectado à rede, poderá ser possível acompanhar o processo no chão de fábrica, colher informações sobre os equipamentos. A ferramenta disponibilizará diagnósticos de uma caldeira, por exemplo, indicando se há necessidade de manutenção ou não. “É uma ferramenta com função proativa, antes que qualquer problema aconteça no sistema, ela conseguirá acusar”, diz Cassiolato, ele mesmo, um dos 37 coordenadores de projetos.

Uma diferença fundamental, no entanto, entre os pesquisadores da empresa e os que estão atrás dos muros das universidades são os prazos estabelecidos. A pressão para o término dos projetos é grande. Por vezes, a nova tecnologia é apresentada ao cliente antes mesmo de concluídos os estudos. E quando gostam, os clientes cobram. Outras vezes a pressão vem das feiras internacionais. Decide-se, por exemplo, que o projeto deve estar concluído para a feira de automação que acontece todos os anos nos Estados Unidos. Para Libânio, essa forma de pressão incentiva o pesquisador: é na verdade uma valorização do projeto – é tão importante que fica todo mundo esperando para ver o resultado. Além do departamento chefiado por Libânio, a Smar possui outras unidades de pesquisa, o departamento de pesquisa mecânica e dois laboratórios de desenvolvimento, um em Nova Iorque e outro em Houston. “Para esses dois laboratórios mandamos nossos grupos que fazem levantamento de pesquisa inicial”, conta Libânio. “Lá é tudo mais ágil. Aqui, pode levar até um mês para chegar um componente necessário ao andamento da pesquisa, enquanto que lá, chega em minhas mãos até um dia depois do pedido”, explica Libânio.(VD)

 

Fonte:

https://www.smar.com/brasil/sobresmar.asp

http://www.inovacao.unicamp.br/inovando/inovando-smarpressao.shtml (Valesca Dios)

Acesso em outubro de 2004