Medicina

Tratamento de Vitiligo 2

Uma nova técnica para o tratamento do vitiligo – doença que causa descoloração da pele – traz ao doente a possibilidade de melhor resultado estético. O novo método, desenvolvido pelo dermatologista Carlos Santos Machado, consiste em “raspar” pedaços de pele normal do paciente e “aplicá-los” cirurgicamente, em uma única sessão, nas regiões sem coloração. “A pele doadora é raspada em vez de ser cortada. É como se você ralasse a pele, que depois se reconstitui normalmente”, explica o dermatologista. “O que existia anteriormente para tratar o vitiligo eram técnicas semelhantes, mas com maneiras de execução totalmente diferentes, e o resultado estético ao final do tratamento não era muito bom.” Segundo Machado, o antigo método retira pequenas áreas da pele do tamanho de confetes, em vez de raspas. “Apesar de poder tratar áreas maiores, o resultado do enxerto de confetes nas áreas afetadas pela doença deixa a pele saliente e esteticamente com aspecto desagradável”, diz. “Além do contorno desses confetes ficarem mais escuro que o tom da pele normal do paciente, os halos não se fundem, deixando a pele saliente, parecendo verrugas”, acrescenta.

 

Carlos Machado conta que existe outro tratamento, extremamente caro e ainda realizado de forma experimental, no qual se retira um pedaço pequeno da pele pigmentada do paciente para ser reproduzida em laboratório. “Financeiramente é inviável para os pacientes. Esse foi um dos motivos que me levaram a buscar outras alternativas”, afirma. O dermatologista testou o novo método em 40 pacientes portadores da doença, no trabalho de doutorado apresentado na Unifesp. De acordo com ele, para verificar se haveria reprodução de melanócitos (célula responsável pela produção de pigmentos da pele), uma área pigmentada – saudável – foi raspada e depois enxertada na área com vitiligo; como comparação, outra área, com vitiligo, foi raspada, mas sem receber o enxerto. “Em aproximadamente dois meses, o local afetado pela doença que recebeu o enxerto de pele já estava pigmentado e sem alterações ou saliências”, afirma. “Em contrapartida, na área com vitiligo que foi raspada e serviu como área controle, não houve aumento significativo de melanócitos.”

De origem ainda desconhecida, o vitiligo causa descolorações na pele caracterizadas por manchas esbranquiçadas de formas e tamanhos variáveis, com bordas irregulares e limites nítidos. A doença tem evolução incerta, podendo até mesmo, em alguns casos, ocorrer cura espontânea. Carlos Machado explica que, apesar de mais barato, o tratamento só pode ser realizado em pequenas áreas despigmentadas a cada sessão (do tamanho aproximado de uma caixa de fósforo) e nos casos em que a doença não esteja progredindo. “Essa é a única limitação do tratamento, pois, dependendo da área, é necessário fazer vários enxertos”, afirma. “O vitiligo muito extenso deve ser tratado clinicamente. O novo método deve apenas completar o tratamento.”

 

Fonte:

http://www.unifesp.br/comunicacao/jpta/ed150/pesqui3.htm

Acesso em janeiro de 2003

http://www.sbcd.org.br/machado.php

Acesso em outubro de 2003