As primeiras eleições no Brasil foram marcadas por uma série de irregularidades. Não havia tribunal eleitoral. Ninguém sabia ao certo quanto dos 17 milhäes de brasileiros estavam aptos a votar. João Melão Neto retrata o quadro da época: “Enquanto durou a República Velha, os “coronéis” do PRP local (o Partido Republicano Paulista) se encarregavam de tudo. Providenciavam o recinto, elaboravam as listas dos candidatos, nomeavam e remuneravam os mesários, os fiscais e os apuradores. Aos eleitores bastava se apresentar e assinar o nome nas listas dos seus candidatos “preferidos”, sempre sob a orientação e a observação zelosa dos membros do partido. Se, por algum motivo, não pudessem comparecer, não tinha importância. Alguém se encarregaria de assinar em seu lugar. Se faltassem votos, os falecidos eram convocados e assinavam também… Não havia brigas políticas.O presidente Rodrigues Alves, por exemplo, que tinha fazendas por lá, foi eleito com a totalidade dos votos do município. Capistrano de Abreu, a quem se atribui a famosa fórmula constitucional de apenas dois artigos, um obrigando todo brasileiro a ter vergonha na cara e o outro revogando as disposições em contrário, escreveria, com a segurança do conhecimento, em 1925: “Hoje, a fraude começa pelo alistamento eleitoral, prossegue pelo depósito fosfórico do voto, quando não se prefere quebrá-la ou roubá-la pela apuração fraudulenta da urna”.
A criação da Justiça Eleitoral e do voto secreto só aconteceria com a Revolução de 1930. Com a queda do Getúlio em 1945, inventaram a cédula eleitoral. Em vez de só assinar as listas, os eleitores tinham de colocar a cédula na urna. Num raio de cem metros não podia ficar ninguém observando. A Lei Eleitoral deixava a impressão das cédulas por conta de cada candidato, o chmado voto-marmita, que deu margem a perpetuar o voto de cabresto. Em 1955 foi inventada a cédula eleitoral: era uma cédula em que apareciam os nomes de todos os candidatos e o eleitor tinha que fazer um xis no nome do preferido. Receosos de perderem seus “fiéis” eleitores, o Congresso tratou de aprovar uma lei eum que ficavam mantidas as “cédulas únicas”, mas deixaram que os partidos as distribuíssem. Aí deu na mesma. Tudo era feito do mesmo jeito, só que, em vez de dar ao eleitor a antiga cédula impressa, punham na mão dele a nova, já com o xis no lugar certo… Somente nas eleições de Jânio Quadros é que foi aprovada uma lei obrigando a que a “cédula única” fosse distribuída e assinada exclusivamente pelo mesário.
Até a chegada do voto eletrônico, os eleitores depositavam suas cédulas numa urna de lona, com tampa móvel fechada a chave. Ela foi lançada em 3 de outubro de 1955, na eleição presidencial vencida por Juscelino Kubitschek. A urna foi criada pelo paulista Abílio Cesarino, dono de uma fábrica de malas de couro e carteiras. Antes desse modelo, as urnas eram caixas de madeira. Às eleições de 1955, a aliança PSD-PTB lançou como candidatos a Presidente e Vice-Presidente, respectivamente, o ex-governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, e o ex-Ministro do Trabalho de Getúlio, João Goulart, sendo os outros candidatos o General Juarez Távora, pela UDN, Ademar de Barros, pelo PSP, e Plínio Salgado, pelo PRP.
Fonte: http://www.guiadoscuriosos.com.br/lista.asp?id_cur=6965&id_cur_sub=6965
http://www.senado.gov.br/web/historia/Rep15.htm
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2001/04/27/aberto002.html
http://www.usp.br/revistausp/n3/fnewtontexto.html
acesso em maio de 2002
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