Fármacos

Xarope Melagrião

Há 85 anos no mercado e comercializado há 58 anos pelo Laboratório Catarinense, o tradicional xarope Melagrião é o carro-chefe da empresa e responde por cerca de 20% das vendas. Foi o primeiro produto fitoterápico no País a submeter-se a testes de eficácia junto à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e hoje é comercializado também na forma de spray e pastilhas, segundo Adriano Bornschein Silva, diretor-comercial do Laboratório Catarinense. Desde o início da comercialização do Melagrião, o Laboratório Catarinense não parou mais de crescer. Atualmente, vende cerca de 70 marcas. Desse número, 70% são fitoterápicos. Já registrou quatro patentes de plantas brasileiras e prevê o próximo registro no mês que vem, “que deverá revolucionar o mercado de fitoterápicos no País e no mundo”, diz Silva.

Segundo pesquisa do Programa de Estudos do Futuro (Profuturo–Fia), o mercado de fitoterápicos é formado hoje por cerca de 200 laboratórios fabricantes no País. Movimenta US$ 400 milhões, que representam 6,7% das vendas de medicamentos no Brasil. Em 2010, a perspectiva é gerar receita de US$ 1 bilhão por ano. O Laboratório Catarinense investe cerca de 10% em pesquisa e desenvolvimento no País. O diretor-comercial conta que um dos grandes acertos da empresa foi ter iniciado parcerias com instituições de pesquisa como Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade de São Paulo (USP). “Um dos destaques foi o desenvolvimento inédito do medicamento Catuama, patenteado no Brasil e também nos Estados Unidos”, diz Silva. Segundo ele, o remédio tem forte ação vasodilatadora, e é um importante recurso na prevenção e tratamento de doenças circulatórias, como arritmias, hipertensão, arteriosclerose, problemas de memória e depressão. O Laboratório Catarinense tem cerca de 230 funcionários. Para este ano, prevê um faturamento de R$ 30 milhões, R$ 2 milhões a mais que em 2002. A empresa exporta para a América Latina e há quatro anos começou a participar de feiras na Europa.

Silva conta que os produtos fitoterápicos passam por um rigoroso controle de qualidade, desde o cultivo até o processo final de industrialização. O Laboratório tem parcerias com instituições como Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), que cultivam as plantas medicinais com adubo orgânico, dispensando agrotóxicos em regiões localizadas no Paraná, Santa Catarina e também na Amazônia. Após a colheita, a planta é encaminhada à empresa que extrai o princípio ativo utilizando equipamentos desenvolvidos por ela própria. Após diversos processos de análise de concentração, os medicamentos são produzidos e então comercializados no mercado.

“Todos os fitoterápicos são registrados no Ministério da Saúde, e a Agência de Vigilância Sanitária está ainda definido as regras de controle de qualidade. A grande dificuldade dos laboratórios está em comprovar a eficácia das plantas brasileiras. Para isso, realizamos testes clínicos e pré-clínicos das plantas brasileiras para comprovar sua eficácia junto às universidades no País”, diz Silva. A empresa nasceu em 1945 quando uma lei federal passou a proibir a produção de medicamentos em estabelecimentos comerciais. Na época, o fundador Alberto Bornschein tinha uma rede de farmácias denominada Drogaria Catarinense, formada hoje por 70 lojas. Diante disso, Bornschein enxergou uma oportunidade de negócios e adquiriram diversas empresas entre eles os laboratórios Fernando Boettger, de Brusque, Santa Catarina, responsável por criar o Agriomel, em 1918, que mais tarde denominou-se Melagrião. O xarope é composto de agrião, guaco, acônito, bálsamo de tolú, ipecuanha e polígala.

Fonte: PANORAMA BRASIL DATA: 17/07/03 ON-LINE “Xarope octogenário é destaque de vendas”