Uma nova droga contra a doença de Alzheimer está sendo testada por pesquisadores dos departamentos de Bioquímica Médica e de Anatomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sob coordenação do bioquímico Sérgio Teixeira Ferreira. O medicamento, desenvolvido nos últimos três anos, utiliza dois compostos orgânicos aromáticos que impedem a destruição dos neurônios que caracteriza o distúrbio. O estudo será publicado na edição de março da revista Faseb Journal, da Federação da Sociedade de Biologia Experimental dos Estados Unidos.
A doença de Alzheimer não tem um tratamento específico eficaz. Os remédios existentes atualmente não tratam as causas, pois a maioria é desconhecida; eles apenas tentam retardar os sintomas sem muito êxito. Um dos principais causadores da doença é o peptídeo beta-amilóide, produzido a partir da proteína precursora amilóide, que é encontrada em todas as células do corpo humano. “Quando ocorre a quebra dessa proteína na membrana dos neurônios, ela se acumula no cérebro e forma placas senis (agregados de proteínas) que destroem os neurônios”, explica Ferreira.
O objetivo da equipe é produzir uma droga capaz de impedir a agregação dessas proteínas. Já foi possível impedir esse processo a partir do uso de dois compostos cujos nomes só serão revelados quando o artigo for publicado. “Essas duas substâncias funcionam em culturas de células neuronais e em animais vivos como ratos”, diz Ferreira. Segundo ele, muitos estudos ainda precisam ser realizados até que a droga seja aplicada em humanos. “Os resultados iniciais são positivos, mas temos que testar em outros animais com maior grau de parentesco com o homem, de preferência o macaco.” A equipe pretende ainda identificar novos compostos eficazes contra a doença de Alzheimer.
A droga funcionará como remédio que poderá ser aplicado por via intravenosa ou oral. Embora haja boas expectativas em relação à eficácia da droga, Ferreira alerta que ela só poderá combater a doença em sua fase inicial. “Na prática, o tratamento só terá êxito se a doença for detectada precocemente, pois a morte de um neurônio ainda é irreversível.”
A doença de Alzheimer é um processo degenerativo que atinge, principalmente, pessoas entre 60 e 70 anos. A doença, que age progressivamente no organismo, provoca a perda das funções cerebrais e da memória, desorientação visual-espacial, alterações no comportamento, comprometimento das funções motoras e demência. “Com o avanço da doença, o paciente fica incapacitado, pois perde os reflexos mais básicos e tem uma média de sobrevida de oito anos”, explica Sérgio Teixeira Ferreira, coordenador da pesquisa que está desenvolvendo uma nova droga para combater o distúrbio.
Atualmente, a doença de Alzheimer é estudada por cientistas no mundo todo. Nos Estados Unidos, pesquisadores financiados por uma indústria farmacêutica estão desenvolvendo uma vacina capaz de fazer o sistema imunológico reagir à ação do peptídeo beta-amilóide. Trata-se de um método preventivo da doença. Já para os casos mais avançados, a esperança está no desenvolvimento do estudo das células-tronco (células não diferenciadas que podem se transformar em células específicas) para a produção e reposição de neurônios.
Fonte: http://www.uol.com.br/cienciahoje/chdia/n315.htm
http://www.bioqmed.ufrj.br/biochemistry/lpbc/sergioport.htm
acesso em fevereiro de 2002