Fármacos

Droga contra Asma

Uma droga desenvolvida a partir do veneno de um peixe chamado niquim, também conhecido como peixe-sapo (encontrado nas regiões Norte e Nordeste do país) é a nova descoberta do Instituto Butantan no combate à asma. E com a vantagem de não apresentar os mesmos efeitos colaterais dos corticoides, medicamentos mais usados hoje contra a doença. As informações são da Agência Brasil. “Hoje, o principal medicamento utilizado para a asma são os corticoides, que são muito bons, mas que não podem ser usados continuamente por causa dos efeitos colaterais. A vantagem do nosso é que é um produto natural, fácil de ser feito, brasileiro, e sem os efeitos colaterais”, disse Monica Lopes Ferreira, uma das responsáveis pela pesquisa. Há 14 anos Monica pesquisa o veneno de peixes no Butantan em São Paulo. Há quatro anos, dedica-se especialmente a analisar a composição do veneno do niquim e sua atuação em camundongos, descobriu a presença de um pequeno componente, chamado peptídeo, que tem função antiinflamatória.

Monica Valdyrce dos Anjos Lopes Ferreira possui Doutorado em Imunologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas – Departamento de Imunologia, Universidade de São Paulo. Pós-doutorado realizado no Instituto Butantan na área de Bioquímica e Farmacologia. Atualmente é Pesquisadora Científica Nível VI do Laboratório Especial de Toxinologia Aplicada (LETA) do Instituto Butantan. Trabalhando na Caracterização Toxinológica de Venenos e Toxinas Animais, principalmente de Peixes. Com ênfase nas seguintes áreas: imunologia, farmacologia e bioquímica. 

O pedido de patente PI0602885 refere-se a OLIGOPEPTÍDEOS CÍCLICOS INIBIDORES DE SERINO E TREONINO-PROTEASE O presente pedido de patente refere-se aos oligopeptídeos cíclicos sintéticos Tnpl, Tnp2, Tnp3, Tnp4 e Thp5 capazes de inibir serino e treonino-proteases tendo, portanto, importate papel no tratamento e/ou prevenção de doenças inflamatórias, doenças do aparelho respiratório, doenças parasitárias e doenças do sistema imunológico, podendo serem empregados em composições farmacêuticas e medicamentos para o uso na clínica médica e também na clínica veterinária. 

“Ele pode não só prevenir a asma, como tirar o paciente da crise. Isso já está sob patente no Brasil e em outros oito países”, afirmou. “A asma é uma doença inflamatória, controlada geneticamente e que recebe muita influência ambiental. Então, a poluição exacerba a inflamação asmática”, explicou Carla Lima, doutora pela USP na área de imunologia. Segundo ela, o número de pessoas que sofrem com asma vem crescendo muito nos últimos 20 anos no país, principalmente por causa de fatores como a poluição. “No Brasil, há cerca de 15 milhões de pessoas sofrendo com asma, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.”

A pesquisa sobre a nova droga aguarda agora a fase de testes clínicos -que serão realizados pela indústria farmacêutica- para poder finalmente chegar ao mercado. “A parte científica, que envolvia todas as descobertas e o mecanismo de ação, já foi feita no Instituto Butantan. A segunda parte é uma parceria com o laboratório Cristália, que fará os testes clínicos e irá agora [analisar] de que maneira ela [a droga] será utilizada-se será comprimido ou aerosol. Só depois dessa etapa é que ela poderá ser comercializada”, afirmou Monica. De acordo com a pesquisadora, a droga poderá ser lançada no mercado em prazo de três anos se houver grande investimento por parte do laboratório.

Os peixes da família Batrachoididae causam um grande número de acidentes em pescadores das regiões Norte e Nordeste do Brasil. O gênero Thalassophryne apresenta várias espécies no Brasil e a espécie Thalassophryne nattereri é a mais comum, todas apresentando veneno. O veneno é inoculado por duas espículas ocas na nadadeira dorsal e duas nas regiões pré-operculares, ligadas a uma glândula de veneno na base. Os envenenamentos causaram dor intensa, edema e eritema iniciais em 43 pescadores observados em Salinópolis (Pará) e Aracaju (Sergipe). Em todos os casos, não ocorreram fenômenos sistêmicos dignos de nota, mas ocorreu necrose local em oito pacientes e infecção bacteriana em dez. As circunstâncias dos acidentes são comentadas, assim como aspectos terapêuticos. Conclusão foi que o envenenamento por Thalassophryne é importante e freqüente e deve ser considerado de média gravidade, em função de não haverem fenômenos sistêmicos, como observado nos acidentes por peixes-escorpião (Scorpaena) ou arraias marinhas e fluviais.

Fonte: http://www.guiadapesca.com.br/geral/noticias/butantan-usa-veneno-do-peixe-sapo-para-combater-asma/ 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv. jsp?id=K4723546T0 
acesso em outubro de 2010