Presente invenção de um aparelho para extração de amêndoas do interior de frutos de casca dura com simetria em relação a um eixo de rotação, constituído por: um elemento cooperante, tracionado por mecanismo que imprime movimento de rotação ao mesmo através de meios de acionamento, possuindo extremidade de formato apropriado para envolver e prender o fruto; um elemento de escarificação, perpendicular ao eixo de simetria do fruto preso na extremidade e, opcionalmente, um elemento cooperante de giro livre com ponta em forma pontiaguda para envolver e prender o fruto e opcionalmente ser deslocado ao longo do eixo de rotação do fruto. Permite a extração de amêndoas intactas de dentro do fruto, por escarificação da casca externa, de forma rápida e segura para o operador, para uso em campo ou agroindústrias de beneficiamento, viabilizando o comércio deste segmento produtivo e das culturas ainda baseadas no extrativismo.
A árvore da castanha-de-cotia (Couepia edulis Prance) tem porte mediano, atingindo até 25 m de altura por 50 cm de Diâmetro à Altura do Peito, tronco raramente reto, com pequenas Sapopemba basais; a casca é parda e áspera; a copa é aberta com 12 a 15 m de diâmetro. As folhas são alternadas e simples; a lâmina ovalado-elíptica, de 7 a 17 cm de comprimento e 4 a 12 cm de largura, o ápice arredondado e acumiado. A inflorescência é uma panícula curta e muito ramificada, com 5 a 10 cm de comprimento, com umas vinte pequenas flores assimétricas e bissexuais. O fruto é uma drupa, ovoide alongada, de cor parda escura, formada de uma casca espessa, lisa, dura (que protege a amêndoa contra agentes da destruição e oxidação), mas esponjosa, que encerra uma castanha com testa escura quase preta, envolvendo a amêndoa de cor branca. O peso médio de uma fruta é, aproximadamente, 82g e o peso médio de uma amêndoa é 15,5g (19% do fruto). As dimensões médias do fruto são 9 a 10 cm de comprimento por 5,5 a 6cm de diâmetro.
Floresce e frutifica entre fevereiro e março, e os frutos novos necessitam de um ano para amadurecer. Nos arredores de Manaus, essa espécie floresce entre fevereiro e novembro, e frutifica entre fevereiro e agosto. As amêndoas dessa espécie são consumidas in natura, assadas, misturadas ou preparadas com farinha de mandioca. Tem sabor similar ao da castanha-do-pará, ainda que a textura seja um pouco mais branda. A composição da amêndoa é: óleo (74,06%), água (3,61%), proteína (16,58%) e azoto (2,67%). O óleo extraído das amêndoas é claro, inodoro, utilizado para cozinhar. Pelo índice de iodo, o óleo de castanha-de-cotia é classificado como secativo. Os óleos secativos são usados largamente na indústria de tintas, vernizes, lacas, linóleos substitutos de couro impermeáveis, e em todos os ramos de impressão e indústrias semelhantes. Os frutos maduros caem no solo e devem ser coletados imediatamente, pois são muito apreciados por roedores. Os frutos podem ser armazenados por um curto período de tempo em um lugar seco e ventilado.
A castanha-de-cotia cresce bem em sistema de monocultura e, até o momento, não se tem notícias de pragas e doenças. Em solos férteis, uma árvore adulta chega a produzir mais de 2400 frutos, equivalente a 200 Kg (FAO, 1987), com 38 Kg de amêndoas ou 28 Kg de óleo. Em um plantio com 100 árvores/ha, pode produzir o equivalente a 20t/ha/ano de furtos (3,8t de amêndoas ou 2,8t de óleo), sendo importante destacar que um bom ano de produção é geralmente seguido por um pobre, já que a árvore utiliza a maioria de suas reservas acumuladas e leva mais de um ano para recuperá-las. Atualmente a extração da amêndoa de dentro do fruto é feita pela associação de impacto e corte utilizando-se uma marreta e um terçado, em uma atividade basicamente extrativista. Apesar do alto potencial de comercialização desta espécie nativa da Amazônia, sua inserção no mercado é insignificante e uma das razões é a falta de tecnologia de beneficiamento. A casca do fruto da Castanha-de-Cotia apresenta comportamento visco elástico, não significativamente influenciado pela imersão em água por 24h nem por aquecimento a 105°C durante 8h. Após os dois tratamentos casca se mostrou hidrofóbica. Adicionalmente à viscoelasticidade da casca, a pequena irregularidade da superfície do fruto (menores que 1,3mm) indica que a técnica de escarificação é uma forte candidata para esta fase do beneficiamento. As medidas mostraram que frutos maiores tendem a ter castanhas proporcionalmente 21% maiores, que ocupam (35±5) da seção transversal. Por outro lado frutos maiores tendem a ter superfícies mais irregulares e os menores uma alta dispersão na esfericidade.
Fonte:
http://www.ufpel.tche.br/sbfruti/anais_xvii_cbf/tecnologia_de_alimentos/694.htm
http://www.agrolink.com.br/noticias/pg_detalhe_noticia.asp?Cod=29296
Acesso em outubro de 2005