Medicina

Fixador Externo Torcional

O grupo do professor José Volpon desenvolveu um equipamento (fixador externo torcional) capaz de tratar uma doença ortopédica que altera a rotação dos membros inferiores, fazendo com que os pés fiquem voltados para dentro ou para fora, e que incapacita principalmente crianças com sequelas neurológicas. Esta doença atinge grande número de pacientes, que em geral evolui para a correção do problema, mas preocupa os ortopedistas os cerca de 6% dos casos nos quais persiste. A nova terapia e o aparelho desenvolvido se firmaram como alternativa à cirurgia de risco praticada até então. O novo tratamento é praticamente indolor, permite o crescimento do osso e não impede o paciente de caminhar. O equipamento já recebeu menção honrosa no Concurso Nacional do Invento Brasileiro de 1998 e foi homenageado pelo governador Mário Covas em 1999.

 

O Fixador Externo Torcional, como está sendo chamado, foi concebido depois de anos de testes em laboratórios brasileiros, americanos e europeus. Para os ensaios, foram utilizados animais de laboratório e cadáver humano, além de equipamentos extremamente sofisticados. Volpon afirma que precisavam de garantias quanto à flexibilidade do osso, entre outras, para que o procedimento fosse executado com toda a segurança no ser humano. O médico afirma que a invenção garante sucesso no tratamento da “Deformidade Rotacional”, deixando pequena cicatriz, sendo praticamente indolor e permitindo o crescimento do osso e a deambulação durante todo o processo. O aparelho é acoplado na parte externa da perna, através de pinos que são fixados no osso a ser tratado. Com o fixador, esforços torcionais gradativos são aplicados em função do desvio a ser corrigido. 0 aparelho se adapta ao novo eixo do osso. Novos testes, adaptando e incrementando o aparelho, continuam sendo alvo das pesquisas da equipe. Até o momento, o tratamento vem sendo realizado com sucesso em crianças com idade entre 6 e 10 anos de idade.

“Esse aparelho é indicado para várias patologias (traumas, infecções, doenças metabólicas e congênitas) em que a criança tem dificuldade de caminhar ou possui afecções dolorosas no quadril”, explica o professor José Volpon, do Departamento de Cirurgia, Ortopedia e Traumatologia e pesquisador do laboratório de Bioengenharia da FMRP” . O artrodistrator vai substituir tratamentos convencionais que incluem grandes cirurgias, principalmente na cabeça do fêmur, o maior osso da perna. Uma dessas afecções mais frequentes e com alto poder lesivo é a doença de Legg-Calvé-Perthes. Com a utilização do aparelho em crianças doentes, os pesquisadores conseguiram diminuir os problemas causados por essa doença. Para a instalação do aparelho é preciso uma pequena cirurgia para fixação dos pinos nos ossos através da pele. O artrodistrator afasta o osso da cabeça do fêmur da região do quadril onde está articulado. Essa estratégia deixa a área lesada protegida e propicia a aceleração do processo de revascularização do local doente, acelerando também a regeneração dos ossos. Os pacientes usam o artrodistrator por períodos de 3 a 4 meses. Com isso, eles podem caminhar sem a necessidade de ficar confinados a uma cama. O artrodistrator de quadril da FMRP está em fase de patenteamento. O projeto do “Fixador Externo Torcional” foi desenvolvido no Laboratório de Bioengenharia da FMRP, resultado do encontro das ciências exatas e biológicas. O invento é creditado ao professor Volpon, médico ortopedista, e ao engenheiro biomédico, Carlos Alberto Moro. A confecção das peças ficou a cargo dos profissionais da Oficina Mecânica de Precisão da PCARP.

 

Fonte: http://www.usp.br/agen/bols/2000/rede668.htm

http://www.fapesp.br/linha52.htm

http://www.pcarp.usp.br/acsi/anterior/705/mat5.htm

http://www.eesc.sc.usp.br/bioeng/trabalhos/volpon.html (cache Google)

http://www.pcarp.usp.br/acsi/anterior/648/matprinc.htm

Acesso em março de 2003