A água-de-coco invadiu o País. Consumida, antes, basicamente em cidades praianas, principalmente do Nordeste, onde coqueirais são a marca registrada da paisagem, a água-de-coco ganhou mercado e pode, hoje, ser encontrada facilmente em inúmeras regiões do Brasil, até no interior. Muito longe dos locais onde a fruta foi colhida. Antes, os coqueirais nordestinos abasteciam, basicamente, a indústria. A polpa do fruto maduro era processada e transformada em coco ralado, leite de coco e leite de coco condensado. A globalização, porém, atingiu o setor e a indústria passou a comprar a fruta da Ásia e da África, por preços mais competitivos, a partir de 1990. O jeito, para os produtores nacionais, foi tentar encaixar a fruta verde, in natura, em grandes centros consumidores. A estratégia deu certo e hoje barraquinhas que vendem água-de-coco espalharam-se pelas grandes cidades.
Com o crescimento da demanda, porém, a indústria também quis ganhar o seu quinhão. Antes interessada apenas na polpa da fruta madura, começou a voltar-se para a industrialização da água-de-coco, embalando-a em garrafas. Isso significaria economia no frete – transportar garrafinhas plásticas renderia mais do que o fruto verde in natura, com casca, polpa e tudo. “Além disso, ninguém vai para o mercado comprar 20 cocos verdes”, diz o agricultor João Jaime Gomes Marinho de Andrade, que tem 15 mil pés de coqueiro-anão no município de Acaraú (CE). “É mais fácil levar para casa uma caixa com 20 garrafinhas de água-de-coco, sem ter o trabalho, depois, de se livrar da casca”, defende. Com o crescimento do mercado, começaram a surgir idéias para aumentar o rendimento na extração da água e garantir total higiene no processo. Empresários e pesquisadores uniram-se para idealizar uma máquina quebra-coco.
O Centro Nacional de Pesquisa da Agroindústria Tropical, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (CNPAT-Embrapa), no Ceará, aliou-se ao Sindicato dos Produtores de Frutas do Estado (Sindifrutas) para projetar a máquina. Após quase dois anos de estudos, o primeiro protótipo surgiu. Ele supria a vazão de 200 a 300 litros de água-de-coco por hora, equivalentes a 800 a mil frutos. A quebra manual rende mil cocos por dia, por pessoa. Depois de uma série de correções, um novo protótipo foi construído, com produtividade de 2,6 mil cocos por hora. “A principal vantagem é que o líquido não entra em contato com o meio ambiente”, explica o engenheiro de Alimentos da Embrapa, Fernando Abreu. “A água-de-coco envasada manualmente apresenta problemas”, continua. “O produto oxida, fermenta e tem seu sabor alterado.” O equipamento desenvolvido pela Embrapa vai ser apresentado na Frutal 98 – V Semana Nacional de Fruticultura e Agroindústria, de 2 a 5 de setembro, em Fortaleza. A máquina quebra-coco já tem patente requerida e, por enquanto, apenas uma metalúrgica, que participou dos testes, está autorizada a fabricá-la. A pesquisa iniciada em 1997, já resultou na venda de seis máquinas e ganhou o primeiro lugar na área de processamento de alimentos na exposição RuralTech em Londrina em abril de 2000. A máquina é produzida pela Cemag S/A de Fortaleza. Cada unidade custa R$ 11 mil, sendo que 30% deste valor são de royalties destinados à Embrapa. Esse retorno propiciou a elaboração de novas pesquisas do grupo de Fernando Abreu, agora na área de técnicas de conservação da água após a extração.
A patente PI 9802950 refere-se extrator de água de cocos verdes, uma máquina projetada para extrair água de cocos verdes em escala industrial, com capacidade para produzir aproximadamente 700 à 800 litros de água de coco verde por hora, constituída por um conjunto de mecanismos confeccionados em aço carbono e aço inoxidável, apresentando-se de forma robusta. Nesta máquina, estão compreendidos em seus componentes: um chassi, composto por cantoneiras de aço carbono de 50 mm de largura; uma calha de alimentação, afixada na extremidade anterior; uma carcaça protetora e condutora da água; uma lâmina de corte; um rotor condutor, para colher e conduzir o coco para o corte; uma calha de descarga das cascas de coco, na extremidade posterior; um mini-tanque com um sistema de peneiras, um motor elétrico e um redutor de rotação.
O manuseio do equipamento é muito simples, bastando apenas duas pessoas para operá-la, onde uma ficará abastecendo a máquina com os frutos, colocando-os na calha alimentadora, enquanto a outra ficará apenas trocando e limpando as peneiras para manter um bom fluxo de escoamento da água para o mini-tanque, bem como providenciando a retirada das cascas descarregadas pela calha de descarga. Seu funcionamento, consiste na coleta do coco pelo rotor condutor, o qual fica posicionado ao final da calha alimentadora, conduzindo-o e forçando-o contra a lâmina de corte, proporcionando assim, seu corte ao meio e extraindo a água do referido coco. Como este funcionamento é contínuo, o fluxo de água extraída também é contínuo, possibilitando assim, uma grande incidência de água no sistema de peneiras, até chegar ao mini-tanque. Já as cascas dos frutos, partidas em bandas, são descarregadas pela calha de descargas. Este extrator de água de cocos verdes funciona com tração de um motor elétrico passando por um redutor de rotação, que proporciona mais força ao sistema de corte de frutos.
Fonte: http://www.estado.estadao.com.br/jornal/suplem/agri/98/07/22/agri006.html
acesso em março de 2003
Revista Pesquisa Fapesp n. 53, maio de 2000 seção “Linha de Produção”
http://www.cemag.com.br/1_extrator.htm
acesso em março de 2005
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